segunda-feira, 9 de julho de 2012

CARTA ABERTA CONTRA A IMPUNIDADE

POR MONTEIRINHO DA SANFONA


Éramos uma família, amigos de todos. Antônia organizava eventos, almoços, jantares e viagens para familiares e amigos. Até o dia que sentiu uma simples falta de ar e um pouco de cansaço. Disse que ia passar na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e que chegaria um pouco mais tarde no trabalho.

Foi atendida pelo médico Augusto Júlio, que foi muito ignorante e disse que ela fosse para casa, pois estava era nervosa.

Antônia e minha filha sugeriram que o médico mandasse fazer um raio-x. Extremamente mal educado, o médico mandou dizer que eram gases. Perverso e sem coração, passou dipirona, diclofenaco e remédio para gases, o que foi continuado pelos médicos Thadeu Viana e Janeila Andrade.

De nada adiantou a minha filha e Antônia dizer que não podia tomar dipirona. Teve de tomar a pulso, mas começou a dor no peito e a vomitar. Passando mal, os médicos receitaram Plasil. Ela estava tendo um infarto, mas só eu e os médicos não sabíamos disso.

Depois foi que descobri, que o médico estava só tirando um pouco de sangue que ela tinha para exames de fachada, que não nos foi dito logo. Sem contar que ela chegou lá forte, mas com a dieta zero, enfraqueceu e secou a boca de tanta sede. E como não tem quem aguente uma situação dessa, faleceu no terceiro dia.

Foram me entregar o laudo mentiroso com uns dois ou três dias depois, que ela tinha tomado sangue e outras mentiras. Judiaram de todo jeito. Se fosse um animal, com certeza a Associação Protetora dos Animais processava. Veterinários tratam os animais com mais carinho do que os médicos trataram minha Antônia.

O problema é que não matam gente famosa. Não foi a mulher de um juiz que morreu, de deputado, empresário etc. Esses são bem tratados e imaginam que está tudo bem.

Venha pobre de forma humilde para ver como a coisa muda. Eles estão matando em nossas barbas e existem vários depoimentos nos escombros.

Os maus médicos são poucos, vamos acabar, porque ninguém está acima da lei. Vamos construir um mundo não para poucos, mas para todos, porque crime sem punição é ferida que nunca sara.

É de dar arrepio o que foi feito com a Antônia Ferreira na UPA: de repente ficou sedada, sem enxergar e depois morreu sem explicação.

Queremos cobrar das autoridades competentes punição para esse caso tenebroso de negligência médica e que seja um passo para esclarecer muitos outros.

Já se passaram mais de dois anos e ninguém se manifestou. O médico querendo matar vai ter medo de que? Da lei? Metido numa farda pode injetar medicamento, veneno ou deixar morrer pelo descaso e irresponsabilidade.

Os médicos sabem que é muito difícil de provar, pois não nos é fornecido as devidas informações. Quantas famílias indignadas, mas como provar se as provas não saem de lá? Temos que dizer chega. Basta de negligência de médicos desalmados e a omissão, que vira injustiça junto com a impunidade e gera violência.

Onde está o Ministério Público do Acre? Até agora tem sido omisso em concluir a apuração da denúncia que fiz. O mesmo não posso reclamar do Conselho Regional de Medicina, que tem colaborado com o esclarecimento dos fatos na medida do possível.

Deus é muito maior que os poderosos desse mundo.

Meu comentário

Conheço Monteirinho da Sanfona desde o começo dos 1980, quando nem existia Latino e outros menos cotados para animar comícios e festas que o PT organizava no Acre. Fundador do PT, era amigo de Chico Mendes e se tornou personsagem anônimo dos empates organizados pelo seringueiro. Há mais de dois anos, quando Antônia faleceu, Monteirinho conta que procurou o gabinete do governador Tião Viana (PT) para expor o drama, mas jamais foi recebido.

- Eu esperava que o PT fosse ajudar a diminuir a impunidade no Acre. Não é o que vejo. A secretária de Saúde, Suely Melo, estava coberta de razão quando chamou os médicos do Acre de mercenários. Sigo trabalhando numa escola no Taquari, bairro do qual fui um dos organizadores da ocupação. Sonho gravar um CD com as músicas de minha autoria, algumas em parceria com o Chico Mendes, mas o que me preocupa no momento é a impunidade desse caso de negligência médica que tirou a vida da minha mulher. Tenha uma boa semana, Altino, de paz e alegria. Pessoas como você merecem a proteção divina para continuar fazendo o que fazem.

Um comentário:

Natalie Messias disse...

São poucos os que tem a coragem de lutar por seus direitos. O povo está cansado, mas pensa: quem vai acreditar em mim?
Parabéns pela iniciativa.