sábado, 16 de março de 2013

A REDE DE MARINA SILVA

POR FÁTIMA ALMEIDA

Sempre achei que não funcionaria bem essa junção entre Marina Silva, forjada em meio ao bem comportado PT do salão paroquial desta Rio Branco, com um partido ao qual são filiados usuários confessos de maconha, em campanha, inclusive, pela liberalização da mesma. Mas, a experiência demonstra que os partidos fundados por pessoas descontentes, isoladas, por maior credibilidade política que possuam, não adquirem fôlego.

Recordem que Leonel Brizola ao retornar do exílio encontrou o PTB, do qual se sentia possuidor, nas mãos de Ivete Vargas sentindo-se a mesma, provavelmente, herdeira política do tio, Getúlio, fundador dos dois grandes partidos das décadas anteriores à Ditadura Militar, o PSD e o PTB. Ora, carisma ou liderança são coisas que não se herdam, necessariamente, tanto é que Ivete Vargas desapareceu do cenário. Aqui mesmo não se realizou nenhum grande destino político entre os filhos de José Augusto de Araújo que foi um dos governadores mais empolgantes do nosso jovem Estado.

O primeiro choque de opiniões dentro do PT, no primeiro mandato de Lula, produziu a saída de Heloísa Helena, indignada com o modo como o então presdente e seus seguidores, mais tarde julgados pelo STF no caso do mensalão, tratavam os assuntos públicos numa negação implícita e explícita do programa e dos princípios do Partido dos Trabalhadores.  O PSOL, partido fundado por ela, permanece muito pequeno para fazer face aos grandes desafios do momento, em especial.

Naquela ocasião, Marina Silva não seguiu a colega de partido, nem aderiu ao novo partido fundado. Mas, um belo dia, chegou também a sua vez de se contrapor aos modos do lulismo, saindo do partido e migrando para outro, com melhor desempenho na causa ambiental, sua bandeira.  Não funcionou.

É preciso pensar sobre o que vem a ser um partido. Eu nunca tive paciência para ler programas de partidos políticos, mas parece claro que os ditos de esquerdas tendem, naturalmente, para a defesa do trabalho, ou seja, para os interesses da classe trabalhadora, os de direita para os interesses da classe patronal, e os de centro, tendendo ora para um lado, ora para outro.

Esse quadro simplificado de tendências políticas foi adequado até a primeira metade do século vinte como um desenvolvimento natural da revolução francesa e das revoluções liberais inglesas. Com o esfacelamento da união soviética e a guinada da China para o capitalismo, os partidos de esquerda ficaram, literalmente, órfãos, pois não mais receberam “ordens” dessas potências para planejar revoluções socialistas nos demais países, passando a apresentar um comportamento dúbio ou ambíguo, sem nunca mais dizerem a que vieram.

Nesse sentido, num primeiro momento, foi fundamental que os partidos apresentassem, por conseguinte, suas bases sociais, quais sejam, as distintas classes sociais dessas sociedades ocidentais, moldadas pelo sistema capitalista. No caso do Brasil, o PT surgiu para representar os interesses do trabalho. Hoje em dia, isso não é mais sequer cogitado. Os programas sociais de erradicação da miséria são necessários para a própria burguesia nacional que precisa de consumidores para as porcarias que ela fabrica. Daí, as críticas que vêm sendo feitas ao governo Dilma, por insistir numa política econômica que prioriza o consumo.

Além de tudo isso, a total falta de esperança por parte das massas que se sentem desprotegidas porque não existe segurança, saúde nem educação de qualidade, neste país, as tornam presas fáceis de pastores sem escrúpulos. Nesses casos, essas massas iludidas ocupam o lugar da “base social” a sustentar os partidos nanicos que existem por aí. Resumo da Ópera:  a política brasileira está uma balbúrdia que dá para se ouvir em Marte.

O bipartidarismo é a tradição no nosso continente. O PSDB, uma cisão do PMDB oferece oposição a este grande partido que está coligado e governando com o PT, ambos apresentando-se como dois grandes blocos arrastando um sem fim de siglas pelos calcanhares, comprovando que na prática o que funciona mesmo é o bipartidarismo. No que tange às bases sociais não é possível fazer distinção alguma.

Nesse contexto, qual a base de sustentação do novo partido que surge sob a égide de Marina Silva? Terá o destino do PSOL? Afinal, os votos de uma são os mesmos números dos votos de outra, nas respectivas campanhas para a presidência da nossa Republica.

