Ameaçados de morte, professores e estudantes da federal de Rondônia recebem apoio do poeta Thiago de Mello
De passagem pela capital de Rondônia, onde participa da nona edição do Festcineamazônia, um festival de cinema e vídeo, Thiago de Mello foi recebido por professores e estudantes no prédio da reitoria, no centro da cidade, que está ocupado há mais de 40 dias.
– Mais do que trazer minha palavra solidária, que é um dever meu, uma coerência com minha própria vida e minha poesia de luta, libertária, a minha vinda aqui constitui aprendizagem minha com a luta de vocês. Eu me enriqueço. Num momento em momento em que o Brasil padece de uma enfermidade, o “assimesmismo” – ‘fica assim mesmo’, ‘não, é assim mesmo’- vocês lutam para dizer que não pode ser assim mesmo e é preciso trabalhar na mudança do que é preciso mudar – afirmou.
Thiago de Mello disse aos estudantes que eles precisam ter a certeza de que a causa deles “está certa e que a motivação política e ideológica é a da ética”.
– O que está sendo ferido nesta universidade é o próprio espírito da universidade: o espírito ético da universidade. Vocês estão dando essa lição ao Brasil, como os companheiros lá do Sul também, resistindo e apanhando da polícia.
Thiago de Mello recomendou que os estudantes sigam o exemplo do antropólogo e educador Darcy Ribeiro, amigo dele, com quem conviveu no exílio durante a ditadura militar.
– Dias antes de morrer, esse grande brasileiro, que sabia e se orgulhava da palavra patriota, que quer dizer amor ao povo e não à pátria, que é algo abstrato, tomou minha mão e disse: ‘Thiago, não desanima. Faz tua parte que um dia o Brasil vai dar certo’.
O poeta amazonense contou aos estudantes que uma de suas prisões pela ditadura militar se deu após ter participado de manifestação em protesto contra o assassinato do estudante paraense Edson Luís de Lima Souto, vítima da Polícia militar durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro.
Ameaças
Vários incidentes marcaram o movimento desde que a greve foi iniciada. O professor de história Valdir Aparecido de Sousa foi preso, assim como dois alunos que distribuíam panfletos contra o reitor Januário Amaral.
Uma estudante, quando saia de casa, chegou a ser ameaçada de morte por homens encapuzados dentro de um carro.
Na quarta-feira (16), um bilhete foi deixado em vários locais da universidade e se tornou no último ato de intimidação contra professores e alunos da Unir.
Impresso em folhas no formato A4, os bilhetes foram cortados e afixados em vários locais. Três professores receberam a mensagem:
“Não adianta contar vitória antes do tempo. Muita água ainda pode rolar… Segue alguns nomes que podem descer na enchente do rio”.
O bilhete lista nomes de professores da Unir em Porto Velho (19), Rolim de Moura (5), Ji-Paraná (1), Ariquemes (1), além dos nomes de 13 estudantes.
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2 comentários:
Manifestacoes populares esta borbulhando no mundo todo. No oriente medio, Espanha, EUA e no Brasil. As vezes, eu penso que meus 32 anos me "inviabilizam" esse tipo de acao, mas quando lembro que o conformismo e uma chaga, e agora vendo o maravilhoso Thiago de Mello e seu estatuto do Homem, concluo que nao e a idade que importa, mas o fato de se ter um coracao ou nao. Aqui nos EUA tem o OWS (Occupy Wall Street) e a grande maioria dos americanos acha meio sem sentido. Mas ver a enorme diferenca que os mais ricos tem de 99% da populacao me faz questionar se eu vivo na maior democracia do mundo. Os bancos recuam baixando um pouco as taxas abusivas, mas ainda e pouco. Eu nao sei como e porque, mas existe uma onda de inconformismo que sempre chega em boa hora. E cada vez me orgulho dos chilenos que lutam por uma melhor educacao. Pena que os alunos da USP ainda patinam nas acoes, embora eu acredite que a policia dentro de um campus universitario deva ser uma unidade especifica pra atuar no campus, e nunca, mas NUNCA mesmo cercear a liberdade academica (exclui-se nisso o consumo ou vendande drogas ilicitas).
Obrigada,
Joema.
Altino, desculpe os erros gramaticais e ortograficos. Escrevi na pressa novamente.
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