quinta-feira, 23 de junho de 2011

QUINTAL AMAZÔNICO

POR ELIANO JORGE


Mesmo quando apura as informações por telefone ou pela internet, em casa, o jornalista Altino Machado é constantemente lembrado que escreve sobre a região de maior riqueza natural do planeta. Nem o conforto domiciliar e as notícias de tribunais ou da administração pública conseguem afastá-lo do sentido mais genuíno deste Blog da Amazônia.

A exuberância da vegetação ao seu redor e a assídua presença de animais lhe repetem, a todo instante, o aviso da necessidade de preservação. O blogueiro vive, na prática, a biodiversidade, um conceito muito mais idealizado do que conhecido pelas pessoas. E registra imagens dessa interação.

- Na verdade, a maioria desses bichos não é estranha para a gente. Eles sempre aparecem. Pessoalmente, achei mais estranho o araçari e o beija-flor terem entrado duas vezes na minha casa - afirma o repórter, em inédita declaração a seu próprio blog, provisoriamente cedido.


Aves, insetos e rãs interrompem seu trabalho para breves saudações. Até preguiças já o surpreenderam no seu quintal de 30 por 40 metros.

- Tem muitas corujas, que nunca consegui fotografar. Cobras, pássaros e aranhas são os visitantes mais frequentes.

Sim, jiboias também surgem dentro de sua casa. Altino chegou a dividir sua moradia com uma delas por mais de seis meses. E a cobra foi embora espontaneamente.

Para evitar riscos, ele recomenda apenas a atenção onde se pisa.

- A fé em Deus é o cuidado.

Ele mora a 8 quilômetros do centro de Rio Branco, na Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra, a maior área verde no entorno urbano da capital do Acre. Misto de cidade e floresta. Ali se originou a doutrina do Daime.

- É um lugar tranquilo, onde a gente ainda pode deixar a casa com portas e janelas abertas. Poucas vezes foram registrados furtos ou roubos.

As refeições também mostram o valor do lugar na rotina do jornalista amazônico. São inúmeras frutas, tapiocas, peixes, bananas da terra, pupunhas, farinha, tucupi… Mas nenhum dos temporários hóspedes vai para a panela.

- Na época de estiagem, quando fica escasso o alimento na floresta da rendondeza, os pássaros invadem minha cozinha, vão para cima da mesa comer frutas. Ou então, ponho uma tábua no quintal, onde sirvo mamão, banana. Fica cheio de pássaros.

E assim se completa o cenário de uma infinidade de cores, sabores e seres.

- Em maior ou menor grau, isso tudo nos rodeia. O problema é que a gente vai perdendo a capacidade de perceber. Em São Paulo, existem lugares tão cheios de vida quanto no meu quintal - filosofa, generoso com a aparente aridez da metrópole, mas sem perder o olhar treinado para a natureza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo!