quarta-feira, 15 de outubro de 2008

PROTESTO DE MULHERES INDÍGENAS

"Solicitamos ao Governo do Estado do Acre que, por favor, mantenha seu assessor indígena Francisco Pianko distante de nossas reuniões e assembléias. Do contrario, não nos responsabilizaremos com o que lhe possa acontecer".

"A Comissão Provisória da Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia repudia a ex-coordenação do Movimento das Mulheres Indígenas e o assessor para Assuntos Indígenas do Governo do Estado do Acre, Francisco Pianko, que em reunião recente promoveu interferência abusiva quanto à organização do movimento autônomo e soberano das mulheres indígenas.

A ex-coordenação, destituída pelo conselho por mandato vencido, não promovia prestação de contas e relatórios, vinha comprometendo todo o movimento perante as agências financiadoras e instituições públicas. Diante disso, o Conselho e Coordenadores de organizações decidiram pela constituição de uma Comissão Provisória para dar encaminhamento a questões administrativas, sanar problemas e convocar uma nova Assembléia que deliberaria pela eleição e legitimação de uma nova diretoria.

Para surpresa da maioria do movimento de mulheres, as representantes da coordenação destituída continuavam a atuar de forma ilegal, com apoio e influência direta do assessor indígena Francisco Pianko, que naquele momento estava em Barcelona. Este as estimulavam a rachar o movimento afirmando palavras de consolo que em poucos dias o governo do Estado, estaria organizando o encontro de culturas indígenas na terra indígena Poyanawa, e que eles aproveitariam aquela oportunidade para fazer uma reunião e para reelegê-las enquanto coordenação e garantido-lhes todo respaldo.

As palavras do assessor não ficaram apenas como palavras de consolo, mas sim como algo concreto, com a realização do mencionado encontro na citada aldeia.

Enquanto a coordenação provisória estava e está trabalhando na articulação para a preparação da assembléia que legitimaria o movimento das mulheres, mesmo sabendo que a ex-coordenação não tinha mais nenhuma representatividade, Francisco Pianko convidou e patrocinou a viagem das mesmas para Cruzeiro do Sul. Aproveitando-se da presença de outras mulheres que desconheciam os problemas ocorridos no movimento das mulheres, e que vieram com outro propósito – Encontro de Culturas Indígenas, na surdina o assessor “elegeu” uma coordenação a seu gosto. Este fato revela o grau de interferência e abuso com que o governo do Estado, através de sua assessoria vem tratando o movimento indígena e suas lideranças.

Nós da Comissão Provisória, não poderíamos deixar de registrar este fato anti-democrático que rasga e fere o direito e autonomia de organização das mulheres indígenas.

Em tempo de afirmação e reconhecimento dos direitos das mulheres em todo os cantos do planeta, é inconcebível a atitude autoritária e machista do assessor indígena.

Perguntamos ao governo: Como fica a Comissão Provisória composta pelas conselheiras que estão trabalhando na preparação da Assembléia, já que seu assessor já patrocionou e já realizou uma reunião ilegítima, sem a participação de todas as representantes mulheres indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia?

Nós não vamos admitir jamais atitudes anti-democráticas, autoritárias e discriminatórias seja de um assessor ou de qualquer representante oficial. Vamos convocar uma outra Assembléia, legítima e com a participação de todas as representantes mulheres indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia, conforme o estatuto de fundação.

Exigimos do poder publico estadual todo o apoio necessário a sua realização, não por compensação de equívoco de sua assessoria indígena, mas por legítimo direito de organização social.

Solicitamos ao Governo do Estado do Acre que, por favor, mantenha seu assessor indígena Francisco Pianko distante de nossas reuniões e assembléias. Do contrario, não nos responsabilizaremos com o que lhe possa acontecer, já que este assessor não representa o interesse dos povos indígenas e sim o interesse dele próprio e de setores irresponsáveis e divisionistas que infelizmente e lamentavelmente ainda existem no governo do Estado do Acre.

