sexta-feira, 25 de março de 2011

CRIVELLA REINVENTA A HISTÓRIA DO ACRE

 
Um congressista estava mais ou menos na metade do discurso quando sintonizei a Rádio Senado na noite de quarta-feira (23), por volta das 22 horas. Fiquei perplexo com a fantasia dele em relação à história do Acre, mas descobri no site do Senado que era Marcelo Crivella (PRB-RJ) abordando o caráter estratégico da visita do presidente Barack Obama para a democracia das Américas.

No Acre, todos sabemos que o espanhol Luís Galvez, trabalhando então para o cônsul boliviano em Manaus, revelou aos brasileiros que a Bolívia pretendia passar o controle do território do Acre para o Anglo-Bolivian Syndicate de Nova York, criado em 1900. O Bolivian Syndicate era associado à americana U.S. Rubber Co., mas era efetivamente inglês.

O Bolivian Syndicate compraria toda a produção da borracha e atrairia para o Acre o poder dos Estados Unidos. O plano mudou por causa da Revolução Acreana, liderada pelo coronel Plácido de Castro, além da ação diplomática do Barão do Rio Branco, que considerou a concessão boliviana ao Bolivian Syndicate uma “monstruosidade legal”.

A partir disso, o senador Marcelo Crivella reinventou a história do Acre, sem que fosse contestado por qualquer um de seus pares, incluindo os três senadores acreanos. Até Getúlio Vargas virou personagem da história. Veja o principal trecho do discurso histórico de Crivella sobre o Acre e os acreanos:

"Aliás, lá, no norte do País, já tivemos problemas com os americanos. Tivemos um problema na época da borracha, quando os americanos compraram uma grande parte da Bolívia para instalar uma produção americana de borracha e o Barão do Rio Branco não quis. Os americanos trouxeram sua frota naval para o Atlântico sul e o Brasil marchou o seu exército para o norte. Essa foi a nossa resposta altiva, já naquela época, aos interesses americanos, que eram contrários aos nossos aqui, no País. Um dos que marchou nesse exército foi o próprio Getúlio Vargas – na época, sargento, se não me engano; depois, viria a ser Presidente da República.

Os americanos trouxeram a sua frota naval e o Brasil, soberanamente, disse: “Se vocês comprarem essa área imensa da Bolívia para fazer aqui um estado americano produtor de borracha, não vamos permitir que essa borracha se escoe pelo Amazonas. Vamos fechar a foz do Amazonas”. Isso foi lá no Estado do Flexa Ribeiro, no Pará. Os americanos, então, tiveram de recuar. Os americanos queriam um estado onde hoje é o nosso Acre. Eles queriam que fosse um estado americano produtor de borracha. Na época, Rio Branco não aceitou. Eles, então, trouxeram uma esquadra da marinha deles para nos intimidar. E, na ocasião, o governo brasileiro resolveu marchar com o seu Exército para o norte, para a sua região, Senador Flexa. Um dos soldados que marcharam foi Getúlio Vargas. O Brasil dizia: “Se vocês mantiverem o negócio com a Bolívia e comprarem a terra para fazer ali um estado americano produtor de borracha, nós não permitiremos que essa borracha seja escoada pelo rio Amazonas. O povo altivo do Pará não o permitirá!”. Seria mais uma Guiana aqui nas nossas costelas, colocando em risco as nossas fronteiras.

O Acre, mercê de Deus, é brasileiro, de um povo altivo, de um povo sofrido e valente. Essa é a história Brasil-Estados Unidos, que agora se coroa com essa vinda do Obama aqui."

Cala a boca, Crivella.

17 comentários:

Lo disse...

Nunca vi tanta besteira sair pela boca de um só indivíduo de uma só vez. O Crivella tava bêbado quando falou essa baboseira?

Elisson Magalhães disse...

Ele esqueceu de dizer q os americanas gritaram: "Yes, we can!". rs. Acho q é lema do Crivela é: penso, logo viajo.

Fátima Almeida disse...

Getúlio Vargas nasceu em 1883, tinha nove anos em 1902 quando eclodiu a insurreição acreana.

Roberto Feres disse...

como um dia cantarolou o saudoso Sergio Porto:
Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa Leopoldina
Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes

Paulo Henrique disse...

Desenciclopédia:

Galvez tentou a vida na política do Acre e como não obteve sucesso, mudou de ramo e abriu um hotel no bairro Morada do Sol em Rio Branco.

Plácido de Castro, Gaucho macho, foi atacado na beira do rôla pelas costas e não resistiu a picadura de um tipo de besouro.

Cartunista Braga disse...

Pastor Crivella tava falando línguas estranhas. Só pode!

ALTINO MACHADO disse...

Braga, se fosse o Fernando Gabeira diriam que estava fumando alguma coisa estragada.

Fátima Almeida disse...

Queiram desculpar, mas Getúlio Vargas tinha 19 anos em 1902. Pode ter vindo com as tropas do Silveira que veio destituir Plácido de Castro que não era simpático à instituição por ter lutado na farroupilha, contra a centralização da república da espada, mandato de Floriano..

Amber Waves disse...

Eu posso provar! tenho fotos dos porta-aviões ancorados lá na base lá no porto dos catraieiros kkkkk
Cala Boca Crivela [2]
Ah que saudades do ACM

Dantas disse...

Esse crivela é um cri cri! rsrsrsr

Felipe disse...

kkkkkkkkkkkkk
eu ri
e é esse povo que é contra os gays, e arrancam amém de pobres coitados


oh senhor, eles n sabem o q fazem!!!!

ALTINO MACHADO disse...

Comment do Marcos Vinicius Neves;


Ei Altino,

Conforme conversamos, segue um reposicionamento histórico em relação ao delírio/arrebatamento do Bispo/Senador...

