quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

MORTE DE UM JOVEM

POR GABRIEL SANTOS 


Morri em Rio Branco, Acre. Quem não morreu?

A cidade nunca esteve tão perigosa. A displicência dos governantes nunca foi tão clara. E o medo nunca foi tão presente.

Morri porque nem só a morte mata, mas o medo, a violência e a insegurança, também, nos privam da vida.

Morri porque sou jovem e quando saio pra me divertir, deixo meus pais aflitos por não saberem se irei voltar.

Morri porque fui assaltado 8 vezes nos últimos 2 anos.

Morri porque não sei se meu desejo de envelhecer em lugar tranquilo será possível. Nem sei se envelhecer será possível.

Morri porque parte de um amigo meu morreu, quando seu pai foi assassinado em um assalto.

Morri porque a viatura da polícia demorou a chegar.

Morri porque eu tenho que atravessar a cidade inteira para ir a delegacia mais próxima.

Morri porque chegando lá, os plantonistas não estavam presentes. E tive que faltar ao trabalho no dia seguinte para fazer a queixa.

Morri porque esse pequeno estado é incapaz de formar um serviço de investigação eficiente.

Morri porque temos um Sistema Prisional prestes a explodir, que não ressocializa ninguém e nem há vontade política para que isso aconteça.

Morri porque continuamos privando nossas crianças da cultura e da educação de qualidade.

Morri Porque estamos perdendo nossos jovens para o tráfico e nada é feito para cessar esse absurdo.

Morri nas mãos da violência. Preso na Insegurança. Sufocado pelo Medo.

Morri porque estamos criando assassinos e vítimas, em vez de criarmos seres humanos.

Gabriel Santos é estagiário na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

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