quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O CUSTO DO CIGARRO

Marina Silva

O que sabemos hoje sobre os danos causados pelo cigarro e pela produção de tabaco na saúde das pessoas e na biodiversidade nos obriga a buscar uma nova forma de lidar com o problema.

Já existem dados e pesquisas suficientes não só para desestimular o consumo e a produção do fumo, mas para garantir ambientes 100% livres do tabaco. É por isso que meu parecer é pela aprovação do projeto do senador Tião Viana, que segue nesta direção. A proposta (PLS nº 315/08), que vem provocando muita discussão, deve ser votada hoje (02/12) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.

O cigarro é um grave problema de saúde pública. Os números são assustadores. O fumo mata mais que a AIDS, a malária e a varíola juntas, segundo o Ministério da Saúde, que registra a morte de cerca de 200 mil pessoas em decorrência dele por ano.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) não são menos alarmantes. Nos últimos 30 anos, o cigarro foi responsável por um milhão de óbitos e deve provocar, nos próximos 15 anos, mais de sete milhões de mortes. Recente pesquisa do IBGE revela que há 24,6 milhões de fumantes no Brasil.

Do ponto de vista ambiental, o fumo é igualmente destrutivo. Florestas inteiras são devastadas para alimentar os fornos à lenha que secam as folhas antes de serem industrializadas. E para a obtenção de safras cada vez melhores, os plantadores de fumo usam agrotóxicos em grande quantidade, causando danos à própria saúde e ao ecossistema.

E o que dizer das sobras? Os filtros atirados em lagos, rios, mares, florestas e jardins demoram muitos anos para se degradarem. Quando não provocam incêndios ou a morte de peixes e plantas aquáticas.

Para os que não fumam, mas estão expostos à fumaça do cigarro, os prognósticos não são nada alentadores. Dados científicos divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) comprovam que a fumaça assimilada pelo fumante passivo - que se expõe involuntariamente ao fumo - tem três vezes mais nicotina e 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a expirada pelos tabagistas.

Em um recinto fechado onde o fumo é permitido, ao fim de oito horas, o não-fumante terá consumido o equivalente a dez cigarros, aumentando em até duas vezes a chance de contrair câncer de pulmão.

Temos ainda que considerar as conseqüências do cigarro para os cofres públicos e privados. Para se ter uma idéia, relatório do Banco Mundial aponta que, de 1996 a 2005, houve mais de 1 milhão de hospitalizações relacionadas ao tabagismo no SUS, com custos em torno de meio bilhão de dólares.

Por sua vez, não há estudo legítimo sobre impacto econômico que demonstre efeito negativo sobre a indústria hoteleira, de turismo, vendas ou qualquer que seja a atividade quando uma lei antifumo passa a vigorar.

Em 2003, o Brasil assinou a Convenção-Quadro para o controle do uso do tabaco. Foi o primeiro tratado internacional de saúde pública com o objetivo de "proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras conseqüências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo e exposição à fumaça do tabaco".

É verdade que já temos a Lei nº 9.294/96, impondo restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos. Mas ela precisa ser atualizada. Não só para ajustar-se aos preceitos e diretrizes da Convenção, mas para garantirmos ambientes 100% livres da fumaça do tabaco, única estratégia eficaz para eliminar a exposição à fumaça do tabaco em ambientes fechados.

A medida, que já vem sendo adotada em muitos estados, como São Paulo, vai ao encontro dos anseios da população brasileira. Segundo pesquisa realizada pela organização não-governamental Aliança de Controle do Tabagismo (ACTbr), 88% dos brasileiros são contrários ao fumo em locais coletivos fechados.

As leis devem assegurar igual proteção a todos. O direito de fumar, tão defendido por alguns como exercício da liberdade do indivíduo, não pode ser justificativa para que não adotemos leis que garantam aos não-fumantes o exercício do direito a um meio ambiente sem poluição de tabaco e à preservação de sua saúde.

Marina Silva é professora de ensino médio, ex-ministra do Meio Ambiente, senadora do Acre pelo PV e colunista da Terra Magazine.

9 comentários:

Adir disse...

O custo do cigarro?
Moça, explica aí sua situação com esse esgoto em GDT juntamente com essa manada que agora você faz parte! pare com essa conversa desconexas sem pé e sem cabeçã, ou você acha que a patuléia acredita em Boi-Tatá etc?!
Vai rancar inhame minha filha!!!

Francisco Cândido Dias disse...

Sou fumante, compro com meu dinheiro, que é consequência do meu trabalho e não de roubalheira do bolso do povo.Concluindo: minha filha não gosta que eu fume, mas ela prefere que eu seja fumante do que ladrão.Cuidado com o Minc d. Marina, ele gosta é de dirijo.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Magui disse...

É verdade.Eu não posso entender como tem gente que , ainda, fuma.Eu espero que ao ficar doente não espere ajuda de quem não fuma.Pode até fumar mas aguente sozinho as consequências especialmente de doer no bolso ou se acabar babando na gola.

Magui disse...

É verdade.Eu não posso entender como tem gente que , ainda, fuma.Eu espero que ao ficar doente não espere ajuda de quem não fuma.Pode até fumar mas aguente sozinho as consequências especialmente se doer no bolso ou se acabar, babando na gola.

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro Altini,

Penso que quem pode não fumar, não fume. Realmente o cigarro faz mal. Agora, por outro lado, é fácil falar contra o fumante. Quero saber é porque essa gente toda não tem coragem de peitar as grandes empresas do setor. Todos nós sabemos, por exemplo, que a maior emissão de CO2 é provocada pela queima: Quem promove queimadas? quem tem a coragem de barrar projetos ligados à indústria da cana e da pecuária (os que mais praticam queimadas)? E a exploração de petróleo e gás no Acre, quem defende?

Ninguém é totalmente coerente mas, não sejamos hipócritas...

Bom trabalho.

Lindomar Padilha

Unknown disse...

Ideal seria a pessoa fumante, usar seu vício num lugar onde outras pessoas não fossem alcançadas pela fumaça. Cada um tem direito a usar seu corpo da maneira que lhe aprouver. Bebendo, fumando, cheirando, e o que puder mais, no entanto seu vício não deve servir como premissa (falsa) para querer criticar aqueles que não fizeram isso ou aquilo, quanto a desmate, emissão de C02, etc...O combate ao fumo e às indústrias, vem se desenvolvendo ao longo de décadas. Agora, se a pessoa não tem informação disso, como poderá se posicionar criticamente sobre o assunto? Viva a Democracia!

Francisco Cândido Dias disse...

Só puritano, só falta fazer milagre, vão pentear macaco bando de hipócritas.Vcs tem noção de quanto as industrias do fumo pagam de impostos pra nação? Se esse dinheiro fosse bem empregado na saúde teríamos uma das melhores do mundo.Aliás já temos, o nosso presidente não falou que o Obama precisa copiar o sus( a melhor saude pública do mundo)kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

Unknown disse...

Tu podes até saber ler, mas interpretar, tá longe meu!é hipocrita quem cita a dos outros ou as suas? Por essas e outras....Socorro..

O MONGE FAMINTO disse...

Pois é isso mesmo. O custo do cigarro? O Brasil cheio de problemas, corrupção em Brasília, a mídia golpista, e a dona Marina falando em custo do cigarro? Vai te catar!!!!!