Antonio Alves
A pergunta é: como manter a esperança, sem alimentar ilusões?
Pensei e pensei, pois há muitos becos sem saída. Revejo um texto antigo, em que me perguntava se o mundo já tinha passado do ponto de não-retorno, e noto como foi se formando essa certeza de estar vivendo numa espécie de ante-presente, um tempo ineficaz, que não se conta nem se pode contar.
Agora vem Marina com esse chamado, como se ainda desse tempo, como se ainda houvesse jeito –e tanta gente acredita e transfere seus sonhos para outra embarcação, que não posso deixar de me comover. Então vem minha filha Veriana, que daqui a uns dias chega aos vinteanos, e me chama para suas conferências e revoluções comunicativas e culturais, o que me lembra, a um só tempo, que minha descendência neste mundo resulta em inevitável compromisso e que ainda posso ensinar algum ofício, afinal necessário ou ao menos prazeroso, aprendido nas andanças e batalhas d’antanho.
Está bem, vamos.
Reservo-me, porém, o direito de alguma reserva: uma ironia que prometo jamais resvalar para o sarcasmo, boa dose de ceticismo sem a impureza do cinismo, um certo enfado para reuniões já reunidas de conversas já conversadas e distrações freqüentes para olhar a paisagem –afinal, não vim à guerra apenas para guerrear. E não me chamem em dias santos.
Levo comigo uma caneta de ponta muito fina, para desenhar, um velho livro com alguma poesia e a certeza da proteção divina. Faz tempo já me passei para o lado do mistério, mas ainda conheço alguns segredos.
Sou bom na água, melhor na terra. Serei de alguma ajuda.
♦ O poeta e cronista Antonio Alves é blogueiro bissexto em Tempo Algum.
10 comentários:
Boa Noite, Altino!
Desde minha juventude sou apaixonada pela escrita de Antonio Alves!
O Tempo, passou, trilhou seu próprio Caminho, agora estou eu aqui aprazerada com esse texto e me achei indigna de qualquer comentário(por enquanto! Vou ler mais!). Por isso aceite, Antonio Alves, uns versos da música de Cida Moreira: “Se Todos Fossem Iguais a Você”, como representação do respeito que tenho por Você!...
“Vai tua vida, teu caminho é de Paz e Amor
a tua Vida é uma Linda Canção de Amor
abre teus Braços e canta, a última Esperança,
a Esperança, Divina de Amar em Paz.
Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver
uma Canção pelo Ar, uma Mulher a cantar,
uma Cidade a Cantar, a Sorrir, a Cantar, a Pedir
a Beleza de Amar, como o Sol, como a Flor, como a Luz,
Amar sem Mentir, nem Sofrer
existiria a Verdade, Verdade que Ninguém Vê,
se todos fossem iguais a Você”.
Como tudo que o Toinho escreve e tom poético, esse texto é simplesmente lindo em retórica e em sua mensagem, notável.
A sensação crescente que sinto é, realmente, a do não retorno. Dá uma tremenda vontade de me alienar e deixar o barco correr à minha revelia como fazem os loucos e os imbecis.
Cacei e cacei um pouco de dignidade para alimentar o sonho que este texto nos permite visualizar, mas não encontrei! Porém quando me deparo com o ceticismo ou o comodismo do comentário que o senhor Marcos Pontes fez, arrisquei-me, talvez em vão, pois na Terra que jacaré reina, mulher como eu é jogada na sarjeta... Mas vamos lá ao risco que corro, pois este cronista acriano me questiona quando inicia seu texto perguntando como manter a esperança, sem alimentar ilusões? Não vejo beco sem saída! Vejo a ilusão naqueles que se acomodam diante de seus ninhos construídos à deriva, vejo a ilusão também naqueles que se agregam ao partidarismo, mais ilusão ainda é o da Marina com esse chamado hipócrita para dar continuidade a demagogia da florestania.
Esperança vejo naqueles que não se acomodam, mesmo que loucamente siga a correnteza, sem se deixar contaminar com o vírus dos imbecis!
Se você é bom na água e na terra. Serás melhor ainda nutrindo a esperança de quem acredita em um Novo Mundo, um Novo Acre!
Acho que quem ganhou com essa história, além da menina Karina, foi o Supermercado Araújo e a Ford Novesa... publicidade de graça no blog do Altino.
:P
Toinho,vc como sempre escreve bem,prefiro ouvi'lo,é muito mais prazeroso aos ouvidos....
assim que enhorabuena amigo!
beso
Ao ler essas linhas, do meu amigo Toinho, longe de me calar, ou intimidar, tenho mais é vontade de também escrever, para que ele não fique sozinho, ou seja, tenha muitos mais amigos para compartilhar seus pensamentos, talvez herméticos para a maioria, mas de uma nitidez impar para quem o admira e ama. Os mistérios sempre serão revelados para os que como você buscam tanscender o conhecimento meramente acadêmico, quanto aos segredos, como diz aquele antigo FADO" nem às paredes confesso... Abraços Toinho
Rosangela, na verdade sou um escritor frustrado pois nesses muitos anos de vida, me dediquei a tantas mulheres (três esposas, minha querida mãe beirando os noventa anos bem vividos, oito irmãs e duas filhas) e mesmo assim ainda não parei para escrever sobre o dito sexo frágil, pois o compositor diz que faz parte da rotina de uma delas, mas eu tenho 12 que fazem parte da minha rotina, e duas que já fizeram. Mas quem sabe agora na melhor idade eu consiga esse objetivo, seja para enaltecer suas características, seja para deixar para as gerações futuras essas boas lembranças. Edsoncc@gmail.com
Vai dormir tarde hoje, amigo Altino? Eu somente agora tenho o PC de casa liberado por meu filho Ytalo. Quanto aos Vikings?
Caro Edson, já estou no prefácio dos vikings?
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