quinta-feira, 25 de março de 2010

NÓS E AS RELIGIÕES

Taeco Carignato

Os assassinatos do cartunista Glauco Vilas-Boas e de seu filho Raoni chocaram a nação, despertando polêmicas diversas, às vezes banais, sobre religião, drogas e esquizofrenia. Condena-se o Santo Daime pelo uso de chás alucinógenos em seus rituais, por admitir psicóticos entre os seus seguidores, pelos surtos psicóticos e comportamentos violentos de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes (assassino confesso de Glauco e Raoni). Sem dúvida, não se pode deixar de associar a Igreja Maria do Céu à tragédia que ceifou a vida de seu fundador, mas fazer uma relação direta de causa e efeito entre o uso de alucinógenos pelos daimistas e o comportamento violento do jovem Carlos Eduardo é fazer uma análise superficial e rasteira. Pois não se leva em conta as circunstâncias e o longo caminho percorrido por Carlos Eduardo para chegar ao ato.

Em primeiro lugar, não é necessário que se administre um chá alucinógeno para que se desencadeiem surtos psicóticos. Ocorreram e ocorrem casos de surtos psicóticos em portadores de esquizofrenia e outras formas de transtornos mentais que são ou foram seguidoras de outras seitas religiosas, altamente respeitadas. Um rito, palavra ou atitude de um líder religioso pode desencadear comportamentos violentos. Afinal, os papas João Paulo XX e Bento XVI também não foram vítimas de atentados? E todas as religiões possuem rituais.

Leia o artigo completo na Terra Magazine.

17 comentários:

Matthew Meyer disse...

Bom, já que a Terra Magazine não está permitindo comentários sobre esse texto, vou deixar os meus aqui. O Sr. Carignato acerta quando chama atenção às possíveis consequências de transferir uma prática religiosa a outro contexto cultural daquele em que se gerou. De fato, porém, isso é um fato que se dá com todas as grandes religiões do mundo e com muitas das pequenas também.

Acho que o Altino deve ter colocado esse texto por achar que mostra um outro lado da questão do Daime. Mas para mim, o Sr. Carignato acaba pegando o mesmo varadouro sem saída da grande imprensa e do público de maneira mas geral quando afirma que:

"O problema dos seguidores do Santo Daime está na ausência de simbolização da bebida alucinógena. Se precisam de uma droga (concreta) para alcançar graus elevados de consciência (ou inconsciência) e de autoconhecimento é porque existem falhas em suas crenças."

Aqui o autor mostra sua ignorância do assunto. Primeiro, porque retrata o Daime como apenas uma droga, sem significado simbôlico. De fato, o processo de entrar na mata, procurar o jagube e a folha, processá-los na bebida, e compartilhar o resultado com a irmandade, é repleto de significados "simbólicos" no sentido que são atos que têm motivo além do instrumental. Esse simbolismo se trata geralmente de consagrar a relação que o Mestre Irineu estabeleceu com os poderes da floresta na pessoa da Rainha. Fosse a meta apenas produzir uma droga, dava para dispensar com as abstinências rituais e as tecnologias antigas que se empregam na confecção do Daime.
Segundo, o autor mostra seu preconceito, digamos, ocidental quando escreve que o uso de uma substância psicoativa por si só já implica falha no sistema de crenças. Nessa visão, a fronteira entre o mundo espiritual e o da matéria é bem vigiada, quase não admitindo travessia. A base dessa afirmação é a mesma da grande maioria que já sabe, de antemão, que 'religião com droga' não vale. Quem entende alguma coisa da cultura amazônica brasileira sabe que é justamente uma outra configuração dessa fronteira entre os "dois mundos" que se implica no Daime.

sérgio de carvalho disse...

esta discussão é muito pertinente. vale lembrar que o uso de plantas é presente na maioria das tradições espirituais. Vale lembrar o soma védico, os cogumelos mágicos na américa do norte e europa, as infusões misteriosas no oráculo de delfos, a iboga na Africa, a Jurema na caatinga, o san pedro nos andes, o amanita muscaris entre os esquimós. Enfim, a busca pela transcedência é inerente a condição humana. O mundo visionário abre a percepção para uma nova consciência de vida. è Muito superficial analisar as religiões que utilizam o santo daime , assim como as pajelanças e afins, unicamente sobre o ponto de vista do efeito da bebida, efeito este impossível de ser transposta para palavras, e negligenciar todo o universo simbólico presente nas tradições ayhuasqueiras, nas tradições visionárias. Apóio mais estudos acadêmicos sobre os efeitos do uso do daime, conheço muita gente que se livrou de dependência química com o chá, cito aqui a prestigiada clínica TAKIWASI no peru, entre outros. O que falta é nosso mundo científico abrir os olhos e ver de olhos livres os potenciais de cura desta bebida amazônica. Por outro lado, também me preocupo com apenas o científico, já que um estudo sério sobre a ayhuasca deve ser multidisciplinar. Que possamos evitar opiniões preconceituosas e rasas, mas sim buscar informações, conversar com adeptos, entender a ayhuasca em toda sua complexidade.

sérgio de carvalho disse...

outra questão séria, o termo alucinógeno para os efeitos do daime, que em si, contradiz toda a idéia da miração.
Alucinação é algo que acreditamos estar vendo e que não existe, o que vemos no daime tem muito mais a ver com insights, com o mundo simbólico dos sonhos, enfim... o termo alucinógeno em si traz o conceito de uma idéia preconceituosa , cheio de significações mau intencionada

Rosangela Barros disse...

Bem, só passei por aqui para concordar plenamente com o comentário do senhor Matthew Meyer e tentar acrescentar a minha opinião...

Porque: vejo que toda a insensatez inicia-se com o total desconhecimento, que os grandes defensores do Santo Daime fazem, aos verdadeiros conhecedores deste Chá Sagrado, os indígenas, ou melhor: os xamãs!... Pois a eles, sim, nós devemos todo o respeito do devido uso e conhecimento desta bebida, que nem a ciência ainda explica em sua totalidade... Aos xamãs também devemos o ensinamento repassado ao Mestre Irineu que muito colaborou para o uso de forma correta desta bebida em ritual coletivo... Atualmente, mercantilizada e muito está servindo de (e sempre foi) objeto de especulação (quem lembra da patente americana?)... fugindo totalmente das raízes originárias.... Ainda; o pior de toda a insensatez é o interesse político, pois enquanto costume de uma cultura e seus valores sociais: nenhum político se manifesta na defesa!...Só se percebe o eterno preconceito... Agora é necessário rever as normas das doutrinas que fazem uso da yawaska para evitar futuros transtornos!

Como funciona o cérebro?... Este é, talvez, o maior desafio a que a ciência vive em busca para responder com exatidão e que envolve a eterna investigação da fisiologia do sistema nervoso, da psicologia psiquiátrica, lingüística e de uma inteligência mecanizada... Segunda a ciência, as células nervosas isoladas podem realizar operações lógicas bastante simples; é a profusão das células com suas interconexões que dá origem à complexidade do comportamento e torna o cérebro apto à representação simbólica, assim como a interpretação de fatos e situações do mundo exterior... É esta capacidade que nos permite a obter a percepção (e muitas vezes a ilusão = miração), bem como o comportamento intencional, a aprendizagem e dessa forma a memória, o pensamento e a linguagem... Para o mínimo de compreensão sobre o plexo do sistema nervoso leiam na Wikipédia, a enciclopédia livre: Plexo!...

Daí quando uma substância psicodélica é utilizada como plexo para que ocorra as interconexões entre as células do sistema nervoso e assim toda nossa percepção é através do estimulo psicoativo, podemos obter tanto o equilíbrio, como o desequilíbrio, ou melhor, a interpretação perceptiva do exterior e interior (equilíbrio); como a ilusão=miração externa e interna (desequilíbrio): tudo dependerá da dose psicoativa e do estado comportamental e emocional de cada indivíduo... Querem compreender melhor como funciona o inconsciente individual e coletivo através do estimulo com ayawaska bebam o chá e depois leiam “O Eu e o Inconsciente”, e compreendam muito bem o que nos diz Carl Gustav Jung que “valorizou enormemente o fenômeno religioso e místico como uma das manifestações mais transparente das profundezas do inconsciente coletivo”...

Com toda a certeza ninguém irá encontrar a resposta (no meu comentário) para o funcionamento do inconsciente coletivo através da ayawaska porém é possível encontrar a explicação para as especulações deste chá: que não pode e não deve ser ingerido com freqüência e nem em qualquer quantidade e qualquer ambiente, muito menos por pessoas em estado emocional desequilibrado... Se o assassino de Glauco já estava em desequilíbrio e fazia uso de outras substância psicodélica: podem ter certeza que o chá só intensificou o desequilíbrio emocional dele... Por favor, não me interpretem mal!... Pois, não estou julgando e tão pouco atribuindo valeres e verdades absolutas: o que eu quero dizer é que nem ele (o assassino) e nem o Chá são os responsáveis por tal desequilíbrio, mas a forma que esta bebida vem sendo utilizada e manipulada por pessoas desconhecedora de seu potencial deve ser melhor analisada...

Eis aqui a minha opinião!

Urge a necessidade de maior controle entorno das seitas e suas normas doutrinárias, bem como rever as leis que normalizam o uso da ayawaska!...

Anônimo disse...

Rosângela Barros,

Quando o assunto é política “chego junto” para dizer e defender o que penso, falo o que quero e ouço o que não quero; isso é o jogo democrático. Para discutir política se não houver baixaria não há desgaste.

Com relação ao assunto tenho evitado participar com comentários por se tratar de crenças, de opção e foro muito pessoal. Evitei entrar no debate porque tenho lá minhas dúvidas se todos que usam o tal chá o faz com o objetivo puro como os Índios descobriram a aplicam em seus rituais. Como muitos “brancos” usam de boa fé não é o caso de eu expor minha visão e parecer critica generalizada.

Seu texto aproxima muito com minha forma de pensar, se me permite faço minhas as suas palavras na questão por vê-la bem elucidativa.

Abs

Rosangela Barros disse...

Obrigada, SIMEI, por nos apresentar a sua sensibilidade: você está correto no que diz!... Realmente, os rituais do Daime são totalmente distintos dos rituais indígenas com a Ayawaska...

Eu também tentei evitar expor a minha opinião para não ofender alguns que pouco compreende as raízes desse chá, porém muito falam sem o menor respeito nem mesmo pelas normas que deixou prescritas, o Mestre Irineu! Ele sim, sempre foi muito fiel ao pajé que lhe ensinou: eu não tenho nenhuma intenção de aqui generalizar, pois conheci Igrejas que as normas são louváveis e merecem nosso respeito!... Por outro lado, a Ayawaska é de uma potencialidade indescritível e existem por aí muitos Padrinhos (doutrinadores do Daime) inexperientes que não conseguem manter o devido controle aos seus seguidores: isto é muito perigoso!...

Por isso acredito que é necessário repensarem a forma que foi regularizada: penso que já estar na hora de existir um controle mais sério em algumas seitas que fogem das normas estabelecidas pelas doutrinas do Daime...

Bento Marques disse...

Há pelo menos 2.000 anos os políticos, os religiosos, os professores, os médicos, etc, etc, etc, estão no controle. Controlam nosso modo de andar, pensar, falar e ouvir Deus.
Por um acaso deu certo? A sociedade humana está em equilíbrio, evoluiu ou involuiu?
Controlar o Daime? Sugiro também controlar a igreja católica, evangélicos, umbandistas, hinduístas, ioguista, os militares, os políticos, o judiciário, a mídia.
Que tal uma ditadurazinha?
Porque na origem Jesus e todos os mestres vivenciaram o amor. Não falaram em controle, falaram em liberdade. Falaram em aumentarmos nosso nível de consciência, buscar a sabedoria.
E é isso que o Santo Daime nos dá.
Se alguns não aproveitam, problema deles.
Um mestre iogue respondeu a um jornalista que dizia que o Yoga estava deturpado hoje em dia pelo mundo. Não era mais como na origem.
Resposta: Na nascente, as águas de um rio, são cristalinas, puras...depois que ele corre, seguindo para o mar, são agregados folhas, terra, pedras...ele não é mais o mesmo como na nascente...mas ele corre e vai chegar no MAR.
Assim é a vida!
Força, Luz e Amor.

Rosangela Barros disse...

Sr. Bento, abaixo o controle da ditadura! Eu em nenhum momento sugeri controle ao Daime em se, mas sim a forma que algumas seitas vem utilizando, como você bem afirmou a essência primeira do Daime é a Liberdade, mas você parou para pensar se são todos os indivíduos a saberem fazer bom uso da liberdade? Ou você é de acordo com banalização dos aspectos simbólicos que Ele representa para uma cultura?...

Sinceramente, eu gostaria de aprofundar uma discussão sobre Liberdade x Doutrina para chegarmos a uma compreensão da preocupação que eu tentei apresentar, mas não valerá a pena!... Pois só ao imaginar o que é liberdade num país antidemocrático, eu já me assusto com a sua idéia de liberdade...

Talvez eu esteja enganada: você já deve saber que as religiões refletem o sistema do país em que estão inseridas, ou melhor, as religiões são condicionadas pelos sistema político do Estado: eis a nossa essência de liberdade! E como será o Daime doutrinando a liberdade num Estado antidemocrático?... Diga-me, por favor, pois me foge a compreensão!... Bem sei que a ditadura já acabou há algumas décadas, mas a democracia ainda não chegou até a mim, aponte-me o caminho!... Controle por zelo(=precaução) é diferente de proibição por imposição!...

Paz, Luz e Amor com muita União!...

@MarcelFla disse...

Entedo com perfeição o lado da senhora Rosangela Barros, a preucupação com a deturpação da doutrina tão bonita como é a do daime, mas neste caso acredito que o Bento carregue a luz da razão, o Brasil é sim um Estado Democrático de Direito, a prova maior são as liberdades asseguradas pela constituição a todos os seus cidadões, entre uma delas, o direito a livre escolha de religião, uma claúsula pétrea que não pode ser alterada, e caso seja desrespeitada, há um remédio constitucional chamado Mandado de Segurança para reaver o Direito perdido.

Quero que a senhora Rosangela perdoe-me, sei que tivemos nossas diferenças no passado, mas quero reafirmar que são puramente ideológicas, não tenho nada contra a senhora, porém, é preocupante quando alguém diz “Controle por zelo(=precaução)”, pra mim, controle é quase sinônimo de concessão (que pra mim é resquício de ditadura), e na concessão, graças ao poder discricionário que é dado a administração pública, a permissão ou não de se realizar algo ocorre puramente por conveniência ou oportunidade, diferente de quando se adquire um Direito, no qual a administração é obrigada a lhe permitir o livre exercício do mesmo, que é o que se caracteriza aqui.

Prefiro pensar que, o que a senhora propõe é uma maior fiscalização do modo que operam algumas seitas, sendo daimistas ou não, para que se observe se não são feridos outros príncipios contitucionais como os de dever zelar pela saúde, segurança etc., de todo cidadão, ou seja, para que os líderes religiosos venham a agir sempre com ética e responsabilidade.

E caso à senhora sinta-se violada na sua liberdade, seja ela qual for, caso seja coagida por alguma autoridade pública de qualquer nível e tenha o seu direito lesado, sugiro que procure um bom advogado, agir com democracia não é só votar, é se organizar como sociedade, fiscalizar e cobrar os atos daqueles que colocamos para representar-mos, e muitas vezes lutarmos por isso, sozinhos ou não, democracia é um direito nosso assim como a liberdade, e há uma frase comum no mundo jurídico que acredito que cae muito bem aqui, “O direito não socorre aqueles que dormem!”.

Espero que esse texto não tenha ficado muito confuso.
Grande abraço a todos.

@MarcelFla disse...

Entedo com perfeição o lado da senhora Rosangela Barros, a preucupação com a deturpação da doutrina tão bonita como é a do daime, mas neste caso acredito que o Bento carregue a luz da razão, o Brasil é sim um Estado Democrático de Direito, a prova maior são as liberdades asseguradas pela constituição a todos os seus cidadões, entre uma delas, o direito a livre escolha de religião, uma claúsula pétrea que não pode ser alterada, e caso seja desrespeitada, há um remédio constitucional chamado Mandado de Segurança para reaver o Direito perdido.