Atenciosamente,

Comissão Provisória do Movimento de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia"

11 comentários:

Anônimo disse...

Bravas mulheres guerreiras!É bom demais sentir que nem tudo está perdido,que lá no fundo da floresta elas se pintam para guerrear contra a ditadura de seus homens, contaminados pela cultura anti-democrática dos brancos.

Anônimo disse...

as "bravas guerrueiras" são parte do grupo que levou a UNI e a OPIRE pro fundo poço.A gastança foi braba, ninguém prestou conta de nada nem viu a cor das verdinhas aplicadas nas comunidades.Moral da história: Farra com dinheiro público pintado pra guerra, pode!

Gildson Goes disse...

"Do contrario, não nos responsabilizaremos com o que lhe possa acontecer"


Se fosse ele eu me manteria longe...

Mas gostei da atitude, de fato creio que os indios se encheram de serem dominados.

Anônimo disse...

É bom o Francisco esconder as bolas dele bem direitinho.

Anônimo disse...

querem saber? o movimento que se vire, cada qual com cada qual.Tá na hora de movimento ser movimento e governo ser governo.

Anônimo disse...

Métodos democráticos do governo do Acre

Sem sobra de dúvida, sob alguns aspectos, esses 3 últimos governos do Acre são os mais autoritários, anti-participativos e anti-democráticos que já se viu. Os outros governos assumidamente de direita pelo menos tinham a coragem de enfrentar as manifestações contrárias advindas dos setores sociais, nem que fosse mandando a polícia descer o cacete, mas aí pelo menos mostravam a cara.
Estes últimos, pelo contrário, minam as tentativas de mobilização social por dentro, cooptando (comprando) lideranças, bancando eventos e movimentos paralelos com o fim de desqualificar os outros e legitimar os seus movimentos. Chegamos ao ápice do totalitarismo em que o governo não só tem o poder central, mas define o pefil, a atuação e as características dos "movimentos sociais" de acordo com suas conveniências, tal como tem feito com organizações de seringueiros e indígenas.
Só a título de curiosidade, e aproveitando o 20º ano do assassinato de Chico Mendes, é interssante perguntar sobre a sitaução em que se encontram alguns parentes de Chico Mendes lá por Xapuri, principalmente aqueles envolvidos na viabilização do tal "Manejo Madeireiro sustentável", apresentado como se fosse idéia do Chico e que esses parentes hoje ajudam a legitimar como algo ambientalmente seguro e como se fizesse parte dos projetos daquele movimento dos anos 70 e 80. Vale perguntar como (e quanto) estão sendo remunerados esses representantes "legítimos" dos seringueiros que, sob essa máscara, estão promovendo a ação madeireira dentro das Reservas Extrativistas e convencendo muitos outros "companheiros" a também se tornarem exploradores de madeira dentro de suas áreas? Vale perguntar se eles ainda cortam seringa para poder serem chamados de "seringueiros", ou se apenas deixam um kit de corte preparadinho lá no canto para quando chega um turista, um jornalista ou quem quer que seja com uma câmera filmadora? Vale perguntar como é que ocorrem as eleições das entidades "representativas" desses seringueiros em Xapuri e
Brasiléia, quanto o governo mobiliza e que estratégias adota para assegurar a vitória daqueles que ele chama de "verdadeiros herdeiros da tradição de luta de Chico"? Li uma vez numa entrevista daquele Osmarino Amâncio (divulgada no Centro de Mídia Independente - CMI Brasil, disponível no link: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/05/316041.shtml), que por não concordar com a idéia de seringueiros virar madeireiro e por liderar um movimento de oposição a isso em sua região, ele foi proibido pelo governo até mesmo de dar entrevista na rádio difusora lá de Brasiléia.
Como se vê, tanto na questão indígena quanto dos seringueiros, esses são os métodos democráticos implementados por esses últimos governos no Acre, essa é a sua contribuição para o "aprimoramento" da democracia e da participação "social" numa terra de tanta tradição de luta e resistência, resistência essa que eles estão dobrando na base da força do dinheiro, da distribuição de cargos e do uso da máquina pública. Esse é o feliz governo que tem o poder e a conveniência de definir quem e como será a cara de sua oposição e de seus movimentos sociais, como esse Encontro de Culturas Indígenas, que não por acaso lembra aqueles eventos feitos "para inglês ver", de uma autenticidade bastante questionável. Não custa nada lembrar, por fim, que tanto nessas organizações indígenas quanto dos seringueiros-madeireiros tem muita verdinha circulando, talvez mais até do que no orçamento do governo do estado.

