sexta-feira, 21 de março de 2008

DIABO, COCAÍNA E ESTRADA

Tive a impressão de que "o diabo fez a festa" na Semana Santa ao assistir ao telejornal da TV Acre.

Marcelo Rodrigues Benedetti (veja-o no Orkut), jovem de classe média, 19, estudante de arquitetura, chegou com dois amigos ao apartamento da mãe dele por volta das 5 horas da manhã. Logo começou a passar mal e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência foi acionado pelos amigos. O atendimento teria demorado mais de uma hora para chegar. E quando chegou o estudante estava morto em decorrência de overdose de cocaína.

Até agora, a construção da Estrada do Pacífico, que liga o Acre ao Peru, serviu apenas para aplainar o acesso dos narcotraficantes bolivianos, peruanos e brasileiros. Não há fiscalização e aumentou a oferta de cocaína vendida nas ruas dos bairros de todas as cidades acreanas. O estudante é mais uma vítima de um problema social que não está no foco dos governos estadual e federal.

Pode-se dizer que a venda e o consumo de cocaína pura e da pasta-base de cocaína estão liberados no Acre. Os jovens das famílias de baixa renda se afogam na "mela", mais barata, enquanto a juventude da classe média começa a cheirar a pura cada vez mais cedo. Em Rio Branco já existe até disk-cocaína operando 24 horas. A cidade está ficando famosa no país por possuir cocaína mais "pura" e mais barata do que a encontrada nas grandes cidades.

A região de fronteira do Acre com o Peru e a Bolívia, que está dominada pelo narcotráfico e a exploração ilegal de madeira, segue sendo tratada com cinismo pelo poder público.


Mas voltemos à violência durante a Semana Santa, que começou na quinta-feira, às 15 horas, com um acidente com vítima fatal em Assis Brasil, na fronteira com o Peru e a Bolívia. Um ônibus colidiu com um táxi. O motorista do táxi, Ozéas Sales da Silva, 36, morreu na hora. Ele teria estacionado na contramão da estrada para pegar passageiros.

No Instituto Médico Legal (IML) foi registrada a entrada de um feto e quatro corpos, sendo de três vítimas de homicídios e de uma vítima de acidente de trânsito.

O primeiro homicídio aconteu na parada final do ônibus do bairro Irineu Serra, considerado um dos mais tranquilos da cidade. Um homem ainda não identificado foi executado a tiros logo no começo da noite da quinta-feira.

Num trecho da estrada que liga Rio Branco a Boca do Acre (AM), Francisco Pereira Barbosa, 49, foi encontrado morto a facadas, precisamente no quilômetro 82 da BR-317.

A outra vítima de homicídio, ainda sem identificação, foi levada ao Pronto Socorro, assim como um feto, de aproximadamente quatro meses, que foi levado pela Polícia Federal para o IML.

No mais, um fazendeiro Carlos Cavalcante Neto, 36, cometeu suicídio supostamente por causa de dívidas. E, ainda, os registros de dois flagrantes por embriaguês ao volante e do homicídio de Raimundo Pereira, 23, outra vítima de esfaqueamento. O crime aconteceu no bairro Taquari. O acusado é um primo da vítima. Ambos tinham envolvimento com drogas.

Esse era o saldo da Semana Santa até às 7h30 da manhã. Falta saber as ocorrências registradas nas delegacias de combate a assaltos e de defesa da mulher.


O jornalista Leonildo Rosas, que está em Cruzeiro do Sul, conta no blog dele que não é apenas em Rio Branco, a capital, que os jovens se drogam. Até em Marechal Thaumaturgo, município no Alto Juruá, o uso de "mescla" entre a juventude é preocupante.

Rosas lembra que o inspetor Silveira, da Polícia Rodoviária Federal, declarou recentemente que a Estrada do Pacífico permitiu o aumento da entrada de droga no Acre.

- A declaração foi publicada no Página 20. Aliados históricos do governo, os dirigentes do jornal foram chamados à atenção por assessores do governador Binho Marques. Os assessores repreenderam afirmando que o governo fez um grande esforço para integrar o Acre com o Peru e não aceitará que histórias sejam inventadas - conta o jornalista.

No blog Ambiente Acreano, Evandro Ferreira trata do mapa da violência no Brasil e diz que "
o Acre ainda é uma ilha de tranquilidade, se compararmos com a situação vivida no vizinho estado de Rondônia".

Esclarecimento de Evandro Ferreira:

- Altino, realmente o Acre é uma ilha de tranquilidade (ainda) no que toca ao número relativo de assassinatos. Entretanto, quando o assunto tem a ver com drogas, somos primeiro mundo. Em agosto do ano passado até escrevi (leia aqui) um post no qual sugeri que os acreanos em breve iriam ser conhecidos como os "colombianos" do Brasil.

10 comentários:

Unknown disse...

Imagina, Altino, que, as vezes, quando nos sentirmos inseguros, sempre lembramos na possbilidade de voltar para casa...

