sexta-feira, 28 de março de 2014

A melhor opção no Acre é o avião


Conversei com o presidente da Associação Comercial do Acre, Jurilande Aragão, sobre a crise de desabastecimento do Estado decorrente do fechamento da BR-364 por causa da cheia do Rio Madeira e, claro, agravada por incompetência política acumulada durante muitos e muitos anos.

Como é costume, Jurilande Aragão falou com franqueza:

- O meu maior receio é que se forme nos supermercados as mesmas filas que temos visto nos postos de gasolina nos últimos dias. Não temos previsibilidade do que pode acontecer daqui a cinco dias, mas tudo indica que nada vai melhorar nos próximos 15 ou mais dias. O que podemos ocasionar caso a gente decida anunciar isso publicamente à população?

Jurilande disse que a corrida aos postos de gasolina tem um pouco de insensatez dos consumidores.

-  Tem gente que vai ao posto, abastece, estoca a gasolina em qualquer lugar e volta aos postos para comprar mais combustível. Mas existe óleo e gasolina suficiente para evitar essa corrida insensata.

Na avaliação do presidente da Associação Comercial, a realidade é “muito preocupante”.

- Nós não sabemos o que pode acontecer,  pois estamos lidando com fatores naturais. Um empresário, por exemplo, tentou fretar um cargueiro da TAM para trazer 80 toneladas de alimentos, mas a Infraero teria informado a ele  que o aeroporto de Rio Branco só tem capacidade para receber 20 toneladas. Hoje faz 30 dias que começamos a nos reunir para tratar dessas questões gravíssima. Acho que vai perdurar 30, 60 ou 90 dias. Na verdade ninguém sabe.

Jurilande Aragão disse que alguns empresários e o próprio governo estadual ainda cogitam recorrer a duas transportadores capazes de receber produtos em São Paulo, seguir pela Argentina, Chile e depois Peru rumo ao Acre. Mas pondera que o custo disso é muito alto.

Também por causa do custo e do tempo, os empresários estão receosos de transportar produtos em balsas, a partir de Porto Velho, seguindo pelos rios Madeira, Purus, Iaco e Acre.

- Esse percurso demora no mínimo 20 dias. Além disso, sabemos que o Rio Acre só será navegável no máximo até o dia 20 de maio. Seria uma operação muito arriscada, pois os rios, ninguém sabe, também podem baixar antes.

Indagado sobre qual a melhor alternativa que considera para evitar o colapso no abastecimento, Jurilande Aragão não hesitou:

- É a gente voltar ao tempo em que quase tudo, incluindo gado, era transportado para o Acre de avião. Eu não vejo outra saída. Na atualidade, a situação dramática do Acre é muito mais grave do que a sociedade possa imaginar.

Então vale aquela velha máxima acreana: “A melhor opção no Acre é o avião”.

2 comentários:

Tay disse...

Isso no Acre? Imagina, Seu Menino... Aqui tudo é bom!

LAURO SANTOS disse...

Foto histórica do governo dom
Território
Federal do Acre, época em que tudo vinha de avião, inclusive gado, adquirido na época em
Uberaba, pelo meu avo, Gov. José Guiomard em 1948.
É incrível, mas Estamos revivendo em parte as dificuldades daquela época..