GERA disse...

Existem pessoas só porque exercem cargos na administração pública, pensam que são propriedades suas.
Quero lembrar a estas pessoas que liderar é muita diferente de chefiar. Liderança nasce dentro das comunidade, emana de dentro da comunidade as suas ideias .

já chefiar é uma coisa imperativa, autoritária, as ideias são imposta a comunidade. Seu Pianco respeito as lideranças feminina da comunidade indígena.

Grupo de Choro Afuá disse...

O mais engraçado é que Francisco Pianko,"secretário dos povos indígenas", é filho de uma cearence, Piti, com um índio oriundo de terras peruanas. Só para lembrar a população Ashaninka a qual ele também é lider juntamente com seus irmãos mestiços, são aproximadamente 430 pessoas, somente vinte falam português, os que falam português são mestiços ou filho de mestiços, por isso ele é lider, porque fala bem o português e foi bem educado pela sua mãe cearence, a língua que ele utiliza para falar com membros de sua comunidade vem do tronco aruak, isto é, somente a etnia Manchinere nas cabeceiras do rio Yaco que entende. Em contrapartida o tronco linguístico Pano que é a maioria das etnias indígenas acreanas representa mais de 80% da população indígena do Acre não tem um "secretário de povos indígenas", isto é, só para se ter idéia há no Acre aproximadamente 2200 Kaxinawas, mais do que Ashaninkas e Manxineri juntos. Isso significa que a seleção de um representante indígena para o PT se dá pelo currículo do cidadão. Pergunto: algum outro indígena viajou mais do que a família Pianko? França, EUA, Espanha... As "amazonas" do Acre precisam serem guerreiras de verdade para mudar essa situação desonesta e unilateral.

Grupo de Choro Afuá disse...

O mais engraçado é que Francisco Pianko,"secretário dos povos indígenas", é filho de uma cearence, Piti, com um índio oriundo de terras peruanas. Só para lembrar a população Ashaninka a qual ele também é lider juntamente com seus irmãos mestiços, são aproximadamente 430 pessoas, somente vinte falam português, os que falam português são mestiços ou filho de mestiços, por isso ele é lider, porque fala bem o português e foi bem educado pela sua mãe cearence, a língua que ele utiliza para falar com membros de sua comunidade vem do tronco aruak, isto é, somente a etnia Manchinere nas cabeceiras do rio Yaco que entende. Em contrapartida o tronco linguístico Pano que é a maioria das etnias indígenas acreanas representa mais de 80% da população indígena do Acre não tem um "secretário de povos indígenas", isto é, só para se ter idéia há no Acre aproximadamente 2200 Kaxinawas, mais do que Ashaninkas e Manxineri juntos. Isso significa que a seleção de um representante indígena para o PT se dá pelo currículo do cidadão. Pergunto: algum outro indígena viajou mais do que a família Pianko? França, EUA, Espanha... As "amazonas" do Acre precisam serem guerreiras de verdade para mudar essa situação desonesta e unilateral.

Grupo de Choro Afuá disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Pelo visto as lideranças femininas terão que fazer outra Revolução Acreana, a indígena desta vez. Isso se o governo não mandar os indios "bonzinhos" a fazerem primeiro.