Mayara Montenegro disse...

O primeiro texto que vejo tratando dessa realidade que todo mundo conhece, mas parece fingir que não.

Unknown disse...

Quando vejo esses jovens morrendo em rachas, envolvidoas com drogras, fico pensando se os Pais deles davam bom dia a eles e beijavam seus rostos todos os dias e diziam o quanto amavam-nos. Eu acho que não. Os valores da familia estão perdidos (para muitas familia) os pais não conversam mais com o filhos e não passam o amor que deveriam passar. Os jovens já saem de casa condenados. Quando é que os motoristas vão descobrir que simplesmente entrar num carro não dá super poderes a eles, párem de se matar. Isso tudo é reflexo da zona que é o Brasil, se um motorista mata alguem ou ultrapassa o limite de velocidade nada acontece com eles, nossas Leis são umas Leis-Putas, dá pra todo mundo se dar bem. Estamos num Pais de ninguem e sem perspectiva de mudança. Acho q a única solução é soltando uma bomba em algum lugar (poderia ser Brasilia) e começar do zero. Lendo sobre essesa jovens mais uma vez eu tenho convicção, todos os dias eu tenho que dizer mais e mais aos meus filhos o quanto Eu os amo.

. disse...

Fico me lembrando em 2006, quando o Dr. Geraldo Alckmin, mostrou nossas fronteiras (me refiro as que o Acre delimita com Peru e Bolivia), totalmente desprotegidas pelo governo federal que ja era comandado pela petralha, e aquela deputada comunista manipulou o povo, fazendo passar a impressao que Dr. Geraldo nos chamava de traficante. Tudo foi desmentido e nossas fronteiras eram mais segura e vigiadas do que a fronteira entre EUA e Mexico... Dr. Geraldo mentiu?

Unknown disse...

Naquela cena do Alkimin na fronteira, ele mostrou muito despreparo e demagogia. Não tem muita solução não. São 17 mil km de fronteiras terrestres, dentre elas, os únicos produtores de coca no mundo (Bolívia, Peru, Colômbia). Vem crescimento da renda, desenvolvimento de infraestrutura (estradas, aeroportos) e o consumo de droga acompanha. É impossível blindar 17 mil km de fronteiras. O que se deve investir é no serviço social para melhor orientar nossos jovens e investir mais na fiscalização. No aeroporto, fiscalizar 100% dos vôos, 24 horas por dia de blitz nas nossas rodovias em várias barreiras. Devemos aprender com essas tragédias. A morte do garoto não pode passar em branco. Deveria haver um movimento para exigir isso dos responsáveis do poder público local. Infelizmente, foi somente Altino que tocou no assunto aqui em Rio Branco. Todos os jornais nem perceberam. Acompanho as notícias de Belém, onde divulgam as apreensões de drogas naquele aeroporto. Na maioria das vezes, são vôos vindos do Acre. Estamos muito vulneráveis.

Sílvio Francisco Lima Margarido disse...

botam a culpa na cocaina....e serianos os bolivianis

Unknown disse...

Infelizmente Altino o "fazendeiro Carlos Cavalcante Neto" que teria cometido esse ato contra a própria vida é meu sobrinho.
Somos uma família muito unida, religiosa e apegada a Deus.
Por motivos que não entendemos ainda o nosso Neto fez isso.
A dor que a gente sente com a partida do Neto é muito forte.
Ele não faz parte apenas de números das estatísticas da violência em Rio Branco e o seu ato é um alerta do que é a doença depressão.
Meu sobrinho estava passando por turbulências na vida, em menos de 4anos havia perdido o sogro, a sogra e o pai vinha lutando contra uma doença grave há um ano (graças a Deus já controlada) e também outros problemas da vida de um ser comum.
Ele era muito querido por nós e por muitos amigos.
É uma perda irreparável.
Deixou viúva e 3 filhos.
Nós os familiares estamos inconformados com esse ato e procurando através da fé aceitar o que estava determinado no livro de sua vida.
Deus deve ter ditado desde a concepção dele, desde o início que esta seria a sua historia.
Um jovem que casou muito cedo, constituiu família, trabalhou arduamente e teve muitas responsabilidades muito novo.
Nada justifica o seu ato,mas, Deus deve ter recebido o Neto com muito carinho e determinando aos seus anjos para que ele seja cuidado e que ele agora tenha a paz que tanto procurou.
Depressão é doença, é coisa séria e seguramente sei o que estou falando.
Fica um alerta a todos para que fiquem e sejam mais sensíveis para com os próximos, no trabalho, na família, entre amigos e no momento que detectarem que alguem precisa de ajuda, não vacilar e ajudar. Orientar ou até mesmo encaminhar para um tratamento médico e ajuda espiritual.
Deressão não é modismo, é doença grave e considerada do século!
A vida atual nos cobra muito e nem sempre estamos preprarados o suficiente para tantas responsabilidades.
Quando minha equipe combatia incansávelmente o trabalho infantil e de jovens ainda precocemente nós faziamos isso além da legislação que não permitia e baseados em estudos de possíveis doenças que poderiam desenvolver ao longo da vida.
Não podemos julgar, não podemos nem tentar explicar, o que podemos é apenas orar por quem já se foi e ficar atentos aos que estão vivos, sofrendo e precisando de ajuda.

