quinta-feira, 20 de março de 2008

OS APÓCRIFOS


Nag Hammadi é a pequena localidade no Alto Egito, onde, em 1945, o camponês Muhammad Ali as-Salmman encontrou um grande pote vermelho, de cerâmica, contendo 13 livros de papiro encadernados em couro. No total descobriram cinquenta e dois textos naquele sítio.

Na primeira análise, para surpresa do professor Gilles Quispel - antigo amigo e colaborador do psiquiatra Carl Jung - a primeira linha traduzida do copta foi: "Essas são as palavras secretas que Jesus, O Vivo, proferiu, e que seu gêmeo, Judas Tomé, anotou".

Os manuscritos, hoje conhecidos como Evangelhos Gnósticos, ou Apócrifos (livro secreto), revelam ensinamentos, apresentados segundo perpectivas bastante diversas daquelas dos Evagelhos Oficiais da Igreja Romana; como, por exemplo, o trecho atribuído a Jesus, o Vivo: "Se manifestarem aquilo que têm em si, isso que manifestarem os salvará. Se não manifestarem o que têm em si, isso que não manifestarem os destruirá".

Além dos Evangelhos (ensinamentos atribuídos a Jesus Cristo através de seus apóstolos) outros textos compõem o legado de Nag-Hammadi, de cunho teológico e filosófico.

Os papiros encontrados em Nag-Hammadi, tinham cerca de 1.500 anos, e eram traduções em copta de manuscritos ainda mais antigos feitos em grego e na língua do Novo Testamento, como constatou-se ao verificar que parte destes manuscritos tinham sido encontrados em outros locais, como, por exemplo, alguns fragmentos do chamado Evangelho de Tomé. As datas dos textos originais estão estimadas entre os anos 50 e 180, pois em 180, Irineu, o bispo ortodoxo de Lyon, declarou que os hereges "dizem possuir mais evangelhos do que os que realmente existem".

Acredita-se que os manuscritos foram enterrados por volta do século 4, quando, na época da conversão do imperador Constantino, os bispos católicos passaram ao poder e desencadearam uma campanha contra as heresias. Então, algum monge do mosteiro de São Pacômio, nas cercanias de Nag-Hammadi, tomou os livros proibidos e os escondeu no pote de barro, onde permaneceram enterrados por 1.600 anos.

A literatura apócrifa é uma outra Bíblia. Existem 112 livros apócrifos, sendo 52 em relação ao Primeiro Testamento e 60 em relação ao Segundo. Assim como a Bíblia, a literatura apócrifa está composta de Evangelhos, Atos, Apocalipses, Cartas, Testamentos. Existem também outras listas desses livros.

Foram os homens da Igreja Católica que editaram a Bíblia com os livros que conhecemos hoje, determinando a inclusão dos que eram julgados sagrados e a exclusão dos que eram julgados apócrifos. A leitura dos apócrifos evidencia a tênue linha que separa o que pode ser considerado sagrado ou não.

Os escritos descobertos em Nag Hammadi permitem vislumbrar a complexidade do início do cristianismo. O que identificamos como tradição cristã representa, na verdade, apenas uma pequena seleção de fontes específicas, escolhidas entre dezenas de outras

Quem fez a seleção? E por que razões? Por que os outros escritos foram excluídos e proibidos como ‘heresia”? O que os tornou tão perigosos?

Com informações do site Teologia Gnóstica, que é um guia de referência, de caráter impessoal, construído com o intuito de solidariedade humana, indicando fontes de informações para estimular estudos e pesquisas. Vale a pena, ainda, uma busca complementar no Google sobre os Manuscritos do Mar Morto.

Um comentário:

morenocris disse...

Você é além da conta. Podes acreditar. Que belo trabalho você fez. Sempre surpreendendo. Este é o estilo do Discovery Channel. Parabéns.

Beijos.
Feliz Páscoa.