sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

VAMOS ESPERAR O LIVRO

Mário Lima

Em alguns momentos, alguns temas, algumas mensagens ou comentários, possuem muito mais, nas entrelinhas, por trás dos panos, nas coxias, do que a nossa vã filosofia de tristes e pobres mortais (leitores do blog) é capaz de imaginar.

É o caso do que começou sob a forma de uma colagem feita pelo Altino, da notícia sobre o encontro do ex-governador Jorge Viana com o presidente Lula. Eu, a quatro mil quilômetros de distância, li a nota sem nenhuma consideração a mais do que ela continha, ou seja, ative-me ao que estava escrito.

O que acrescentar na notícia e qual consideração a fazer sobre o título (Negócios), sobre o que é público das atividades atuais do ex-governador? Todos sabemos que é presidente do Conselho de Administração da Helibrás, uma subsidiária da Eurocopter Company.

Facilmente, se pode saber que se trata de uma grande fornecedora do governo brasileiro, dado que a empresa domina a produção latino-americana de helicópteros, com 54% de participação, no mercado civil brasileiro, enquanto que no segmento governamental tem uma participação de 85%.

O encontro do presidente com capitães da indústria é fato rotineiro, principalmente em se tratando de grandes fornecedores e que possuam forte influência nas exportações nacionais. E esse é o caso da empresa em questão.

Os gastos governamentais exercem papel elevado na formação das receitas desse tipo de empresa. Uma parcela de 67% da frota militar brasileira de helicópteros é fornecida pela Helibrás, além do fornecimento para outros níveis de governo, como os estaduais.

Os planos de investimento de uma empresa de tal porte são do interesse governamental, sem nenhuma dúvida. E quando falamos em planos empresarial desse porte, falamos de assunto para executivos situados nos mais elevados postos da empresa. Então, tudo bem com a notícia.

Mas vem a nota do professor Aníbal Diniz desfiando reclamações sobre o título da nota e deixando claro tratar-se de uma ofensa ao que fez e ao que faz o ex-governador. Sinceramente, não entendi a reação. Para completar, em meio ao texto do professor, assim como Pilatos no Credo, aparecem nossos caros amigos Toinho Alves e Élson Martins.

E lá vem o comentário do Toinho, onde são rememorados temas do “arco da velha”. Até que alguma luz parece ser posta. Mas, em palco aberto, ou tem muita ou pouca luz, sempre o suficiente para iluminar os setores e os personagens, apenas nos gestos que interessam para quem está na platéia.

Nós... Bem, nós somos platéia mesmo. O Toinho diz ser necessário um livro para esclarecer o assunto. Vamos esperar o livro.

Mário Lima é professor de economia da PUC de São Paulo. Tomei a liberdade de editar parcialmente o texto, cujo original foi enviado como comentário ao post "Na espelho da memória", de autoria de Antonio Alves.

Um comentário:

Saudades do Acre disse...

O Mário, professor de Economia, que pela própria formação transita bem pelos meandros econômicos da Política, matou a charada da visita do JV ao Lula, mas não decifrou o enigma do bafafá criado pelo suplente de senador Anibal Diniz envolvendo o Altino, o Antonio Alves e o Élson Martins. Também estou na platéia deste teatro e, pelo visto ainda estamos no primeiro ato, adivinhar o epílogo é o mesmo que procurar cabelo em sovaco de cobra. Mas sinceramente, já pensei até na possibilidade de ser apenas um marketing cooperado.