quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Marina e seu Pedro



14 de abril de 2003. Marina Silva havia assumido o Ministério do Meio Ambiente, retornava ao Acre após três meses ausente e foi recebida como uma lenda viva da Amazônia. Eu era repórter do Página 20. Naquele dia, a então ministra participou de quatro solenidades. Quando fez pausa para almoçar com empresários e o então governador Jorge Viana, no Palácio Rio Branco, não se conteve ao saber que o evento era bastante concorrido:


- Sou do tempo em que, quando a gente convidava os empresários para uma reunião, os únicos que apareciam eram o Abrahim Farhat e o Badate - disse, se referindo a dois comerciantes fundadores do PT no Acre.

Na correria para cumprir uma extensa agenda de compromissos, dentro de um carro, no percurso da Casa dos Povos da Floresta ao Palácio Rio Branco, entrevistei Marina. Abaixo, apenas o começo da entrevista:

Há quantos dias a senhora está ausente do seringal Bagaço, o local onde nasceu?

Quem costuma fazer essas contas é o senhor Pedro Silva, meu pai. Outro dia ele me apresentou a conta de quantos anos, meses, semanas, dias, minutos e até segundos que fiquei no Senado no primeiro mandato.

É mesmo?

Sim, é verdade. Ele, por exemplo, já fez essa conta parcial em relação à minha presença no Ministério do Meio Ambiente.





Durante uma solenidade, a senhora fez uma pausa para lembrar que falava sob o olhar rigoroso do seu pai.
 

 Ele é uma boa antena. Acompanha tudo pela televisão e quando tem dúvida telefona para mim para obter explicações, para saber se estou decidindo corretamente.

A senhora sempre deixa bem evidente que seu pai é uma pessoa marcante na sua personalidade.
 

Ele é forte, marcante e fraterno. Devo meus valores morais a Deus e, em segundo lugar, ao meu pai. Tudo o que sou em termos de ética, moral e compromisso devo ao meu pai.

Está evidente que apenas o seu Pedro deve saber há quanto tempo a senhora está ausente do seringal Bagaço. Mas há três meses a senhora está ausente do Acre. O que mudou nesse período?
 

Só fiquei tanto tempo assim ausente do Acre quando estive doente. Agora estou diante de uma responsabilidade muito grande. É claro que o mandato já era um mandato que se relacionava com o país inteiro, mas dentro do Congresso. No Executivo é bem diferente, porque é necessário dar respostas muito concretas. Assumi o ministério e fui batizada literalmente com fogo: a discussão sobre transgênicos, o incêndio de Roraima e o desmoronamento em Cataguases. Graças a Deus, somos nós que estamos tomando a iniciativa de resolver o problema do mogno apreendido. No ministério, a gente trabalha com uma agenda negativa para a qual é preciso respostas, mas também estamos trabalhando uma agenda positiva, que ninguém vê muito. Eu não gosto de fazer pirotecnia. Gosto de trabalhar coisas consistentes, para anunciá-las depois.

As imagens são algumas das dezenas que fiz de Marina com Pedro Augusto, 87 anos, que está com a filha em São Paulo.


Circulam muitas mentiras sobre os familiares humildes da presidenciável. A última que li numa rede social: existe gente que não vai votar em Marina porque cansou de ver o pai dela catando latinhas de alumínio nas ruas de Rio Branco.

- O pessoal quando não tem o que falar, inventa - é como costuma reagir o pai de Marina.

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