quarta-feira, 23 de abril de 2014

No Acre, a política do avestruz

POR MÁRCIO BITTAR

Uma das piores reações possíveis diante dos grandes problemas da sociedade é fingir que eles não existem. É isso o que ocorre quando se trata da escalada de criminalidade e da violência em nosso Acre.

Denomino o fingimento de política do avestruz: diante da gravidade, verdadeira crise, do aumento da violência, as autoridades enfiam a cabeça no chão e não tomam providências para superar as mazelas, nem mesmo para minimizá-las.

Causa-me espanto quando vejo autoridades dando as costas aos terríveis efeitos da violência urbana para as famílias acreanas. Quantos inocentes já perderam a vida? Quantas famílias perderam seus filhos para a bandidagem? Quantos jogaram fora a própria vida no tráfico de entorpecentes ou no vício? É preciso ter atitudes e autoridade para enfrentar o problema. A impressão é de que o governo entregou o jogo para os marginais no Acre. Perdeu por WO.

O governo dos petistas é irresponsável e leniente com a segurança pública. Recentemente, visitei órgãos da Polícia Militar e pude constatar o abandono imposto pelos mandatários aos bravos policiais; o quartel do Bope está em frangalhos, há goteiras por todos os lados, mofo e depredações. A situação é de insalubridade. No interior do Estado é comum ver viaturas paradas por falta de combustível. A politicagem imposta pelo PT tomou conta das polícias e inibiu as soluções técnicas, além de destruir o planejamento das ações de combate ao crime.

Em semanas anteriores também ouvi, por um longo tempo, os agentes penitenciários. A situação dos presídios, descrita por eles, é assustadora. A impressão é de que o Acre abriga uma enorme bomba que poderá explodir a qualquer momento. Mesmo assim, o governo, no poder há quase 16 anos, não toma nenhuma providência, nada faz, apenas finge que é exagero dos agentes penitenciários. Programei uma visita aos presídios para ver de perto a situação.

De janeiro a 25 de março deste ano foram assassinadas 55 pessoas em nosso estado, se a escalada da violência continuar nesta toada serão acumulados ao final do ano 220 homicídios. Entre 2011 e 2012, segundo dados do Ministério da Justiça, houve um aumento de 24,2% no número de assassinatos; 137 pessoas foram mortas com violência em 2011 e 173 em  2012.

É preciso dar um basta na violência ascendente em nosso estado. É prioridade investir, valorizar e fortalecer as polícias Civil e Militar, resgatar as diversas modalidades de planejamento de combate à criminalidade abandonadas pelo governo petista, investir em polícia inteligente (investigação e prevenção) e construir parceria com o governo federal no combate aos ilícitos das fronteiras do Acre com a Bolívia e o Peru, países que concentram a produção de drogas da América Latina, principalmente a cocaína.

Diante da realidade, é necessária uma profunda reforma do sistema carcerário estadual, que é inseguro, perdulário e não recupera ninguém. É preciso investir nos agentes carcerários. Das prisões as quadrilhas comandam o crime nas ruas de nossas cidades. Sem o verdadeiro encarceramento dos chefes de gangues o crime visto no dia a dia não cessará.

O investimento e valorização dos agentes de segurança pública somado à superação do marasmo econômico podem barrar a ascensão da criminalidade em nosso Acre. É preciso produzir, gerar empregos e oportunidades para os jovens.

Acho inaceitável perder vários jovens para as quadrilhas de narcotraficantes ou para o crime. É desumano assistir inúmeras famílias destroçadas pelas drogas. Causa indignação saber que dezenas de pais de família, trabalhadores honestos, são prejudicados de alguma forma por marginais. Alguns são até assassinados.

Não se pode mais perder tempo. É precisar dar um fim à política do avestruz e encarar o problema de frente, com inteligência, honestidade e vigor. É urgente barrar a escalada da violência no Acre.

Marcio Bittar é deputado federal, primeiro secretário da Câmara dos Deputados e presidente da regional do PSDB no Acre

Um comentário:

Unknown disse...

Coisa feia hein, Deputado!!!
"Denomino o fingimento de política do avestruz: diante da gravidade, verdadeira crise, do aumento da violência, as autoridades enfiam a cabeça no chão e não tomam providências para superar as mazelas, nem mesmo para minimizá-las".
Se apropriou da ideia do texto do Senador Cristovam Buarque (Avestruz suicida) para falar da péssima Segurança Pública acreana como se o avestruz lhe pertencesse.
Esse é um dos cenários políticos do Acre: estamos entre os fabricantes de mentiras (atual governo)e os apropriadores de verdades???