Roberto Feres
No início de 2001, brincando com alguns instrumentos de geoprocessamento, produzi um breve estudo que mostrava que o modo como nos adequávamos ao fuso horário no Acre fazia com que perdêssemos muito tempo de dia claro pela manhã, trabalhássemos mais tempo sob o Sol a pino e tivéssemos um dia curto, com o Sol se pondo muito cedo.
Passei a fomentar a idéia de que a sociedade acreana deveria por em pauta a discussão da mudança do fuso-horário local no intuito de aproveitar melhor o dia, inclusive proporcionando economias em diversas atividades e serviços.
A partir daí, algumas pessoas trataram o tema com algum interesse, em especial o Dr. Alceu Ranzi, que publicou artigo em meados de 2004 contando um pouco sobre a origem e legislação da Hora Local e colocava em discussão a seguinte questão: Será que isto (mudar o fuso horário do Acre) acertaria o nosso relógio com o sol e viria a facilitar nossa vida?
Ainda em 2004 o deputado estadual Moisés Diniz comprou a idéia e a colocou em discussão pela sociedade, mas enfrentou as barreiras da falta de interesse geral sobre o assunto. Talvez convencido de que a mudança seria boa, arrastou suas tentativas até meados de 2007, quando publicou um quase tratado sobre o tema no seu Blog do Líder.
Quando a questão já parecia morta, numa manhã de terça-feira fria de junho de 2008, o Acre inteiro acordou mais cedo. Sem ninguém combinar o jogo, a mudança imposta por determinação legal causou transtornos, muito aborrecimento e nenhuma economia para o povo em geral. A chiadeira foi geral.
Aos poucos, observando o que acontecia com o Acre no novo horário, percebi que ele fazia com que as pessoas, ao invés de aproveitarem melhor o tempo, passassem a descansar menos e a ter menos tempo para o lazer.
Aquela horinha a mais de sono, pela manhã, foi perdida e o turno da tarde foi prolongado com o novo horário do pôr-do-sol. Antes, a tarde era mais curta e com temperatura mais agradável. Agora começa com o Sol ainda alto e é mais longa.
Pergunte a qualquer pessoa do povo e a resposta é que todos acreditam que estão trabalhando mais e descansando menos depois da mudança do horário no Acre.
O que inicialmente me pareceu que seria uma vantagem, ao aproximar o nosso horário do restante do Brasil, não foi apropriado pela população. Ao contrario, somente promoveu discórdia e problemas de adaptação.
Felizmente, no próximo dia 31, o povo do Acre terá a oportunidade de corrigir a mudança que há dois anos questiona. O referendo por si já é uma grande conquista contra a forma autoritária com que o assunto foi inicialmente resolvido. Serve para nossos políticos refletirem um pouco sobre representatividade e legitimidade.
Há quase 10 anos pensando no assunto, estou convencido de que o acreano era mais feliz no horário antigo e resolvia melhor sua agenda diária de trabalho e descanso. Por isso vou votar no 77, dando meu "não" à manutenção da lei que já gerou tanta discórdia.
Roberto Feres é engenheiro civil, perito da Polícia Federal, doutor em ecologia e ex-professor da Universidade Federal do Acre.
Passei a fomentar a idéia de que a sociedade acreana deveria por em pauta a discussão da mudança do fuso-horário local no intuito de aproveitar melhor o dia, inclusive proporcionando economias em diversas atividades e serviços.
A partir daí, algumas pessoas trataram o tema com algum interesse, em especial o Dr. Alceu Ranzi, que publicou artigo em meados de 2004 contando um pouco sobre a origem e legislação da Hora Local e colocava em discussão a seguinte questão: Será que isto (mudar o fuso horário do Acre) acertaria o nosso relógio com o sol e viria a facilitar nossa vida?
Ainda em 2004 o deputado estadual Moisés Diniz comprou a idéia e a colocou em discussão pela sociedade, mas enfrentou as barreiras da falta de interesse geral sobre o assunto. Talvez convencido de que a mudança seria boa, arrastou suas tentativas até meados de 2007, quando publicou um quase tratado sobre o tema no seu Blog do Líder.
Quando a questão já parecia morta, numa manhã de terça-feira fria de junho de 2008, o Acre inteiro acordou mais cedo. Sem ninguém combinar o jogo, a mudança imposta por determinação legal causou transtornos, muito aborrecimento e nenhuma economia para o povo em geral. A chiadeira foi geral.
Aos poucos, observando o que acontecia com o Acre no novo horário, percebi que ele fazia com que as pessoas, ao invés de aproveitarem melhor o tempo, passassem a descansar menos e a ter menos tempo para o lazer.
Aquela horinha a mais de sono, pela manhã, foi perdida e o turno da tarde foi prolongado com o novo horário do pôr-do-sol. Antes, a tarde era mais curta e com temperatura mais agradável. Agora começa com o Sol ainda alto e é mais longa.
Pergunte a qualquer pessoa do povo e a resposta é que todos acreditam que estão trabalhando mais e descansando menos depois da mudança do horário no Acre.
O que inicialmente me pareceu que seria uma vantagem, ao aproximar o nosso horário do restante do Brasil, não foi apropriado pela população. Ao contrario, somente promoveu discórdia e problemas de adaptação.
Felizmente, no próximo dia 31, o povo do Acre terá a oportunidade de corrigir a mudança que há dois anos questiona. O referendo por si já é uma grande conquista contra a forma autoritária com que o assunto foi inicialmente resolvido. Serve para nossos políticos refletirem um pouco sobre representatividade e legitimidade.
Há quase 10 anos pensando no assunto, estou convencido de que o acreano era mais feliz no horário antigo e resolvia melhor sua agenda diária de trabalho e descanso. Por isso vou votar no 77, dando meu "não" à manutenção da lei que já gerou tanta discórdia.
