quinta-feira, 4 de abril de 2024

Debandada na Ufac: 57,14% dos acreanos médicos permanecem no Acre

           

Ficam apenas 11,76% de formados oriundos de outros Estados


A Universidade Federal do Acre (Ufac) produziu um "Relatório sobre a implementação de bônus do argumento de inclusão regional para promover o acesso de candidatos aos cursos de graduação da Ufac". O bônus regional foi estabelecido pela instituição para promover o acesso de candidatos aos cursos de graduação. O relatório que analisa o período de 2015 a 2022.

O documento da Ufac é enfático:

⏤ Podemos confirmar que, do total de formandos que ingressaram em 2015 (65), apenas 14, atualmente, tem seu registro regular no CRM do estado Acre, sendo 8 estudantes acreanos e 6 dos demais estados, ou seja, do total de ingressantes do estado do Acre que ingressaram no ano de 2015 (14 formandos), 57,14% se mantiveram no Acre, enquanto do total de formandos ingressantes de outros estados naquele ano (51 formandos), apenas 11,76% permanecem no Acre.

São informações relevantes no momento em que a decisão de um desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região acaba com a bonificação regional de 15% concedida pela Universidade Federal do Acre (Ufac) a candidatos a vagas que tenham cursado integralmente o ensino médio regular e presencial em instituições públicas ou privadas do Estado do Acre.

O magistrado determinou que a Ufac reelabore as listas de classificação sem o benefício. Neste caso, a tendência é que os candidatos que usaram bônus para o curso de Medicina, por exemplo, sejam todos retirados de sala, pois é o mais cobiçado e concorrido da instituição.

De acordo como relatório da Ufac, do total de 157 egressos do curso de Medicina da Ufac, apenas 37 mantêm seus registros profissionais no estado do Acre, o que corresponde a insignificantes 23,57% do total de médicos formados pela Universidade Federal do Acre.

O documento destaca, relacionando o quantitativo de estudantes concluintes do curso de medicina da Ufac com sua naturalidade, que 55,88% dos estudantes do estado do Acre efetuaram e mantém seus registros no estado, em contrapartida, apenas 14,63% dos concluintes permanecem com
seus registros profissionais no Acre.

Outros 69,92%, de forma imediata, realizaram seus registros em outro estado, enquanto apenas 14,71% dos estudantes do Acre têm atualmente registro profissional em outro estado, o que pode-se supor, que estão atuando como médicos, enquanto fazem sua especialização fora do estado.

Esses dados, por si só, segundo a Ufac, corroboram a importância de desenvolvimento de políticas que fortaleçam o ingresso e a permanência de estudantes de instituições de ensino abrangidas pelo bônus regional no curso de Medicina da Ufac, caso o objetivo seja fortalecer o corpo de profissionais nessa área no estado do Acre.

⏤ Infelizmente, tendo em vista que o Bônus Regional se iniciou no ano de 2019, ainda não temos egressos oriundos dessa política (primeira turma formará em 2024). No entanto, podemos aplicar os percentuais identificados das turmas de ingressantes de 2015 e 2016 para projetarmos valores que a Universidade alcançará com a política de permanência de seus egressos no estado do Acre. Se imaginarmos que todos os ingressantes em 2019 concluam o curso, teremos 117 estudantes concluintes, a partir da primeira turma ingressaste na vigência do Bônus Regional (49 estudantes de instituições de ensino abrangidas pelo bônus regional e 68 de demais estados).

Bônus regional

Um movimento que começou a se formar na rede social Instagram após o repórter Raimari Cardoso, do AC 24 Horas, noticiar em primeira mão a decisão da Justiça Federal, um texto esclarece:

"O bônus regional no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) desempenha um papel crucial na promoção da equidade e inclusão no acesso ao ensino superior no Brasil. Essa política de bonificação busca compensar desigualdades socioeconômicas e educacionais regionais, proporcionando oportunidades mais justas para estudantes de diferentes partes do país.

Um dos principais objetivos do bônus regional é reconhecer as disparidades existentes entre regiões, levando em consideração fatores como qualidade do ensino, infraestrutura educacional, condições socioeconômicas e culturais. Ao adotar essa abordagem, o ENEM busca não apenas avaliar o conhecimento dos estudantes, mas também considerar as dificuldades enfrentadas por aqueles que vivem em regiões menos favorecidas.

Ao conceder bônus aos candidatos de determinadas regiões, o ENEM incentiva a diversidade geográfica nas instituições de ensino superior, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e representativa. Essa medida busca romper com o ciclo de desigualdade que muitas vezes afeta o acesso à educação de qualidade em diferentes partes do Brasil.

Além disso, o bônus regional no ENEM contribui para estimular o desenvolvimento educacional em áreas menos privilegiadas, uma vez que as instituições de ensino dessas regiões podem ser mais bem classificadas e, consequentemente, receber mais recursos e investimentos. Isso cria um ciclo positivo, fortalecendo o sistema educacional em todo o país."

Clique aqui para ler o relatório completo da Ufac.

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