quarta-feira, 30 de abril de 2008

CUIDADO COM A "VACINA DO SAPO"

Cientista alerta que uso indevido de bioativos
das
Phyllomedusas podem causar mais mortes

Alerta de Leonardo de Azevedo Calderon, doutor em biologia molecular e professor de bioquímica do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza do Campus Floresta da Universidade Federal do Acre em Cruzeiro do Sul (AC), em decorrência do caso de um homem que morreu em Pindamonhagaba (SP), após receber aplicação da "vacina do sapo":


"Um problema sério que não está sendo tratado é o desconhecimento dos efeitos fisiológicos adversos promovidos pela mistura de bioativos presentes no veneno da Phyllomedusa bicolor (kambô) em pessoas com comprometimento hepático, cardíaco e/ou neurológico, entre outras patologias. Não se sabe nada a respeito dos efeitos que a aplicação do kambô pode provocar em pessoas que possuem dezenas de patologias relacionadas aos órgãos e tecidos alvo de suas moléculas bioativas.

A ausência de estudos nestas áreas, principalmente motivada pela dificuldade de obtenção de licença por parte de órgãos ligados ao Ministério do Meio Ambiente, está diretamente ligada a atual ignorância quanto as "contra-indicações" desta prática, e será responsável por mais acidentes por ocorrer.

Adicionalmente pode ter havido um erro na aplicação do veneno. Existem três espécies de Phyllomedusas no Acre (origem da prática do Kambô) que são muito semelhantes entre si, sendo identificadas apenas por herpetólogos - a Phyllomedusa bicolor (kambô), a Phyllomedusa tarsius e a Phyllomedusa vaillantii.

A composição do veneno das duas últimas ainda são praticamente desconhecidas pela ciência, quanto mais seus efeitos fisiológicos. Caso tenha sido aplicado o veneno de uma das duas ultimas no lugar da bicolor, os efeitos fisiológicos podem ter sido muito mais fortes do que os observados no ritual do Kambô".

O professor Leonardo Calderon aprofundará a questão em artigo para o blog, na sexta-feira. Existe gente ganhando muito dinheiro com a aplicação da secreção do sapo até em clínicas do país. Alguns chegam a associar a substância à ingestão de ayahuasca.

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