Em Porto Velho, não diga que o rei está nu!
Trecho do artigo da jornalista Eliane Brum, da revista Época, em resposta aos que reagiram contra a reportagem dela sobre o "progresso" em Porto Velho (RO):
"No início, fiquei chocada e sem entender. Afinal, sou jornalista há mais de 20 anos e já fiz centenas de matérias denunciando problemas de saúde, educação e saneamento básico, sem que jamais alguém estranhasse o fato de estar fazendo meu trabalho. Respirei fundo e passei a desconstruir as críticas, com a convicção de que deveria aproveitar a oportunidade para aprender mais sobre Rondônia.
Denunciar problemas é uma das mais importantes obrigações da imprensa em qualquer país do mundo. Apenas governos de países totalitários se notabilizam por atacar jornalistas que mostram os fatos como os fatos são. Em nenhuma das reações à matéria – de parte dos políticos, empresários e população –, alguém afirmava que os problemas mencionados na matéria não existiam. As informações estavam corretas. O suposto crime ao qual me condenavam era o fato de divulgá-las no site de uma revista nacional.
Cheguei então a uma curiosa conclusão: fui caluniada publicamente por ter ousado dizer que em Porto Velho há problemas. Ou seja: para parte da população e dos dirigentes, o que revolta não são os problemas, mas dizer que eles existem. Ou seja: basta apedrejar quem denuncia os problemas que os médicos vão se multiplicar, as vagas na escola vão aparecer e os buracos desaparecer.
A próxima pergunta era óbvia: por que as pessoas que se unem para me difamar não se unem para reivindicar a melhoria das condições de vida em Porto Velho? Por que não usam essa indignação para exigir cidadania e cumprimento das promessas de campanha? Não sei. Bom para os responsáveis que os eleitores se enfureçam não com os problemas, mas com quem diz que os problemas existem."
Leia o artigo completo no site da Época.
9 comentários:
Cruzes, não sabia que a coisa tava ruim assim, não. O povo se dói demais. Aliás, a gente se dói demais. É só lembrar do caso do rapaz "de fora" que quase apanhou ali por Tarauacá, quando disse que o Acre nem shopping tinha (deu vontade de dizer: Tem mERmo não, fulano!). E agora a Eliane é difamada? Qual o nome pra isso? Pq bairrismo perde de longe.
Aposto que, se a matéria da jornalista fosse sobre o Acre, a reação da população acreana seria exatamente igual, senão pior.
As coisas por aqui também não andam nada bem. E têm piorado substancialmente, nos últimos tempos. A população está cada vez mais cega (e burra).
Isso é falta de vergonha na cara do povo. Reunimo-nos em bares ou na beira da esquina para falar mal do políticos eleitos, mas basta um aparecer que voltamos a ser o que de fato somos: eleitores conformados. Não é a primeira vez que alguém se arvora em dizer o que há de errado em nosso pais: há bem pouco tempo, o IDH acriano foi apresento de forma discidente daquilo que o atual governo gosta de mostrar. Logo foi rechaçado, até materiazinha notoriamente contrária à que foi noticiada fizeram questão de fazer. Nisso empatamos com RO. Só deve -se lamentar a frieza do povo. Se é verdade, que deixe mostrar. Se está errado, que mude através de quem pode mudar. cAcho que deve começar pelo gente, que vota e que depois disso se cala.
Bela resposta, Eliane!Infelizmente nem todos estão prontos para ver, ler e ouvir verdades, por mais reais que sejam. Nem todos têm capacidade para isso e quando alguém no exercício de cidadania, que é o papel do jornalista, o faz ocorrem reações desse tipo. É lamentável, ler os tipos de críticas postadas no site da Época, especialmente, quando se acompanha o seu trabalho, marcado pela sensibilidade em olhar para o universo do outro sem preconceito, de peito aberto, como você mesma costuma dizer.
Parabéns Eliane! Continue fazendo esse jornalismo humano que tanto desperta admiração de profissionais e estudantes!
Abraços,
Yorranna Oliveira
A questão é a falta de cultura de alguns que não sabem ler e muito menos interpretar o que a Jonalista quis dizer. Nós, popualção que não temos fonte nenhuma para expressar nossas indignações ficamos chateados quando um vem e manisfesta-se sobre os erros do Estado. Deveríamos era agradecer o que alguns Jornalistas corajosos fazem. Denunciar os erros, a falta de estrutura, a péssima qualidade da saúde, etc e tal não é vergonha para o povo, e sim para seus governantes. Não vamos deixar de sermos acreanos ou Rondonienses por causa disso. Podemos amar nossa pátria sim, mas nem por isso não vamos admitir que alguém mostre a falta de estrutura de nossa cidade. Um exemplo foi o caso do Jordão. O Fantástico fez a reportagem do isolamento, da falta de estradas, e o governo logo quis virar o jogo, atacando, para se desculpar da falta de vergonha na cara.
Eliane, o fato é que a verdade dói. Em alguns, no bolso, como os políticos e "donos" da pobre Porto Velho. Em outros, por sentimento puro e ingênuo. abs!
No Acre acontece a mesma coisa. Recentemente a matéria sobre Jordão, " o melhor lugar pra se viver", causou o mesmo efeito. E principalmente se alguém de fora apontar os problemas do Estado, aí o bicho pega. O povo deveria aproveitar a carona e cobrar o que lhe é de direito e não ficar magoadinho e sair chorando por aí "porque falaram mal do meu Estado".
Eu estou em Porto Velho a 1 mes,e impressionada com a sujeira e com falta de educacao desse povo.Inicilmente meu maior desafio seria o calor,pois venho do sul,mas agora que estou aqui, posso com as minhas proprias conclusoes dizer que este lugar precisa urgente evoluir educacionalmente.De que adianta vir empresas e investimentos se o povo nao sabe recebe-los e se este lugar nao está preparado pra isso?!O shoping é cercado por esgotos a ceu aberto,os mercados,as lojas...tudo!Eu já estive em muito lugares por todo o mundo, e nunc na minha vida vi algo tao largado e sem cuidado como é aqui!Paraben pela sua reportagem.A verdade as vezes dói,provavelmente foi isso que aconteceu com esse povo,ficaram indignados com o que??foi dita a verdade,essa cdade é um choque para quem chega.
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