Você tem toda razão. Realmente o Bispo Cri-cri-vela misturou alhos com bugalhos, b... com parafunda. Ele simplesmente pegou um monte de cacos históricos, misturou tudo e fez uma salada de gosto pra lá de duvidoso. Mas vamos por partes, como dizia Jack...

Não houve nenhuma movimentação naval norte-americana relacionada à Revolução Acreana e nem haveria motivo para tal, uma vez que antes de sentar para negociar o Tratado de Petrópolis o escolado Barão do Rio Branco mandou Assis Brasil aos EUA para negociar uma “indenização” (nome pomposo para o suborno oficial) de 120.000 libras com o Bolivian Syndicate para que este abrisse mão de seu contrato com o Governo boliviano. O que de fato aconteceu.

A única coisa mais parecida com isso (que pode ter motivado o delírio supra-mencionado) foi o caso da Canhoneira Wilmington da esquadra norte-americana que, muito antes da chamada Revolução Acreana, entrou por Belém e subiu o rio Amazonas até Manaus com autorização e muitas festas do governo brasileiro, já que vinha em “Missão de Amizade”. Mas inesperadamente, apesar do governo do Amazonas ter lhe recusado permissão para subir ainda mais o grande rio, a canhoneira de luzes apagadas zarpou na calada da noite até Iquitos, causando indignação aos governos amazonense e brasileiro e protestos variados na imprensa.

Mais tarde, o então jornalista Galvez, em sua denuncia sobre o acordo entre a Bolivia e o Bolivian Syndicate (março de 1899), iria afirmar que a Wilmington fora até Iquitos para buscar documentos que assentavam as bases iniciais do “arreglo” que estava em negociação com o governo dos EUA.

Aliás, a idéia, repetida várias vezes pelo Bispo/Senador, de que os EUA pretendia criar no Acre um Estado produtor de borracha através da compra de parte do território boliviano é totalmente despropositada e nunca foi de fato ventilada. O que posteriormente o contrato com o Bolivian Syndicate (1901) previu era o “arrendamento” do Acre pelo prazo de vinte anos visando à exploração da borracha acreana, já que a Bolívia não possuía meios financeiros, militares e sociais para controlar essa produção e sua exportação. O máximo que o contrato estabelecia era apoio diplomático, financeiro e bélico norte-americano, em favor da Bolívia, no caso de eclodir uma guerra contra o Brasil.

O mesmo tipo de aproximação estapafúrdia diz respeito à relação entre Getulio Vargas e o caso do Acre. Segundo me contou o meu saudoso amigo Agnaldo Moreno (informação que nunca consegui confirmar na historiografia brasileira), o que de fato aconteceu foi que enquanto Plácido de Castro derrotava os bolivianos aqui no Acre, o Barão do Rio Branco negociou a paralisação dos conflitos através de um Modus Vivendi que resultaria mais tarde na assinatura do Tratado de Petrópolis com o governo boliviano. Mas, como o Barão de bobo não tinha nada, antes de entabular negociações promoveu o deslocamento de tropas para o Acre (com o Gen. Olimpio da Silveira, como já apontou a Profª Fátima Almeida) e para o Mato Grosso (na fronteira com a Bolívia), como quem avisa veladamente ao Gen. Pando (então presidente da Bolívia): se você invadir o Acre eu invado a Bolívia pelo sul. Isso tudo, em 1903, quatro anos depois, portanto, do caso da canhoneira Wilmington. E consta que Getulio Vargas, na época apenas um jovem cadete, estaria nestas tropas enviadas à Mato Grosso. Mas disso não resultaria absolutamente nada porque as tropas de Mato Grosso voltaram decepcionadas para suas bases sem efetuar nenhuma ação militar. O que, pensando bem, pode até ter influenciado no descaso com que Getulio Vargas sempre tratou o Acre enquanto foi presidente.

Agora, o que “Merce de Deus” toda essa história tem haver com a visita do Obama é que constitui o maior dos paradoxos históricos que já conheci em toda minha vida. Ou seja, por fim, devo concordar de novo com você Altino: Cala a boca, Crivella!"

Altemar disse...

Faz parte da operação de imbecilização coletiva mundial. Minha gente o Crivella é um abestado que recebeu, provavelmente de algum "embaixa a dor" americano,o texto e o expeliu. Olhem nas entrelinhas. Voces sabem o que é a quarta frota? Voces sabem o que é o projeto AMX? vocês sabiam que o eles não venderão o super hornet com o código fonte? Por que será que eles gostam do Evo ou do Chavez, ou do Lugo ou do Pepe? e voces, por que não gostam, será que não é porque eles querem que vocês não gostem?? Voces já imaginaram um piloto brasileiro pilotando um aviao americano para nos proteger deles? Voces sabiam que o etanol de milho é 4 vezes mais caro? voces já viram casa própria de americano no Brasil? voces já viram cabelo de freira? vocês acreditam em papai noel? alguém pode pegar outra latinhakjna ooooops.... me ajude!

Francisco Nazaré disse...

Ele pensava que tava discursando para os frequentadores da Igreja Universal, lá ele engana os pobres coitados ignorantes, e lucra com isso.

Altemar disse...

Cof cof cof

Mario Marcelo disse...

Incrivel o que a ignorancia associada a imbecilidade eh capaz de produzir, essa besta enfiou os pes pelas mãos e enfiou na B...oca.

Acreucho disse...

E eu que pensei que quem iria fazer feio em Brasília era o Tiririca! Getulio Vargas com 19 anos já era sargento e depois foi rebaixado para soldado segundo o Crivella. E os nobres Petecão, Jorge Viana e Aníbal Diniz, porque não gritaram "Cala boca Crivella"?