E X C L U S I V O
Sertanista denuncia que índios isolados
foram alvo de madeireiros peruanos
O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, autorizou Terra Magazine a publicar com exclusividade mais fotos inéditas de duas malocas dos índios isolados do igarapé Xinane, oriundos do Peru.
No final de maio, o sertanista já havia repassado com exclusividade dois CDs com 1.090 fotos (veja aqui) tiradas durante o sobrevôo que resultou nas primeiras imagens dos índios isolados no município de Feijó, na fronteira Brasil-Peru.
- Essas fotos inéditas foram encaminhadas à Fundação Nacional do Índio e não foram objeto de divulgação na mídia - afirma Meirelles.
As fotografias que até agora foram amplamente divulgadas na mídia nacional e internacional, onde aparecem índios isolados, são do grupo das cabeceiras do rio Humaitá e igarapés da margem esquerda do rio Envira, que o sertanista monitora há vinte anos, de uma etnia tradicionalmente habitante do território brasileiro.
Leia também:
Opine aqui sobre os índios isolados
Veja as fotos inéditas da aldeia de índios isolados
Sertanista teme retaliação de madeireiros peruanos
Índios isolados fotografados pela 1ª vez no Acre
Comitê fará relatório sobre índios isolados
Até hoje os índios das cabeceiras do Xinane não foram avistados durante sobrevôos. O sertanista acredita que isso pode ser conseqüência de alguma experiência trágica que os índios tiveram relacionada com aviões no lado peruano.
- Por lá, homens, mulheres e crianças fogem quando sobrevoamos, embora a gente veja com certa freqüência fogo aceso nas casas. A minha suspeita é que estejam escabreados em decorrência de alguma agressão da qual possam ter sido vítimas. Com certeza já sofreram ataques aéreos com tiros e bombas - afirma Meirelles.
O sertanista explica que algumas das fotos são de uma maloca de mais ou menos um ano e meio, tempo que deduz a partir da existência de um plantio de bananeira que não existia quando ele sobrevoou o local há dois anos.
- É uma maloca muito recente, vide os roçados novos, o chão limpo. Eles chegaram este ano. Quando sobrevoamos, os índios fugiram. Devem ter sido atacados de avião pelos madeireiros em território peruano. Eles não esperam. Já vimos eles andando pelo mato. Eles têm o corte de cabelo curto, tipo cuia, muito diferente daqueles das fotos que divulgamos no final de maio - acrescenta.
O sertanista também enviou fotos de pranchas de mogno e do lixo peruano que alcança o território brasileiro através do Rio Envira para denunciar a presença de madeireiros na área dos índios isolados.
- É importante que Terra Magazine publique as fotos das malocas dos índios que estão se mudando do Peru para o Brasil. Esses índios fogem quando escutam barulho de avião, diferente daqueles que moram aqui no Brasil. Vimos eles nas na mata. De avião, é impossível. Todos somem. Acontece que na mata ninguém anda com máquina fotográfica na mão. Quando nos encontramos, corre o índio pro lado deles e a gente pro nosso lado. É muito importante frisar que não é coincidência demais que esses parentes tenham medo de avião. Todos têm, mas os índios isolados protegidos em território brasileiro enfrentam o avião.
Veja as fotos em Terra Magazine.
2 comentários:
Proponho aos amigos leitores do blog que façam correspondência para os senadores e deputados acreanos solicitando providência. Já fiz nos termos abaixo:
Caro Senador
Faz alguns dias foi levado ao conhecimento público a existência de índios não contatado em território acreano. Lamentavelmente, notícias terríves dão conta de possíveis ataques contras esses índios cuja presença estaria impedindo os negócios dos membros de uma frente madeireira. Faço anexar a presente uma notícia sobre o assunto e agradeceria o seu empenho para esclarecer e, se necessário, promover medidas urgentes visando proteger o
grupo.
atenciosamente
Mário José de Lima
Também é possível denunciar o fato para o Ministério da Justiça, setor que trata dos temas indígenas, cujo endereço é o seguinte:
http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJ8B5FDB9BPTBRNN.htm
Postar um comentário