Marina Silva
Diariamente os meios de comunicação divulgam estudos, relatórios e projeções sobre as mudanças climáticas. Estamos na reta final dos preparativos para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 15) em Copenhague, na Dinamarca, e aumenta a pressão sobre os países para que sejam feitos todos os esforços para que saia um acordo na reunião.
Essa pressão crescente da sociedade fez com que nestes poucos dias que antecedem ao encontro, muitos países apresentassem suas metas. O Brasil foi um deles. E ao que tudo indica, é possível que os Estados Unidos também o façam. Diante das expectativas, há esperança de um acordo global, apesar do descrédito em relação ao que foi feito até agora pelas lideranças mundiais.
Crescem também as discussões sobre os percentuais de redução das emissões já apresentados. E fica difícil para a maior parte da população entender se o que é tido como boa notícia, de fato é.
A meta brasileira, apresentada há duas semanas, exemplifica bem essa dificuldade. A proposta prevê a redução das emissões projetadas até 2020 entre 36,1 e 38,9%. Contudo, como não foi divulgada ainda a atualização do inventário nacional sobre as fontes de emissões e potenciais sumidouros de carbono, tampouco os cenários tendenciais, fica difícil traduzir a estimativa em metas reais.
Segundo projeções do governo, o país estará emitindo em 2020 cerca de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, caso nenhuma medida de mitigação seja tomada.
Outro estudo, entretanto, projeta números bem menores. Para o Banco Mundial, a emissão total nesse mesmo cenário seria de apenas 1,697 bilhão de toneladas em 2030.
Independente da divulgação do inventário, o Brasil levará a proposta para Copenhague. E espera-se que, até lá, seja aprovado o projeto que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PLC 238/09).
Como relatora da proposta na Comissão de Meio Ambiente do Senado, estou apresentando algumas emendas ao projeto. A principal é a que insere um piso mínimo de referência para a meta de redução de emissões assumidas pelo governo. De forma que, independente das projeções, qualquer meta não poderá ser inferior a uma redução de 20% em relação às emissões quantificadas em 2005 no Inventário Nacional.
Para atingir as metas que propôs, o governo quer reduzir a taxa de desmatamento no bioma Amazônia em 80% e no Cerrado em 40% até 2020, entre outras ações nas áreas da agricultura, energia e siderurgia.
Mas para que o nível de redução das emissões seja um pouco maior, de 20%, bastaria ampliar a meta de redução do desmatamento no bioma Cerrado para 60%, como inicialmente previsto, promover ações de reflorestamento e ampliar as metas já estabelecidas para a área da agricultura.
São ações adicionais plenamente possíveis de serem implementadas pelo governo. Elas se reverteriam em enormes benefícios sociais e econômicos, além dos ambientais. Trata-se da conservação e recuperação de mananciais de água, recuperação da capacidade produtiva de terras hoje impróprias para a produção, aumento da produtividade na agricultura e a geração de atividades econômicas e empregos verdes.
Lamentavelmente, o desmatamento do Cerrado é hoje o dobro do que se verifica na Amazônia. Isso fez com que o bioma já perdesse mais da metade da sua extensão. São necessárias medidas urgentes para evitar mais destruição, considerando ainda o agravante de que as emissões do desmatamento e das queimadas no bioma podem anular os esforços de redução das emissões obtidas na Amazônia.
Na semana passada, foi publicada o estudo "Trends in the sources and sinks of carbon dioxide" (Tendências nas fontes e sumidouros de dióxido de carbono, em tradução livre) na revista Nature Geoscience. O relatório prevê um aumento nas temperaturas globais de 6°C em 2100 caso seja mantido o padrão atual de emissões de gases do efeito estufa.
O trabalho foi coordenado pelo Global Carbon Project e indica que as emissões da queima de combustíveis fósseis aumentaram 41% entre 1990 e 2008 ao mesmo tempo em que os sumidouros naturais de carbono, como florestas e oceanos, estariam perdendo sua capacidade de absorção.
Para os autores, a COP 15 é apontada como a última chance para se evitar o aumento nas temperaturas. Para se chegar lá, é preciso que as metas apresentadas sejam transparentes, objetivas, verificáveis e efetivas
♦ Marina Silva é professora de ensino médio, ex-ministra do Meio Ambiente, senadora do Acre pelo PV e colunista da Terra Magazine.
