terça-feira, 8 de julho de 2008

PERDÃO E JUSTIÇA DEBAIXO DO SOL

Moisés Diniz

Quando alguém comete um crime ou vários crimes bárbaros é natural que os seus defensores busquem álibis favoráveis ao monstro.

É da tradição do advogado de defesa falar que o criminoso não está tendo direito amplo de defesa, que a sociedade só está vendo um lado e que é preciso olhar para o lado humano do facínora.

Isso é feito desde os tempos de Nero que, se ressuscitasse, juraria que não foi ele quem tocou fogo em Roma.

Seus advogados diriam: “Nero está sofrendo muito! Nero também é humano! Nero está sufocado, pedindo ajuda, clamando por socorro!”

Por que eles não voltam no tempo e não lembram das crianças sufocadas pela fumaça criminosa de Nero? Por que não relembram o choro das mães? Por que não falam do profundo sofrimento e da profunda humilhação dos pais das vítimas?

Outro costume é dizer que o monstro está sofrendo injustiça, que os seus crimes podem ter sido frutos da intolerância, da perseguição política e porque o criminoso incomodava muita gente.

Na verdade, o monstro Nero não incomodava ninguém. Ele matava! E matava de forma dolorosa, inominável, vergonhosa!

Ele usava o poder que dispunha em Roma para traficar, enriquecer, proteger nobres romanos, matar inocentes, matar e matar.

Quem cruzasse o caminho de Nero sabia que a possibilidade de ficar vivo era mínima. Nero promovia tribunos ilegalmente, amedrontava senadores, ria dos poderes constituídos de Roma e matava, matava, matava.

Nero comandava uma rede de tráfico de drogas. Todo o ópio de Roma passava pelas mãos criminosas de Nero. Milhares de jovens romanos se tornaram viciados, adoeceram, sofreram, morreram. Suas mães sofreram mais!

O monstro ficou rico, dono de fazendas e mansões em Roma. O salário de César não dava para amealhar toda aquela riqueza. Jovens foram assassinados, mães choraram a sua infinita dor para que Nero enriquecesse ilicitamente.

Muitos até pensaram, mas não tiveram coragem de dizer: “Nero matava criminosos que tinham mesmo que morrer!”

Agora é preciso encontrar argumentos para defendê-lo, não importando se os seus crimes tenham incomodado até os céus. Ora, agora até Nero se converteu!

Quando as suas vítimas gritavam por clemência, em nome de Deus, o monstro não era temente ao Senhor do Universo. Agora usa uma Bíblia no lugar das armas mortíferas que faziam sangrar suas vítimas.

Agora Nero chora, mas não lembra do choro doloroso de suas vítimas! Agora Nero pede clemência, justiça e compaixão, pela voz poderosa de seus advogados.

E por que não poupou tantas vidas? Por que não ouviu o pedido de clemência delas, o choro doloroso de suas mães?

Por que não usou a justiça para castigar quem devia ser castigado? Nero tinha poder e acesso à justiça. Suas vítimas, mesmo algumas criminosas, eram pobres, não tinham acesso à justiça e nem ao discernimento que Nero deveria ter.

Por que Nero fez justiça com as próprias mãos? Por que Nero provocou tanta dor? Por que tanto sangue verteu de suas mãos?

Agora Nero chora pela voz de seus astutos advogados. E chora tão bem, aparenta tanto sofrimento, que os mais incautos podem ser levados a ter compaixão de Nero, esquecer toda a dor, esquecer o sofrimento de tanta gente, esquecer os seus crimes!

Que a justiça continue a ser feita! Que Deus cuide da alma de tantos que tiveram a vida ceifada pelas mãos criminosas de Nero!

E que surjam corajosos e justos advogados para exigir reparação às vítimas dos inomináveis e desumanos crimes de Nero. Que a sua condenação seja forte e exemplar!

Roma não pode perdoar Nero! Deus fará isso, no tempo certo e no juízo final. Cabe a nós exigir justiça! E justiça é justiça, não é perdão e nem justiciamento!

Nero terá dos homens a justiça e de Deus o perdão!

Do blog do deputado Moisés Diniz.

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