quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

THAISA LUMIE YAMAUIE

Haitianos relatam que encontraram corpos em decomposição durante fuga para o Brasil, diz antropóloga


A antropóloga Thaisa Lumie Yamauie, 25 anos, voluntária do Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Acre, aliou-se ao haitiano Esdras Hector, no final de dezembro, para realizar entrevistas com grupos de imigrantes haitianos que sofreram abusos e violências no percurso rumo ao Brasil.

Os imigrantes, que buscam refúgio em massa no Acre, estão sendo vítimas de extorsão, roubo, estupros e mortes quando percorrem territórios do Peru e da Bolívia. A onda migratória por melhores condições de vida teve início em 2010, após o terremoto que devastou o Haiti.

Paulista de Campinas, Thaisa Yamauie se mudou para o Acre há quatro meses, após o marido ter sido contratado como professor universitário. Formada na Universidade Federal de São Carlos, com especialidade em migrações, ela conseguiu reunir relatos detalhados do trajeto e dos acontecimentos que envolvem a diáspora haitiana em solo acreano.

Durante os dias que passou no município de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, a antropóloga ficou impressionada com a interação entre a população e os haitianos.

- Quase não há comunicação porque uns falam português e outros crioulo, mas se entendem. Isso é um sinal de solidariedade. As pessoas da cidade dão trabalho, abrigam, alimentam. Também chama a atenção a decisão do governo do Acre de prestar ajuda humanitária. Talvez isso não tivesse acontecido em outro estado brasileiro na mesma situação - analisa Thaisa Yamauie em entrevista exclusiva ao Blog da Amazônia.

A antropóloga disse que o Brasil poderia mudar o paradigma de políticas de migração que vem sendo adotada em países que recebem ondas migratórias. No mundo inteiro, quando considerados “ilegais”, os imigrantes são tratados com muita violência, quando não portam documentos.

De acordo com Thaisa Yamauie, essa condição, imposta pelo fato de não ser documentos, leva aos empregos mais degradantes e a outras situações onde os direitos humanos são violados, o que inclui abusos como escravidão, violência, incluindo, sexual.

- A lei dos países não protege essas pessoas e isso precisa ser mudado. Ondas migratórias como essa que o Brasil lida atualmente, especialmente na fronteira do Acre com a Bolívia e o Peru, não podem ser contidas apenas com o fechamento de fronteiras. Uma decisão nesse sentido agravaria a crise humanitária que está surgindo. Se a fronteira fosse fechada, os haitianos continuariam se deslocando e conseguindo ingressar no território brasileiro, e passariam a ser encarados pela sociedade como imigrantes “ilegais”. Isso seria pretexto para que ficassem ainda mais vulneráveis aos abusos dos quais já estão sendo vítimas.

Por não ter solicitado permissão para identificar os imigrantes haitianos publicamente, Thaisa Yamauie pediu para que constasse apenas as iniciais de dois nomes.

Veja a entrevista no Blog da Amazônia.

Foto: Lou Gold/Divulgação

Um comentário:

Jocivan Santos disse...

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, ACNUR, organização da ONU que cuida de assuntos para refugiados em todo o mundo não considera os Haitianos como refugiados de fato e de direito e até mesmo o estado Brasileiro articula por essa caminho. O que na verdade acontece e que a própria ACNUR considera os Haitianos o que eles chamam de REFUGIADOS AMBIENTAIS, ou seja são pessoas que não vieram de uma guerra como acontece na Palestina, Líbia, Egito, Síria etc..

Para eles são pessoas que vieram de catástrofes ambientais como o terremoto que devastou o Haiti, o tsunami no Japão, etc.. por isso os próprios Haitianos não são considerados como REFUGIADOS, e por este motivo o próprio estado Brasileiro também não considera os Haitianos que entram no Brasil pela fronteira do Peru e Bolívia ou por qualquer outro país por exemplo, como refugiado, pois no caso a AJUDA HUMANITÁRIA e principalmente FINANCEIRA, TANTO DO ESTADO BRASILEIRO COMO DA PRÓPRIA ACNUR/ONU só pode ser feita para quem e considerado legalmente refugiado TANTO PELA ONU como também pelo Brasil - No caso os Haitianos não são.

Como não sendo considerados refugiados e sim imigrantes ilegais, se forem pegos pela Policia Federal entrando na fronteira podem ser detido e deportado de imediato, inclusive e o que diz a PF, por isso entram no Brasil de forma ilegal e ja estando em territorio nacional PRECISAM DE IMEDIATO DAREM ENTRADA NO PEDIDO DE REFUGIO JUNTO AO MINISTERIO DA JUSTIÇA que analisa o precesso e determina atrevés do Comitê Nacional para os Refugiados ou no caso o Conselho Nacional de Imigração (CNIg), se consede ou não.

NESSE MOMENTO E IMPORTANTE A FORÇA POLITICA PRINCIPALMENTE DO CONGRESSO DOS TRÊS PAÍSES, BRASIL, PERU, BOLÍVIA E PRINCIPALMENTE DO CONGRESSO BRASILEITO JUNTO A ONU, PARA QUE ESSE QUADRO MUDE - SE O BRASIL VAI QUERER AJUDAR OS HAITIANOS VAI FAZER SOZINHO, como no caso o próprio estado do Acre fez. MAIS SEM AJUDA INTERNACIONAL. Ai esta a causa de tanta demora para ajuda Humanitaria aos muitos Haitianos que estão nesse momento acampados em Brasileia/Ac.

E também importante lenbrar que o debate sobre ajuda humanitaria internacional para refugiados ambientais dentro das Nações Unidas e bastante amplo e acredito que com a causa dos haitianos pode ganhar mais força para uma possivel e futura aprovação. A propria ACNUR que tem um escritorio em Manaus sabe tudo que acontece no Acre em relação aos Haitianos, e o proprio estado brasileiro que inclusive monitora por agentes da ABIN e da POLICIA FEDERAL - ACNUR e BRASIL tem milhões para fornecer ajuda humanitaria para os irmãos Haitianos, MAIS NO MOMENTO SO OBSERVAM - Apenas o Acre diz ter gastado 1 milhão de reais por mês com a causa. E PRECISO SIM, MAIS FORÇA POLITICA para causa EM BRASILIA. Além da excelente recomendação do Ministerio Publico federal, a União dos Estados do Brasil para quer abrace a causa a forneça ajuda aos Haitianos em territorio nacional.