sábado, 15 de novembro de 2008

O GRITO

Marina Silva


A Arte
Mesmo sem rima
é poética

Mesmo sem forma
é estética

Mesmo sem voz
é profética

Mesmo em segredo
revela-se

Fala além de seu
Tempo

Qual ondas eleva-se
aos ventos
a inundar litorais

A senadora Marina Silva (PT) recitou o poema durante a homenagem que recebeu do Festcine Amazônia - festival de cinema e vídeo ambiental realizado anualmente em Porto Velho (RO), cujo slogan desta sexta edição é "A natureza não pode sair de cena". Marina escreveu o poema após visitar a Noruega e conhecer algumas obras do artista plástico Edvard Munch. Dentre elas, "O Grito", de 1833.

4 comentários:

Grupo de Choro Afuá disse...

Na primeira estrofe há uma metalinguagem conotando a forma da poesia,isto é, não disse nada, apenas o eu-lírico afirma que sua poesia segue um padrão artístico, criador e não apenas rimas infantis.
Na segunda estrofe é resgatado a concepção de Nietzsche em relação ao nascimento da tragédia grega, o encontro entre os deuses Apolo e Dionísio, arte com forma de Apolo, e sem forma de Dionísio, nesse caso é citado a concepção estética dionisíaca, arte sem forma do deus da música e do vinho.
Na terceira estrofe a questão é atemporal pelo fato da situação ser atual e ao mesmo tempo antiga, entra aqui marxismo da linguagem em choque com espiritualidade, é na verdade um paradoxo: uma eu-lírico que não tem voz social, voz apagada pelo poder, por questões relacionadas a sua posição na sociedade, mas que ao invés de ser encarada como luta materialista, é tido como profecia, como uma possível falácia.
Na quarta estrofe a interpretação pode seguir o viéis da simplicidade do escritor que mesmo transfigurando os sentidos, usando metáforas, sendo poético, não usando formas, cânones, retrata em versos simples a intenção de passar por meio da linguagem sua ideologia, seu conhecimento de mundo, o segredo é a poesia e a revelação é a ideologia transmitida por uma linguagem poética.
Na quinta estrofe o eu-lírico mostra-se bastante emotivo, mesmo a linguagem sendo em terceira pessoa, mas há um lirismo, há a manifestação da subjetividade, é tido como emotivo pelo fato dele por meio da linguagem poética se mostrar além de seu tempo, como se ele não acreditasse nessa sociedade, almeijasse uma sociedade melhor, como estivesse cansado de lutar e gritar e ninguém o ouvisse ou dava importância. somente num futuro receberia valor.
Na última estrofe a metáfora é bastante elaborada, numa interpretação ingênua e estrita retrata a onda do mar que banha o litoral, mas levando em consideração que o poema foi escrito inspirado na pintuta expressionista, o grito, e foi declamado numa situação que trata sobre a amazônia que não pode ser esquecida, há então posibilidades de interpretação sobre questões sócio-político-cultural, levando em consideração o meio ambiente, mas prefiro não comentar sobre o último parágrafo.

Anônimo disse...

Assunto off-topic:

Prezado Altino, dê uma olhada no "Comunicado" postado hoje no jornal A Tribuna.

Existe algo de estranho ali, fora o "Compreenção"? =)

Anônimo disse...

Altino voce nao sabe a maldade que a Receita Federal fez com as criança dos Acre anteontem. Tive que presenciar meus colegas destruindo uma carreta de brinquedos apreendidos podendo ser doados para crianças carentes. Por favor denuncie essa barbaridade e requisite a filmagem que eles mesmo fizeram no aterro sanitário de rio branco lá na transacreana destruindo tudo com um trator. Me doeu o coração. Infelizmente não posso me identificar mas garanto que tudo está gravado. Eram milhares de brinquedos. Tudo coisa de primeira. Isso sim que é um crime.

Anônimo disse...

Eram brinquedos pirateados, não?

Se for o caso, importante mencionar que brinquedos assim podem ser prejudiciais às crianças, pois costumam ignorar padrões de qualidade e segurança. Portanto, teria-se tomado a atitude correta.