Fátima Almeida é historiadora

9 comentários:

Beneditino disse...


Ivete Vargas era sobrinha e não filha de Getúlio.

Fátima Almeida disse...

É mesmo, Beneditino, o Altino, leu, mexeu aqui e acolá e também não viu esse erro. Zero para os dois, professor.

Beneditino disse...


Erro não, engano. Bati o olho e reparei, já que meu pai e meu tio eram brizolistas ferrenhos no Rio. Abraços,

Unknown disse...

Amigos colegas de comentários. Perdão, mas entendo que a questão não é de parentesco, mas sim da funcionalidade e da falta de praticidade de partidos, da política suja e dos despropósitos e desencantamento com a política. O Artigo toca nessa ferida de forma cristalina!
A meu ver, o Brasil, enquanto não aparecer alguém determinado e compromissado com a educação para livrar a população dos messias, picaretas de toda ordem e laia, será sempre um feudo de governantes corruptos e que defendem apenas seus próprios interesses e sujeiras.
Todos esses pequenos partidos não terão vida longa!
Precisamos olhar e trabalhar por um Brasil decente, livre de programelhos que só ludibriam, principalmente, as camadas mais pobres da população.
Chagas Freitas

ELSOUZA disse...

Salvo equívoco, a cidadã Marina Silva sucumbiu ao deixar o PT e desapareceu quando deixou o Partido Verde. Fosse ela, ingressaria no PSOL de Heloisa Helena. Certamente teria mais chances, não de eleger-se Presidente da República, mas de abocanhar uma vaga entre os 24 da ALEAC. De outra forma, podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que vivemos no país da "esculhambação", onde os desmandos e a corrupção estão a contribuir para a insegurança jurídica. Fazer o que? É isso que o povo demonstrar querer. Lembram quando o então Ministro-Relator afirmou em altos brados que após a aplicação das respectivas sentenças as prisões aconteceriam "in locu", posto que aquela Corte Máxima de Justiça era a última instância? Será que o Progurador-Geral da União seria um estúpido juridicamente falando para requerer a prisão imediata dos envolvidos no mensalão se não fosse o caso? Pelo que se sabe os réus passaram o Natal comendo o verdadeiro bacalhau COLD MORHUA. E o JOÃOZINHO, bem outro dia digo o que o joãozinho comeu no Natal. Por enquanto prefiro lembrar do que disse o grande General "DE GAULLE" a respeito do nosso grande Brasil.

Walter Hauer disse...

Altino, quando a Marina foi ministra,comprovou que a legislação imposta era pura especulação imobiliária tramada junto com a farsa do aquecimento global. Depois de proibirem tirar o sustento do imóvel rural assim obrigando a vender para as ONGs, barato e depois estas passam a ganhar dinheiro público para manutenção dos eco latifúndios. Confira no blog mataalheiamamatanossa.blogspot.com e divirta-se com as charges.

Albuquerque disse...

Fique desacreditado com Marina após ter apoiado abertamente a eleição da FPA no segundo turno. Seu marido é assessor especial do governo estdual...enfim, pratica não condiz com o discurso. Acabará em nada seu intento visionário.

ReportAc disse...

Alguns erros não devem ser cometidos, falem de números, ao ter de relacionar assuntos. A matéria fica mais forte e com argumentos.
ah! E qualquer iniciativa política pra salvar o Brasil da mesmice, é válida.
Escrevendo assim, vcs desestimulam a sociedade a acreditar em qualquer coisa q seja, não conseguem ganhar credibilidade. Lembrem-se: Critiquem, sem jamais esquecer os feitos e as qualidades... Ressaltem o valor q cada um de nós temos P/ sociedade.
Nós leitores, contamos sempre com a opinião de vcs, não destruam a imagem de quem é tida como ídolo.

ReportAc disse...

Alguns erros não devem ser cometidos, falem de números, ao ter de relacionar assuntos. A matéria fica mais forte e com argumentos.
ah! E qualquer iniciativa política pra salvar o Brasil da mesmice, é válida.
Escrevendo assim, vcs desestimulam a sociedade a acreditar em qualquer coisa q seja, não conseguem ganhar credibilidade. Lembrem-se: Critiquem, sem jamais esquecer os feitos e as qualidades... Ressaltem o valor q cada um de nós temos P/ sociedade.
Nós leitores, contamos sempre com a opinião de vcs, não destruam a imagem de quem é tida como ídolo.
Hadamés Wilson, Acrelândia-Acre.