Quero que a senhora Rosangela perdoe-me, sei que tivemos nossas diferenças no passado, mas quero reafirmar que são puramente ideológicas, não tenho nada contra a senhora, porém, é preocupante quando alguém diz “Controle por zelo(=precaução)”, pra mim, controle é quase sinônimo de concessão (que pra mim é resquício de ditadura), e na concessão, graças ao poder discricionário que é dado a administração pública, a permissão ou não de se realizar algo ocorre puramente por conveniência ou oportunidade, diferente de quando se adquire um Direito, no qual a administração é obrigada a lhe permitir o livre exercício do mesmo, que é o que se caracteriza aqui.

Prefiro pensar que, o que a senhora propõe é uma maior fiscalização do modo que operam algumas seitas, sendo daimistas ou não, para que se observe se não são feridos outros príncipios contitucionais como os de dever zelar pela saúde, segurança etc., de todo cidadão, ou seja, para que os líderes religiosos venham a agir sempre com ética e responsabilidade.

E caso à senhora sinta-se violada na sua liberdade, seja ela qual for, caso seja coagida por alguma autoridade pública de qualquer nível e tenha o seu direito lesado, sugiro que procure um bom advogado, agir com democracia não é só votar, é se organizar como sociedade, fiscalizar e cobrar os atos daqueles que colocamos para representar-mos, e muitas vezes lutarmos por isso, sozinhos ou não, democracia é um direito nosso assim como a liberdade, e há uma frase comum no mundo jurídico que acredito que cae muito bem aqui, “O direito não socorre aqueles que dormem!”.

Espero que esse texto não tenha ficado muito confuso.
Grande abraço a todos.

Bento Marques disse...

LIBERDADE NÃO TEM DEFINIÇÃO. NÃO POSSO AJUDAR COM PALAVRAS SOBRE LIBERDADE.
TUDO ISSO SÃO DESEJOS, PROJEÇÃO DE NOSSAS MENTES.
MAS NÃO FIQUE ASSUSTADA NÃO.
O MEDO É O PRIMEIRO INIMIGO DOA) CAMINHANTE!
POSSO LHE AJUDAR EM UMA COISA.
A SENHORA MEDITA?
AÍ ESTÁ A LIBERDADE.
DESDE QUE NÃO QUEIRA TAMBÉM CONTROLAR COMO SE MEDITA.

DAIME FORÇA, DAIME LUZ E DAIME AMOR!

Rosangela Barros disse...

Caro senhor, Marques! Eu sempre apreciei por demais os seus comentários, e muito admiro algumas das suas intervenções (li nas teorias que a maturidade nós conquistamos com as divergências), mas - convenhamos - falar de estado de direito com bases teóricas e pontuando a Constituição é muito simples e fácil de entender... não existe nada de confuso na sua intervenção: eu é que devo ter sido obscura no que tentei expressar!... E até concordo com o senhor: eu necessito de um bom advogado, pois os dois que eu busquei para solucionar meus direitos lesados, não foram nada profissionais!...

Bom, quanto ao controle por zelo baseado nas precauções que devemos ter com as questões e pessoas que nos preocupamos e são partes de nosso bem-querer: não entrarei em maiores detalhes com o senhor, apenas lhe convido para beber o chá lá na aldeia onde o pajé se predispões a me esclarecer situações que não convém registrar aqui! Isto é: se o senhor morar mesmo no Acre, pois a forma que o senhor se posiciona, até parece com Um Marujo que tentou me bombardear além-mar!...

Senhor Bento, por favor! Liberdade sem controle vira libertinagem!...

Um bom domingo a todos!

Bento Marques disse...

Gosto também de seus comentários amiga. Mas liberdade com controle, unhhhhh!!!! Por enquanto estou impedido de aceitar seu divino convite de ir com o pajé. Moro além floresta, na terra dos cristais. Mas nasci aí! Só que sou mundano e livre.
Vou continuar o néctar dos Deuses por aqui mesmo.
Força e Intento!!!!

O Mito da Caverna
Platão
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.

A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.

Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.

Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.

Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.

Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.

Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.

Rosangela Barros disse...

Caro Amigo, Fico-lhe muito grata pelo Mito! E agora acredito que tu és um acreano que deve de está morando longe... por não ter sido compreendido na sua própria Pátria Amada!...

