segunda-feira, 1 de março de 2010

MOÇÃO DE REPÚDIO

"Nós, Mulheres Trabalhadoras Rurais, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, reunidas no Seminário Regional de Empreendedoras Rurais da Amazônia, temos escutado na Rádio Difusora Acreana, durante esta semana, novamente músicas de caráter machistas, com linguagens sexistas, que fazem apologia a violência e a sexualidade da mulher, músicas estas que haviam sido retiradas da grade dos programas na diretoria anterior, período em que fizemos uma Moção de Apoio parabenizando a referida rádio pela atitude tomada.

No entanto, hoje vimos nos manifestar nosso repúdio a todas essas músicas que contribuem para as desigualdades e opressão das mulheres, como também, a conduta da Rádio Difusora Acreana, que acaba, indiretamente, contribuindo para a violência contra a todas as mulheres acreanas.

Essas músicas fazem parte da mercantilização das emoções humanas. Começaram a ser produzidas pela indústria fonográfica nos anos 80 para, justamente, dominar as emoções das pessoas e, estrategicamente, escravizar a mulher.

Temos a certeza de que os princípios da emissora nunca foi esse em seus 65 anos de existência.

Portanto, não podemos ficar quietas sem demonstrar a nossa indignação por atitudes como estas. A Rádio Difusora Acreana tem o papel de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. De apresentar para seus ouvintes que é possível criar uma nova forma de fazer rádio.

Assim, no cumprimento do nosso papel na luta pela garantia dos direitos humanos, e principalmente das mulheres, solicitamos que sejam providenciadas medidas urgentes no tocante a grade musical dos programas da referida rádio, afim de que não desrespeitem as mulheres do Acre.

Estamos nos aproximando da data que marca simbolicamente 100 anos da nossa luta, o 08 de março – Dia Internacional da Mulher, e não podemos nos isentar de contribuir para a construção de um estado democrático de direito, da paz, mas que sobretudo, traga a garantia aos direitos humanos e a justiça social para mulheres e homens.

Rio Branco, 26 de fevereiro de 2010.

Atenciosamente,

Fórum de Mulheres do Alto Acre e Capixaba

Movimento das Trabalhadoras Rurais no Acre

Conselho Estadual dos Direitos da Mulher - CEDIM

Conselho Municipal dos Direitos da Mulher - CMDM

Rede de Mulheres Empreendedoras Rurais da Amazônia - RMERA"

10 comentários:

@MarcelFla disse...

Seria bom citar as músicas que a rádio coloca.

Eu Particulamente dúvido que uma música faça com que um marido venha a agredir uma esposa ou coisa do tipo, mas...

Acreucho disse...

Marcel, meu caro, se uma música é capaz de fazer com que um casal seja mais carinhoso um com o outro, acredito que uma música também possa suscitar outros sentimentos. A produção musical no Brasil, nos últimos anos tem sido uma porcaria, tanto é que artistas famosos estão re-gravando antigos sucessos, por falta de algo melhor.

Anônimo disse...

Vão procurar o que fazer, achar que música vai levar um homem é agredir uma mulher é muita imbecilidade, a chance é pra lá de remota. Tem "n" motivos que podem levar a agressão (bebida, má criação, distúrbios psicológicos, etc), nessa escala acho que a música está entre os últimos.

@MarcelFla disse...

Acreúcho respeito seu ponto de vista de maneira que uma das coisas que nos fazem apreciar uma música é justamente a identificação que temos com ela, sendo assim ele pode ser válido nos casos de homens com pouca ou nenhuma educação que residem em locais distantes (colocações, colonias, seringais etc.), lembrando que falta de educação não é sinônimo de falta de caráter, o que me leva a crer que a música por sí só não pode ser fator decisivo em caso de agressão contra mulher.

Quanto à indústria fonográfica, não só no Brasil como no mundo não vem mostrando muita qualidade, porém, a culpa não é dos artistas, temos vários bastante talentosos e com boas canções só que não são apreciados pela massa que prefere Dejavú entre outros.

Mas que as melhores músicas já foram feitas isso é verdade!

