Pesquisador do Núcleo de Estudos Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe, da Universidade Federal de Santa Catarina, o antropólogo Domingos Bueno Silva, 47, conhece bastante a etnia kulina, que ficou mundialmente famosa neste mês, quando quatro indígenas da aldeia Cacau, no município de Envira (AM), foram indiciados pela Polícia Civil acusados de suposta prática de canibalismo.
O antropólogo trabalhou durante dois anos com os kulina, tendo como foco a pesquisa “Musica e pessoalidade: Por uma Antropologia da Musica entre os Kulina do Alto Purus”. Nascido em Bragança Paulista (SP), Domingos Bueno Silva está no Acre há 10 anos, dos quais cinco como professor visitante na Universidade Federal do Acre, consultor e perito judicial em varias trabalhos.
- O canibalismo kulina foi uma farsa midiática que se orquestrou em torno desse acontecimento duvidoso - afirma o antropólogo sobre o assassinato de um branco pelos kulina na divisa dos estados do Acre e Amazonas.
Confira a entrevista no Blog da Amazônia.
3 comentários:
Caro Altino,
O Domingos Bueno tem toda razão. Eu mesmo tentei comentar sobre o assunto em um outro blog mas não tive os comentários publicados. Na ocasião eu disse que o uso da palavra 'canibalismo' dava um tom sensacionalista à matéria e demonstrava um certo preconceito contra os povos indígenas.
O Cimi trabalha com os Madja (Kulina) há mais de 35 anos e nunca se ouviu falar em práticas que pudessem pelo menos se aproximar dessa relatada nas supostas "matérias" jurnalísticas.
Para se ter uma idéia do estrago que este tipo de notícia provoca na já frágil imagem dos povos indígenas, em Feijó a matéria publicada no programa Fantástico foi copiada e reproduzida em dvd e exibida em diversos locais da cidade como prova de "os índios não prestam mesmo". Aliás, o MPF precisa dar uma olhada lá na região. Nossa equipe de área tem nos comunicado de verdadeiras investidas contra a dignidade dos povos indígenas. Puro preconceito, racismo, crime mesmo!! e qunta ipocrisia de alguns florestões!!
Bom trabalho.
Lindomar Padilha
Filho feio não tem pai;mas quem gerou esta noticia deve ter identidade.E se tem deve ser responsabilizado,para que deixem de achincalhar o Brasil e os brasileiros.E fazer imprensa nanica depoem contra os bons profissionais.BETO MINEIRO.
Acompanhei aqui em Rio Branco a divulgação na mídia do acontecido em Feijó, e convenhamos:
1. A pessoa que foi vítima sofria de distúrbios mentais, portanto, contradiz “os preceitos” de canibalismo nas tribos indígenas, ou seja, a prática consistia em comer partes do inimigo, forte, ávido e poderoso, não o contrário;
2. Os relatos são de que foram comidos o intestino da vítima, nada condizente com a prática histórica de comer as partes como coração, fígado etc.;
3. Há relatos de que um cachorro comeu o intestino da vítima.
Conclusão, muito provavelmente, a situação é exploração de um acontecido, numa cidade onde os conflitos entre brancos e índios são históricos. Quem conhece sabe como são as coisas na localidade onde houve o ocorrido.
Forte abraço, Professor Domingos e parabéns.
Edson Filho
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