Unknown disse...

Tantas tragédias em poucos dias chamam sim a atenção: É PRECISO UNIÃO FRATERNAL ENTRE AS PESSOAS.
É PRECISO QUE SE PREGUEM MAIS VALORES AOS JOVENS, COMBATER VERDADEIRAMENTE A VENDA DE BEBIDAS, CIGARROS, DROGAS E CONTROLAR ESSAS GRANDES FESTAS QUE SÃO VERDADEIROS ALÇAPÕES PARA NOSSOS FLHOS.
JÁ OBSERVOU QUE AS FESTAS SÃO PATROCINADAS POR BEBIDAS, CIGARROS, ENERGÉTICOS ETC ETC.
DEVERIAM SER PATROCIDADAS POR SUCOS, REFRIGERANTES, DOCES E OLHA LÁ.
NOSSOS JOVENS COMEÇAM A BEBER MUITO PRECOCEMENTE.
MAIOR FISCALIZAÇÃO TAMBÉM NA VENDA DE BEBIDAS EM BARES, RESTAURANTES E SUPERMERCADOS.
EM OHAIO NOS EUA PARA SE TER ACESSO Á ALA DE BEBIDAS É PRECISO SER MAIOR DE 21 ANOS, MOSTRAR A CARTEIRA, JUSTIFICAR PORQUE ESTA COMPRANDO A BEBIDA..OU SEJA É LIMITADO ATÉ A QUANTIDADE DE VENDA PARA MAIORES.
FOI O QUE PRESENCIEI POR LÁ.
QUANTO AS DROGAS.. ACHO QUE TEM QUE SER TOLERÃNCIA ZERO PARA ISSO.

Unknown disse...

Sabe, Leandrius, não dá nem para dizer que o Dotô Alkmin mentiu. Mas, com certeza, dá para afirmar que ele falou besteira. Aliás, como sempre faz. Tentou conseguir um tema para falar do Acre e saiu a alopração das fronteiras. Senso comum brabo. Imaginar que as fronteiras do Acre são as portas de entrada das drogas que se consome nos Jardins, em São Paulo, é uma idiotice sem tamanho. Fosse assim, bastaria a Polícia Federal montar uma cancela nas rodovias e cobrar pedágio dos traficantes; pedágio tipo em cada viagem deixem tudo aqui para a gente levar para incineração.

Por todas as entradas disponíveis, tais como portos, aeroportos e rodovias internacionais, as drogas circulam em ritmo e volume que o que passa pelo Acre é micharia. Soma os quilos de drogas apreendidos pela Política Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo para você entender a idiotice do Dotô Alkmin. As regiões a noroeste do Acre são pontos importantes do tráfego. Mas esses negócios não ocorrem por via terrestre. Aviões vindo de outros países entram em território brasileiro e terminam em contato com o centro-oeste e mesmo Pará. O Acre é apenas uma referência no mapa. Nessas rotas, mais importantes seriam os serviços de vigilância aérea. Aliás, quando o partido do Dotô Alkmin estava no governo foram comprados os equipamentos do serviço de vigilância aérea da Amazônia. Fala-se o diabo de tal serviço.

Mas, como fala o Altino, no Acre, a coisa está ficando preocupante. Uma pequena quantidade da droga pode ter um efeito avassalador sobre as comunidades acreanas. O poder viciante de alguns derivados da coca (como é o caso do craque) é terrível.

E o que se pode esperar é que a sociedade se associe ao desempenho da Política Federal e antecipe-se ao traficante. É preciso que se adote medidas educacionais, mas, não é uma tarefa para escola. É tarefa para a família, mas não apenas para a família do adicto, do viciado. É tarefa para ser assumida pela comunidade. Este é um ponto importante: é uma tarefa para o conjunto da sociedade.

Alguém que pretendia ser presidente, como é o caso do Dotô Alkmin, caberia uma proposta além do trabalho de ocupação das fronteiras que se sabe inócuo. Esse trabalho de combate direto é feito com muita competência pela Política Federal, em que pese suas limitações quanto a pessoal e material. Hoje deveria contar com aviões, helicópteros e barcos para avançar sobre as bases da produção, circulação e distribuição da droga.

Existe um movimento que ganha corpor no Brasil chamado de AMOR EXIGENTE. Talvez fosse tempo de fazermos esse movimento ganhar presença no Acre, em todas as comunidades acreanas.

Anônimo disse...

Uma fatalidade com meu primo marcelo! nada mais que isso..