terça-feira, 22 de abril de 2008

TAPAUÁ É MAIS EMBAIXO

Ribamar Bessa

Dona Lourdes Normando dava aula particular em sua casa, no Beco da Indústria, bairro de Aparecida, Manaus. Às sextas-feiras, dia de sabatina, ela sapecava bolos de palmatória em quem errava a tabuada. Um dia, em 1955, na prova oral de geografia, perguntou: - “Seu Bessa-Freire, qual o rio que banha a cidade de Tapauá?”. Era a primeira vez que eu ouvia falar em Tapauá nos meus sete anos de vida. Arrisquei: - “Rio Juruá”. Rimava. Mas não era a solução. Ela, então, me fez copiar duzentas vezes a frase: “Tapuá fica no rio Purus”. Fiquei com calos no dedo, mas nunca mais esqueci.

Lembrei do método de ensino da dona Lourdes nessa semana, quando li as declarações a O Globo do Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno. Ele aloprou. Criticou duramente o Governo, dizendo que a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, demarcada por FHC em 1998 e homologada por Lula em 2005, constitui uma ameaça à soberania nacional, que “dar terras” aos índios em faixa de fronteira é uma ameaça à integridade nacional e blá-blá-blá, blé-blé-blé.

A leitura continua no Taqui Pra Ti.

2 comentários:

Avoz disse...

Faltam comentarios sobre o Chagas Freitas.......


Jael Bimi

Anônimo disse...

Esta é uma história emocionante para quem viveu e para quem tem a oportunidade de revivê-la. Fiquei emocionada lendo e muito mais emocionada pelo belo resgate que faz nosso querido Altino Machado a seus ancestrais na doutrina do daime, fundada por Irineu Serra. Que suas raízes permaneçam sólidas e que seus frutos se mutipliquem fortes como os do passado. E assim reencontrei-me com o meu passado e com o amor. Parabéns.