Roberto Feres é engenheiro civil, perito da Polícia Federal, doutor em ecologia e ex-professor da Universidade Federal do Acre.
9 comentários:
A pior coisa é fazer um vascaino torcer para o flamengo e vice versa, quando qualquer um dos dois joga e que a vitória beneficiaria ao que no momento não estar jogando,o trocedor prefere ver o seu time perder mas não quer o time rival ganhe.
Assim é o novo fuso horário do Acre, só porque foi intuido por grupo da situação o lado da oposição é contra deste pequeninho.É certo que faltou fazer alguns ajustes como por exemplo começar as 8:00 horas a aulas e trabalho, Com o horário antigo para quem precisa manter contato com centro do país é a pior coisa do mundo, principalmente quando estar no horario de verão, já passei por isso, e por isso é que meu voto é 55.
Não é um caso isolado moro e trabalho em Porto Acre estudo em Rio Branco, todos os dias saio as 16:30 ruma a faculdade, retorno as 22:00, chego em casa as 23:15, vou dormir por volta de 01:30 e tenho de assinar o ponto as 07:30, essa é rotina de várias pessoas que moram no interior estudam em Rio Branco. Ainda não consegui acertar os ponteiros com meu relógio biológico. “Outro dia fiquei sabendo de um grupo de quatro amigos que moram em Plácido de Castro e estudam em Rio Branco.
Voto 77
Está bem claro, o problema não é a mudança do fuso horário (que agora está tecnicamente correto), o problema é a safadesa das empresas que antes faziam seus funcionários entrar as 07:00 e que deveria, a partir da 'correção' do horário dar entrada às 08:00 assim ñ o fiseram o que acaba prejudicando os trabalhadores. Ou seja, o certo é precionarmos para que esta anomalia seja corrigida ao invés de atrasarmos os relógios...
Gera, a massa, o povão, a maioria da população acreana, raramente precisa se comunicar com o sul do país. alguns poucos usam telefone - que custa caro - e a maioria usa hoje a internet. Até as empresas estão evitando atender cliente via telefone...Agora se voce tem parentes fora do Acre é quer que o horário fique como está porque é mais fácil para você...Deixa o egoismo de lado e pensa na coletividade.
A realidade da maioria dos que reclamam da hora atual gira em torno des casos descritos pelo Marcelo acima.
Para finalizar: se é para escola começar as 8h, então porque mudaram o horário se antigamente começava as 7h, que equivale a 8h no horário atual?
Evandro
Vilmar, de onde voce tirou essa que agora o horário do acre 'está tecnicamente correto?"
Que mapa você está utilizando? Veja na internet. Tem dezenas de mapas e em nenhum deles o Acre está dentro do fuso equivalente a -1h em relação a Brasília.
Se você não sabe, o Acre possui mais de 80% de seu território na zona horária que nos coloca a -2 h de Brasília. Apenas uma pequena ponta no oeste do Estado, que inclui Rio Branco, está inserida no fuso de -1h.
O que seria melhor? Ter 2 fusos horários no Acre ou incluir essa pequena porção do oeste do estado no fuso de -2h?
O Brasil decidiu essa questão de divisão horária considerando o ponto de vista científico e de conveniência.
Se você olhar no mapa com a divisão dos horários no país vai ver que a linha das zonas horárias não é reta, mas se ajusta a casos específicos.
Veja o exemplo do oeste do Paraná - uma pontinha bem pequena - que está no fuso de -1h em relação a Brasilia. Mesmo assim, por questões de conveniencia e praticidade, TODO o estado do Paraná tem a mesma hora de Brasilia.
Quanto a corrigir a hora de entrada dos trabalhadores para 8h na hora atual, como você sugere, veja que isso equivale a 7h no horário anterior. Se é para fazer isso, porque mudaram nossa hora legal? Para que manter a mudança?
Veja que foi voce mesmo que disse que o bom é os funcionários entrarem as 8h no horário atual (7h no horário anterior).
Você como seu argumento só reforça a aberração que é esse horário atual? Até você, sem querer, está demonstrando que o horário anterior era bom.
Evandro
Olha esse texto está de parabéns. Diz tudo sobre a nossa situação à verdade nua e crua o pior é que muitas pessoas sem a mínima noção do tamanho do problema, vão votar para ficar como está, porém quando buscamos saber quais benefícios nós realmente tivemos, falo do povo, da grande massa, não encontramos realmente. Somente quem se beneficiou com isso foi à classe política e o comercio. Porém uma coisa eu sei, o povo nunca aprende mesmo sendo açoitado que nem escravo.
MARCELO QUER DIZER QUE O HORÁRIO ANTIGO IRÁ FAZER VOCE RECUPERAR O SONO PERDIDO. ISSO É UMA GRANDE ILUSÃO.
Caro Evandro,
1. não é 80% do território que está à -2hr;
2. a referência é pela capital e ñ pela quantidade de território;
3. se é pra voltar ao horário antigo e entrar às 07:00 hr no trabalho, como usam o argumento de descansar mais???
4. por um acaso o horário comercial aqui inicia às 7hr?
Vilmar,
Em resposta aos pontos colocados por vc.:
1. Recomendo urgentemente volta aos bancos escolares ou usar óculos para ver se enxerga o que os mapas - qualquer um disponível na internet e livrarias - mostram;
2. Porque você quer que assim seja: Rio Branco é o que conta no Acre!!!
3. Existe uma grande diferença - física e psicológica - entre ir dormir a noite e acordar quando o dia já amanheceu ou está amanhecendo, e ir dormir e acordar a noite (como é hoje).
4. Não. sempre iniciou as 8h. O horário das escolas é que sempre foi às 7h.
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