Andarilho disse...

É. Tem essas coisas nas mais distantes colocações e seringais. É aquela velha história 'mente vazia com dor de cotovelo' o 'caldeirão ferve'.
Mas, seria bom mesmo, ter citado que musicas são essas.Para entendermos melhor. Afinal, o publico ou ouvintes é que interessa realmente.
Concordo com tudo que foi dito antes, respeitando os outros posts, mas falar que música faz isso ou aquilo, por si só não relevante.
Acho que os fatores culturais, as crencas, o machismo (que já existia antes mesmo de muitas terem nascido), dentre outros fatores, são que contribuem realmente para a violencia contra a mulher em suas mais diferentes formas, no confins dos seringais e colonias.
Se temos aqui na cidade imaginemos nas mais distantes localidade.

Anônimo disse...

Infelizmente a indústria fonográfica que visa somente o seu lado comercial coloca do mercado somente o que lhe trás retorno, vejam, por exemplo, como as Rádios (todas) gostam de tocar músicas com duplo sentido, Se isto as faz é porque sabem que tem um público consumidor, enquanto isso os Falcões, os pseudo-s Sertanejos, os “Remelexos” engordam suas contas bancárias. Por outro lado, por mais que a rádio em questão queira levar entretenimento aos seus ouvintes, ela não carece de medidor de audiência, ela deve estimular mais cultura aos seus tele-ouvintes, pois seu mantenedor somos nós ou a máquina do estado. Ou não?

A Rádio Difusora tem lá suas utilidades como prestador de serviços, como as “mensagens” de Colocação para Colocação, de cidades para cidades.

Umas das mensagens que mais gostei ao ouvi-la foi uma nota de desagravo de uma moça ao seu visinho.

O locutor leu:

Sr. fulano, peço que não chame mais minha mãe de Jararaca, isso tem magoado demais minha mãe. Sr. Fulano, somos todos irmãos e devemos viver bem com todos, se o Sr continuar chamado minha mãe de Jararaca tomarei sérias providências contra o Sr. na justiça. Por favor, não chame mais minha mãe de Jararaca. !!!

Anônimo disse...

olha eu tenho 30 de rádio ja mais dei atenção pra homems que espacam muulheres.e não vejo motivo algum pra tanta violencia.e faz sentido sim assa revindicação das mulheres organizadas. que nesse pleito espero que as mulheres elegam mulheres como suas repreazentantes nas assembleias estaduais .quanto a RÁDIO E UMA BOA ALERTA .

Vingador disse...

Bem,
Não existe mais censura no Brasil. Acredito que quem tentar impor seu ponto de vista no grito já começa perdendo um pouco de razão.

Unknown disse...

Engraçado ou estranho? Num post sobre "luta" por direitos das mulheres... Nenhuma mulher se manifesta... até agora...
...é por isso que tenho enorme dificuldade de levantar bandeiras do movimento "feminista"!!! na verdade nem levanto de fato...
Penso o que a LUTA deve ser para emancipar a humanidade e não só a mulher. Entendo que o movimento de mulheres não consegue avançar, justamente por que sempre esbarra nas questões de gênero, questões essas, que atingem todos, não só mulheres. É necessário avançar, diferenças entre homens e mulheres sempre iram existir, elas são naturais, já “dominação” e “machismo” são situações históricas, não eternas, podem ser superadas com esforço primordial de todos nos. Voltando a questão principal... Música
Todos, homens, mulheres, e demais somos diariamente violentados pelo lixo cultural tocado nas rádios brasileiras. Isso sim embrutece o homem e a mulher, transforma cultura e sentimentos em mercadoria vendável pronta pra ser exposta na vitrine para ávidos consumidores não muito exigentes. Mas esse é um mundo sem censura cada um escolhe o quer ouvir... E se manifesta quem se sente ofendido. A iniciativa é boa mais deveria agregar-se com outros setores do Movimento Social

Ihhh desculpa Altino, vou escrever menos da próxima vez...

@MarcelFla disse...

Perfeito o comentário da Jacque...