7 comentários:
É pena que muito discurso seja feito em torno da redução da degradação ambiemtal,e muito pouco tenha sido feito. Quando tentam fazer é querendo criminalizar os trabalhadores rurais, que não tem nada a ver com isso.Quem tem que ser responsabilizado pelo aquecimento global é o grande capital, que vem destruindo o mundo com a espansão do agro-negócio e a exploração mineral.
"Lamentavelmente, o desmatamento do Cerrado é hoje o dobro do que se verifica na Amazônia. Isso fez com que o bioma já perdesse mais da metade da sua extensão."
talvez não custasse perguntar qual é a culpa de Blairo Maggi-o maior destruidor ambiental do Brasil e Kátia Abreu-Miss Motoserra e inimiga nº01 dos ambientalistas, nesse desmatamento. O primeiro foi eleito em uma coligação que incluia o PV, das novas utopias, de Marina Silva. A segunda é do DEMo, partido com o qual o PV está coligado em milhares de municípios e para o qual Gabeira, um dos coordenadores do PV foi mostrar seu plano de governo, quando da idéia de se lançar candidato a governador no RJ. Marina parece estar se especializando em cinismo...
E o lixo jogado no meio ambiente, por ex? Fechar fileiras em um só assunto não resolve a questão mas promove os políticos de um discurso só.
Uma perguntinha básica. É verdade ou mentira que a temperatura média global tal qual medida anteriormente declinou na última década?
Caro, Magui pelo que eu percebi você está mais atento que a Senadora!... Estive pensando sobre o que os especialistas esperavam do Protocolo Kyoto que sofrerá a substituição dos acordos multilaterais ambientais na Conferência de Copenhague - COP-15, segundo os entendidos o ser humano poderia evitar as catástrofes climáticas de alta intensidade que estão previstas para o futuro com as seguintes ações em comuns dos países, que são os exemplos a seguir:
“- aumento no uso de fontes de energias limpas: biocombustíveis, energia eólica, biomassa e solar;
- proteção de florestas e outras áreas verdes;
- otimização de sistemas de energia e transporte, visando o consumo racional;
- diminuição das emissões de metano, presentes em sistemas de depósito de lixo orgânico;
- definição de regras para a emissão dos créditos de carbono: certificados emitidos quando há a redução da emissão de gases poluentes”.
Bem, ao menos aqui no Brasil não se percebe o cumprimento desses acordos, muito menos se percebeu nos países desenvolvidos como China e Estados Unidos que são bastante explícitos em seus acordos, ao contrário da hipocrisia brasileira apresentado no texto acima da Senadora Marina Silva que demonstra uma preocupação, porém quando olhamos para as práticas em realidade o que percebemos é que a energia eólica, biomassa e solar são substituídas pelas usinas hidrelétricas e a partir daí, não é difícil de imaginar os impactos drásticos e trágicos para as definições das regras para a emissão dos créditos de carbono.
Santa paciência para tanta demagogia!... O quê que ela, a Senadora, propõe para esses acordos multilaterais ambientais na Conferência de Copenhague - COP-15? Não deu para eu perceber!
Aqui em Cruzeiro tem uma caminhonete importada a serviço da Serra do Divisor.
Até ai tudo bem, se a caminhonete não estivesse a 2 dias de barco de lá.
Estamos no caminho certo!!!
Antes que eu me esqueça:
MARINA NUNCA MAIS!
Marina! quero vc no meu caminho quando eu for as urnas, e certamente votarei em ti. Sei reconhecer quem quer merecer. Mas o que quero contar agora é sobre um sonho; Eu o encontrei num sonho e a conversa foi mais ou menos assim - acho q é a idade q me faz não recordar de tudo, pois bem, vamos lá.
Chico Mendes - Ei, ei vc menino (San)! faz um favor! arrume um jeito e diz pra ninha ( Marina Silva)preocupar-se com a nossa floresta e, que a nossa vitória ainda depende de mais empates.
- Chico olhou para um lado e para o outro e quase com um leve profanar completou-, Ninha... empate o manejo! não entedi mais do que era pra ter entendido, e ele se pos a caminhar num caminho de muito trabalho e seguiu num caminho de tres cores q assim se faz; Branco de luz, e que ali se via a fagulha; o vermelho de tenso,e que ali se via numa porção maior e a terceira; a cor cinza que ali se via uma placa bem viva. (deu um certo medo) e as letras suspiravam dizendo; eu sou o manejo industrial. Chega arrepiei ó. Assim tomei folego e acordei solonento.
Achei q deveria escrever o sonho; o Chico Mendes merecia e a Marina tbm e pedi ao papai do céu, abençoar o sonho meu.
abraços do san.
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