sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

NO ESPELHO DA MEMÓRIA

Antonio Alves

Não, Aníbal [Diniz], você não sabe da minha ansiedade. Melhor que não saiba. Mas fique tranquilo, ela não é maior nem menor do que era 30 anos atrás. E não tem nada a ver com a imagem do Jorge [Viana] ou com qualquer questão política que possa perturbar sua serenidade nas discussões.

Quanto à ansiedade do Elson [Martins], não a conheço. Mas com a história e os cabelos brancos que ele tem, não creio que seja necessário que ninguém lhe peça para ter calma. Lembra quando trabalhávamos na TV Aldeia, no governo do Flaviano Melo, e o Elson era o diretor da emissora?

Fui demitido do jornal O Rio Branco e ameaçado pelo novo dono, o Narciso Mendes, que foi ao governador tentar impedir a repercussão na TV. Flaviano chamou o Elson. Lembra o que ele respondeu? "Não vou censurar o Toinho nem impedir que a equipe noticie o assunto".

Naquele período, fiz várias crônicas criticando o governo, na emissora do governo. Pelo menos uma delas, criticando a posição do Flaviano a respeito do financiamento interncaional da estrada, foi usada pelo Jorge em reuniões importantes na tentativa de defender a floresta e o movimento dos seringueiros.

Ah, se eu fosse lembrar todos os detalhes teria que escrever um livro. Certamente não posso dizer que sou o mesmo, acho que mudei bastante nesses trinta anos.

Cada um dos personagens dessa história também mudou, pelo menos em algumas coisas. Em outras, todos permanecemos os mesmos. Cada um saberá, olhando no espelho da memória, qual é a atual fisionomia de sua ansiedade. Da minha eu sei.

Antonio Alves, jornalista e assessor do governador Binho Marques, enviou o texto como comentário ao post "Uma questão de justiça política", de autoria do jornalista Aníbal Diniz, também assessor do governo do Acre. Meu comentário: quis o destino que Toinho Alves fosse censurado na TV Aldeia, em 2005, por seus companheiros de partido e governo, durante a gestão de Jorge Viana. Convidado para um programa de entrevistas, Alves disse entre outras coisas que o pessoal do "governo da floresta" não gosta de percorrer as florestas do Acre. O programa, que envolveu vários convidados como entrevistadores, acabou sendo vetado e jamais foi ao ar. Aníbal Diniz o enviou para os porões da emissora.

3 comentários:

Saudades do Acre disse...

Nosso espelho da memória deve ser consultado diariamente. A imagem que ele reflete é o referencial ideal para orientarmos nossa própria conduta com o passar do tempo. Podemos ser piores, iguais ou melhores que ontem, mas não deixamos de ser nós mesmos. Quando ocorre, porém, de nos preocuparmos em excesso com a imagem de alguém, quase ao ponto de cultuá-la, ela passa a ser nosso referencial e perdemos nosso passado e nossa própria identidade. Não devemos ser ególatras, a ponto de cultuar nossa própria imagem, mas tentar ser o alter ego de alguém que admiramos, também é exagero, convenhamos.

Cruzeirense disse...

Não entendi mais nada...

Todo mundo aqui é acessor do Governador Binho é?

E esse pessoal não se esbarra nos corredores não pra falarem pessoalmente?

Se não tivesse esse blog, eles enviariam uma carta uns pros outros é?

Eu nunca vi um bando de acessores falar mal uns dos outros como esses.

Alguem me explique algo... porque agora entrou campim na palheta.

Unknown disse...

Em alguns momentos, alguns temas, algumas mensagens ou comentários, possuem muito mais, nas entrelinhas, por trás dos panos, nas coxias, do que a nossa vã filosofia de tristes e pobres mortais (leitores do blog) é capaz de imaginar. É ocaso do que começou sob a forma de uma colagem feita pelo Altino da notícia sobre o encontro do ex-governador JV e o presidente. Eu, a quatro mil quilômetros de distância, li a nota sem nenhuma consideração a mais do que ela continha, ou seja, ative-me ao que estava escrito.

Afinal, o que acrescentar na notícia e qual consideração a fazer sobre o título – negócios –, sobre o que é público das atividades atuais do ex-governador? Todos sabemos que é presidente do conselho de administração da Helibrás, uma subsidiária da Eurocopter Company. Facilmente, se pode saber que se trata de uma grande fornecedora do governo brasileiro, dado que a empresa domina a produção latino-americana de helicópteros, com 54% de participação, no mercado civil brasileiro, enquanto que no segmento governamental tem uma participação de 85%.

O encontro do presidente com capitães da indústria é fato rotineiro, principalmente, em se tratando de grandes fornecedores e que possuam forte influência nas exportações nacionais. E esse é o caso da empresa em questão. Os gastos governamentais exercem papel elevado na formação das receitas desse tipo de empresa. Uma parcela de 67% da frota militar brasileira de helicópteros é fornecida pela Helibrás além do fornecimento para outros níveis de governo, como os estaduais.

Os planos de investimento de uma empresa de tal porte são do interesse governamental, sem nenhuma dúvida. E quando falamos em planos empresarial desse porte, falamos de assunto para executivos postados nos mais elevados postos da empresa. Então, tudo bem com a notícia.

Mas, aí, lá vem a nota do professor Aníbal Diniz desfiando reclamações sobre o título da nota e deixando claro tratar-se de uma ofensa ao que fez e ao que faz o ex-governador. Sinceramente, não entendi a reação. Para completar, em meio ao texto do professor, assim como Pilatos no Credo, aparecem nossos caros amigos Toinho e Élson.

...e lá vem o comentário do Toinho, onde são rememorados temas do “arco da velha”. Até que alguma luz parece ser posta, mas, em palco aberto ou tem muita luz ou pouca, sempre o suficiente para iluminar os setores e os personagens, apenas, nos gestos que interessam para quem está na platéia. Nós...bem, nós somos platéia mesmo. O Toinho diz ser necessário um livro para esclarecer o assunto. É...vamos esperar o livro.