terça-feira, 3 de junho de 2008

CONTATO DA SURVIVAL INTERNATIONAL

A coordenadora de campanhas da Survival International, Fiona Watson, reconhece que "as fotos dos índios isolados na fronteira tinham sido postas em domínio público na Terra Magazine uma semana antes de a Survival chamar atenção para elas". A pedido do blog, Fiona Watson enviou a seguinte mensagem a respeito da polêmica:

"Evandro Ferreira faz várias acusações [leia "Devolva os dólares, Survival" contra a Survival International – todas são sem fundamento e falsas.

Primeiramente, a Survival não ganhou dinheiro algum com as fotos dos índios isolados que tiveram destaque em grande parte da mídia mundial recentemente. As fotos não são nossas para que sejam vendidas. Elas pertencem à Funai, que as disponibilizou para a Survival, e as colocou disponíveis publicamente em seu website no dia 29 de maio, sob a seguinte condição: "As fotos publicadas são para difusão cultural, em conformidade com a Portaria nº 177/PRES/Funai, de 16 de fevereiro de 2006."

A Survival vem acompanhando a questão dos índios isolados na fronteira Acre-Peru há muito tempo. Mantemos contato regular com o sertanista da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles, que nos informou sobre a existência das fotos dos índios e suas malocas duas semanas antes de Terra Maganize as publicarem. A Survival obteve as fotos diretamente da Funai.

As fotos dos índios isolados na fronteira tinham sido postas em domínio público na Terra Magazine uma semana antes de a Survival chamar atenção para elas. Embora, as fotos não tenham sido notadas pela mídia internacional até a Survival enviar sua nota de imprensa.

Jornalistas baixaram as fotos tanto do website da Funai quanto do website da Survival. As fotos em nosso site contêm informações de direitos autorais e legendas corretas, conforme fornecidas pela Funai. A Survival não pode ser responsabilizada se a mídia falhou em reconhecer corretamente os direitos autorais.

Acredito que o valor em termos de publicidade obtida para a causa dos povos isolados e para o trabalho da Funai, através da nota de imprensa da Survival, supera muitíssimo qualquer valor que poderia ter sido obtido pelo uso das fotos caso a Funai tivesse decidido cobrar por elas.

A Survival não é uma organização de assistência ou desenvolvimento. O nosso papel é defender os direitos de povos indígenas a nível internacional, e nosso foco está, particularmente, nos povos isolados, que não têm voz ou acesso à mídia e à opnião pública.

Em outubro do ano passado, a Survival lançou o filme de curta duração 'Uncontacted Tribes', peça chave de uma grande campanha pelos direitos de tribos isoladas pelo mundo. Os leitores podem assistir ao filme em inglês e espanhol.

Isso é resultado de anos coletando informação e gravando entrevistas com povos indígenas para que eles mesmos tenham a oportunidade de contar sua história. Não é, de maneira alguma, uma estratégia de marketing, como Ferreira faz parecer para os leitores.

Ferreira afirma que "o orçamento da FUNAI todo ano é contingenciado". Sim. Então, agora, ele e as pessoas no Brasil que estiverem preocupadas com a sobrevivência dos índios isolados devem usar essa publicidade sem precedente no sentido de pressionar o governo federal para a liberação de mais verbas que protejam esses povos vulneráveis.

Ferreira e Altino Machado acusam a Survival de nunca ter feito nada pelos índios do Acre.

Na verdade, a Survival tem dado destaque à situação das tribos isoladas na fronteira Acre-Peru no nosso website regularmente – sete vezes desde fevereiro de 2007 – veja aqui. Nós também publicamos a carta aberta de organizações indígenas do Acre e Peru, em 2 de dezembro de 2007: - veja aqui.

Em março de 2006, nós chamamos a atenção para a grave crise de saúde enfrentada por povos indígenas no Brasil, relatando, inclusive, o caso de 10 crianças Kaxinawa que morreram no Acre em decorrência de diarréia - veja aqui.

Em 1996, nós denunciamos às autoridades brasileiras o assassinato de Raimundo Silvinho Shanenawá e as lesões sofridas por dois outros Shanenawá nas mãos da polícia militar.

Ao longo dos 40 anos do trabalho de campanha da Survival, aprendemos que a mídia e o público são cruciais para o sucesso das campanhas de defesa dos direitos de povos indígenas.

Se Ferreira estivesse genuinamente interessado nos índios isolados, não teria criticado o mensageiro (Survival), mas teria recebido com agrado o fato de a causa ter recebido uma cobertura mundial tão ampla. Como resultado da campanha midiática da Survival, milhares de cartas foram enviadas ao governo peruano na semana passada, e a situação dos povos isolados obteve destaque em todos os principais meios de comunicação no Peru. Além disso, o governo peruano acabou de anunciar que irá enviar uma equipe para a área, a fim de investigar o desmatamento ilegal e a situação dos isolados. Isso é um grande passo adiante.

Meu comentário: Diante da grandeza da Survival International e da imprensa nacional e internacional, este blog me faz sentir na web feito aqueles índios isolados disparando flechas contra o aviao do sertanista. É pouco quando a coordenadora de campanhas da Survival diz ter sido informada pelo sertanista sobre a existência das fotos dos índios e suas malocas duas semanas antes de Terra Magazine as publicarem. Este blogueiro sabia da existência das tais fotografias desde quando a viagem começou a ser planejada há vários meses. O blog e Terra Magazine também obtiveram as fotos diretamente da Funai, através do sertanista. O fato é que a assessoria de imprensa da Funai e a estatal Agência de Notícias do Acre preferiram guardar as fotos e Survival solicitou cópias das mesmas após a publicação neste blog e em Terra Magazine. As fotos foram tiradas entre os dias 28 de abril e 2 de maio. Portanto, o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior nos forneceu as fotos, com o endosso de Itaan Arruda, assessor de comunicação do Governo do Acre, após esperar durante 20 dias que as fontes oficiais as divulgassem. As fotos pertencem à Funai e ao governo do Acre e não deveriam estar circulando com crédito para a agência AP e a Survival International. Desde o assassinato do seringueiro Chico Mendes, há 20 anos, uma notícia do Acre não gerava tamanha repercussão na mídia internacional. As fotos e as histórias dos "índios invisíveis" ecoaram mais veloz e distante por causa da internet. E eu estava em cima do lance nas duas histórias. Em dezembro de 1988 e em maio de 2008, por falta de percepção do que é relevante na Amazônia, a imprensa brasileira preferiu se pautar pela imprensa estrangeira. Agora é tarde, Inês é morta. Furei a fuselagem do "gavião gigante" com uma flechada.

Um comentário:

morenocris disse...

rsrs

Você ainda terá surpresas sobre o caso. Aguarde.

Beijos.