Só um detalhe: sua preferência pelo doce Néctar dos Deuses, foi após de ter superado o doce sabor amargo do Chá, pois depois que nós ultrapassamos as Sombras da Caverna do Platão: beber o chá não faz mais sentido! Basta o Néctar dos Deuses para nos Elevar na mais Infinita Paz humana e todos os Caminhos da Vida a nós são permitidos, já que sabemos ser livres, sem se perder nas Luzes ofuscantes dos Cristais: eu também já superei esta etapa e me deleito com o Néctar dos Deuses, pois o chá me permitiu ir além das Sombras da Caverna... E superar a visão coisificada e estagnada que Platão teve da realidade social: eu estou para além do Platão... Só que a âncora presa ao meu tornozelo que me impede de ir e vir na mais pura liberdade é uma Missão que devo cumprir: eu tenho que mostrar aos meus irmãos as verdades na escuridão das cavernas que os aprisionam, eu não suportaria vê-los morrer na escuridão em conseqüência do Individualismo Hipócrita que impera na nossa realidade! Isto foi um erro do Platão (não ter dado uma dinâmica às sombras) e que atualmente é muito bem absorvida pela estrutura do Estado e nas práticas das políticas partidárias!... Aqui, repito: eu superei Platão!...

Por isso defendo a Liberdade com Controle, é apenas uma tentativa de não deixar os cegos inocentes caírem nos abismos sem fim e sem volta, enfim: existem pessoas que não têm controle de si e ainda estão presas aos traumas da ditadura que os impossibilitam de usufruírem uma liberdade sem controle: é o mal da sociedade, são doenças sociais que correm e destrói a humanidade, sem os indivíduos se darem conta do que estão a fazer, resultado: vícios, dependências, violências de todos os gêneros, distúrbios emocionais e sexuais, latrocínios e homicidios, eis o resultado dos séculos de opressão: pobres seres que ainda não sabem ser Livres!...

Parabéns, pela conquista de Tua Liberdade e por está sabendo fazer bom uso dela: segues sempre adiante na mais infinita e pura Paz, voa como uma águia!... Mas não esqueça daqueles que ficaram para trás, presos e perdidos... Felicidade Eterna, te desejo sempre!...

Anônimo disse...

Bonito ver a peleja de pessoas tão esclarecidas e intelectuais, invocaram até Platão para chegarem a um denominador comum. Como filósofo eu não sou, me recorro a um provérbio popular para me expressar na saudável contenta.

“O balançado da carroça é que ajeita a carga do Jerimum”

Unknown disse...

Há uns vinte anos atrás recebemos em Rio Branco o fotógrafo catarinense Luis Veiga, Prêmio Nikon, que documentou várias das igrejas da ayahuasca em Rio Branco, trabalho que hoje pode ser acessado em:

http://www.arcapress.org/?page_id=2145

Luis Veiga está abrindo o espaço para as manifestações a favor da liberdade religiosa da ayahuasca: "O site arcapress é um espaço de documentação e não de foto jornalismo como você pode ver, todas as religiões são aqui tratadas sem preconceito. Contra o preconceito e intolerância da atual perseguição e cerco da grande mídia ao santo Daime, me posiciono. Caso tenha interesse divulgue, comente prometo publicar tudo."

Saudações!

Bento Marques disse...

Viu como valeu a morte de Glauco?
Seu espírito de luz nos colocou em contato e já sou um grande admirador seu. Você está me ensinando muito.
Mas só uma coisa. Sou compreendido em minha própria terra; aliás, terra que uso de passagem para voar livre e direto para o infinito.
Não me esqueço de ninguém. Nem dos animais que não como mais.
Ando por esse mundão ensinando AUTO-MASSAGEM e MEDITAÇÃO nas praças, jardins, montanhas e praias.
Aqui onde moro agora, na terra dos belos espécimes, ensino todos os dias pela manhã em uma praça. Aberto à população. Aulas para aumentar o nível de consciência e para cada um tomar conta de si, através de técnicas de harmonização e cura.
E estou com meus alunos de massagem, uma vez por semana, massageando dentro do hospital.
Massageamos os enfermeiros(as) e adoentados enviados pelos médicos.
Mais massagem e menos remédio!
Grato Altino pela oportunidade de poder falar com gente inteligente e do bem.
Saudações Cristalinas!!!