sábado, 7 de junho de 2014

Jovem haitiano obtém visto francês e conta que pensou em se matar no Acre

"Há sete meses atrás eu pensei até em me matar. Fiquei com raiva, pensei em fugir, fazer besteira"

O adolescente haitiano Jalens Volf August, que completou 16 anos na quarta-feira (4), obteve da Embaixada da França autorização para entrar na Martinica e reencontrar mãe e irmã que vivem na ilha francesa.

No Acre há um ano e dois meses, August foi apreendido pela Polícia Federal no aeroporto de Rio Branco ao tentar embarcar para Macapá (AP) sem documentos e desacompanhado de seus responsáveis legais.

- Há sete meses atrás eu pensei até em me matar. Fiquei com raiva, pensei em fugir, fazer besteira. Mas depois de tudo o que aconteceu, agora é uma grande experiência para mim. Acho que aprendi muito aqui no Brasil. Tudo o que aprendi no Brasil me fez crescer e eu deixei minha idade para trás – relatou August.

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O drama do jovem, que foi abafado pelas autoridades dos governos federal e estadual durante mais de um ano, se tornou do conhecimento da opinião pública a partir de reportagem do Blog da Amazônia, seguida de entrevista com Mirtes Lima, ex-coordenador da Divisão de Apoio e Atendimento aos Imigrantes e Refugiados da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre.

Após a repercussão do caso, o senador Jorge Viana (PT-AC) sensibilizou o embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, a conceder o visto. O senador e o irmão dele, o governador do Acre Tião Viana (PT), entregaram ao jovem haitiano o passaporte durante solenidade neste sábado (7), na Chácara Aliança, em Rio Branco, onde funciona o oitavo abrigo improvisado para os imigrantes haitianos, dominicanos e senegaleses.

August relatou que aprendeu a falar português com as crianças de um abrigo no município de Epitaciolândia (AC), na fronteira com a Bolívia.

- Encontrei muito amor aqui. Vou para a Martinica, mas eu vou voltar. Quero fazer faculdade no Brasil, quero ser diplomata para ajudar meu país, porque a minha geração precisa ajudar o meu país. Minha geração é a geração da verdade, da esperança. Agradeço a todos vocês. Vejo o meu passaporte, mas nem acredito.

O  secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, disse que o próximo passo será providenciar passagens aéreas para que August possa viajar com um acompanhante. Até a Martinica, o roteiro de viagem inclui passagem por Belém (PA) e Cayena, na Guiana Francesa.

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