quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ANISTIA POLÍTICA PARA CHICO MENDES


A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovará hoje, em Rio Branco (AC), a condição de anistiado político post-mortem do líder sindical e ecologista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, cujo assassinato completará 20 anos no próximo dia 22. A viúva Ilzamar Mendes protocolou o pedido de anistia há três anos e, a partir de agora, a família do seringueiro terá direito a receber indenização pelo fato de ele ter sido perseguido pela ditadura militar.

Outros cinco processos de perseguidos políticos da região serão julgados durante reunião no Teatro Plácido de Castro, com a presença do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do governador do Acre, Binho Marques (PT), que ajudou Chico Mendes na organização dos seringueiros de Xapuri.

O julgamento do processo do seringueiro faz parte da extensa programação, no Acre e em outras regiões do país, para marcar os 20 anos do assassinato de Chico Mendes, que começou a atuar no movimento sindical nos anos 70 e ajudou a fundar o PT no Estado.

Chico Mendes foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional (LSN), em 1980, juntamente com os sindicalistas Lula, Jacó Bittar, João Maia e José Francisco, por incitação à desordem e ao crime. Foram acusados de envolvimento na morte do capataz Nilo Sérgio. “Nilão”, como era conhecido, foi emboscado por trabalhadores e assassinado a tiros de espingarda, após o assassinato de Wilson Pinheiro, então presidente do Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, dentro da sede da entidade.

Chico Mendes e seus companheiros participaram, em Brasiléia, de um ato de protesto contra o assassinato de Wilson Pinheiro. Na ocasião, diante de centenas de trabalhadores rurais, Lula usou durante o discurso a expressão “está na hora da onça beber água”, o que teria, na avaliação da ditadura, sido o sinal para que os seringueiros assassinassem “Nilão” como vingança.

EDILSON MARTINS - entrevista


Outro processo que será avaliado nesta manhã envolve o jornalista e escritor acreano Edilson Martins, que reivindica a condição de anistiado político. Membro do Movimento de Libertação Nacional (MOLINA) e do PCBR, Martins foi preso no dia 18 de dezembro de 1969, um ano após o AI-5.

Onde ocorreu a sua prisão?
Minha prisão ocorreu no dia seguinte ao assalto do Banco Sotto Mayor, no bairro de Brás de Pina, no Rio de Janeiro. Preso, fui imediatamente conduzido para Pelotão de Investigações Criminais, que logo depois, meses depois, ainda durante minha permanência no quartel da Barão de Mesquita, transformou-se no hediondo Doi-Coi, de triste memória.

Como foram seus dias na prisão?
Desnecessário lembrar que fui submetido, a partir daquela prisão, a inimagináveis sessões de tortura, o que não era novidade para nenhum preso político de ações armadas. O jornalista Walter Diogo conta que na época, procurou por mim e foi informado que eu não podia receber visitas porque estava muito machucado, após vários dias de tortura.

Meu último encontro com Chico Mendes aconteceu num domingo, 18 de dezembro de 1988, numa banca de revista, quatro dias antes do assassinato. Ele procurava a entrevista que concedera a você (leia) e que Marcos Sá Corrêa, então editor do Jornal do Brasil, engavetara por desconhecer Chico Mendes.
Treze dias antes do assassinato, o Chico Mendes me concedeu aquela que foi sua última entrevista, que em verdade só foi publicada, pelo JB, dois dias após o assassinato.

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6 comentários:

MARIA IZABEL DA SILVA DAMASCENO disse...

Eu so gostaria de saber de uma coida!!!! Será que o Acre no tem outra pessoa para ser falada!!! So este Chico Mendes ????? Por vamos valorizar gente que fez pelo Acre!!! Pois o Acre tem Herois bem melhor que este ai.

Unknown disse...

Acredito que a senhora Maria Isabel, e do time do contra, mais e assim mesmo uns a favor e outros contra, mais de uma coisa eu tenho certeza ela vai ter que aceitar os fatos Chico foi e é um Heroi e viva Chico Mendes!!!!!

Unknown disse...

Não foi fácil para o "come açúcar", mas como bom acreano, aguentou firme e está aqui para contar a história. Prá frente Edilson, ao centenário (quero estar vivo e lúcido para comemorar)

Unknown disse...

Bom te ver Edilson, mesmo pelo blog do Altino, felicidades e muitos anos de vida, afinal de contas como bom acreano não negas as raízes, me alegro por ser teu amigo de priscas eras, malgrado a diferença de idade. Açúcar agora nem pensar, não é?

ALTINO MACHADO disse...

Mensagem do Edilson:

"Caro altino

Quem merece esses elogios é você, diga para o Edson. Você que continua teimosamente
acreditando na informação, na informação não cooptada, na informação transparente como
a luz do Sol, como o nascer de um dia iluminado. Dê, em meu nome, se não for transtorno, um afetuoso abraço no Edson, irmão querido."

Unknown disse...

Concordo com a Maria Izabel, até acho estranho comemorarem o aniversário de morte dele, como se fosse uma coisa alegre o dia em que ele morreu. Chico realmente foi um guerreiro da floresta, mas queria ver se a esposa dele tivesse protocolado esse pedido de anistia se não fosse rolar os 300.000 + a pensão vitalicia. Antes que alguem fale, eu não sou do contra.

Hércules