quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

CERVEJA OFICIAL GOELA ABAIXO

Valdecir Nicácio


Eu já havia decidido passar o carnaval em Brasiléia, em protesto contra o terceiro desterro que fizeram conosco. Lembram-se que começamos brincando carnaval na frente da prefeitura?

Depois, por medida de segurança, nos levaram pro Calçadão da Gameleira, e agora nos transportaram para o estacionamento do estádio Arena da Floresta. Aliás, arena sugere luta, digladiação, e também lembra Aliança Renovadora Nacional.

Posso lhes assegurar que a festa em Brasiléia foi animada, tranqüila, sem incidentes nem violência. Lá também tinha a cerveja oficial, mas não tinha o aparato do Estado para fazer comercial a favor da “colônia” que, diga-se, tem um gosto horrível.

Quando, na terça-feira, meu filho queria passar pelo menos uma noite em Rio Branco, tive que concordar. Viemos pra capital e fomos à Arena, onde, pra me livrar do engarrafamento, optei por seguir pela Via Verde, que na verdade estava completamente preta, pois com exceção da ponte, todo o trajeto estava às escuras.

A um quilômetros de distância já não havia mais como trafegar. A antiga Estrada do Amapá estava completamente deserta. Meu filho então advertiu: "Aqui é um prato cheio pra ladrão".

Optamos por um estacionamento particular, que cobrou R$ 5, exigindo o pagamento adiantado. Paguei e caminhamos até a Arena. E lá estavam os seguranças, com seus detectores de metal -aqueles que fazem falta no presídio- e mais uma determinação expressa de não deixarem ninguém concorrer com a bebida oficial. Ou seja, eles decidiram, negociaram, acertaram e nós pagamos a conta.

Depois da terceira cerveja oficial, não tive opção, fui ao banheiro químico que, pelo odor, estava mais para arma química. Durante meu passeio pela Arena, os camarotes me chamaram minha atenção, pois estavam quase vazios. Só reconheci que aquele era o carnaval do povão porque, com exceção do deputado Moisés Diniz, não vi nenhuma outra autoridade na Arena.

O curioso foi o governo estadual tentar explicar que tudo o que se fez, inclusive nos privando de direitos fundamentais, foi em defesa da segurança. Ledo engano de quem ainda não aprendeu a diferença entre policiamento e segurança pública.

O que se viu não foi o êxito do sistema de policiamento, mas uma clara demonstração de medo por parte do Estado, que necessitou arregimentar mais de 200 policiais pra tomar de conta de algumas dezenas de adolescentes com a cabeça pintada de amarelo.

Valdecir Nicácio é mestre em direitos humanos. Não deixe de ler no AC 24 Horas o relato do jornalista Tião Vítor, editor do Página 20, sobre o direito do cidadão frente à força do poder público. A polícia obrigou Vítor derramar cerceja na entrada da Arena da Floresta para favorecer donos de bares. Ele teve que recorrer à Justiça para tomar a cerveja preferida dele. Clique aqui.

6 comentários:

morenocris disse...

Caramba, que coisa feia. Você já provou da nossa cerpinha? hhhuuummmm...é maravilhosa!

Beijos.
Boa noite.

Aleta disse...

Bom não gosto muito de carnaval, aliás não gosto nem um pouco, ainda sou daquelas que prefere o rock ou uma boa marchinha daquelas tocada pelo bloco carapanã lá na gameleira, vixi acho que falei demais né, já que estamos proibidos de fazer carnaval na gameleira, voltando ao assunto sobre o carnaval da Arena, não me contive, tive que ir lá dar uma "olhadela" ... Surprise! e das piores possíveis... somente Kaiser ... porque será?? A Kaiser não é bebida alcóolica? A Kaiser da uma puta dor de cabeça e a galera bebe menos? Ou será que a Kaiser pagou quanto hein??? Brincadeira pra chorar, cadê o direito do consumidor em escolher as marcas? Ah esqueci se a gente não tem direito nem de pular carnaval na rua ... direito de consumidor não deve existir no dicionário dos governantes do Estado... e depois dizem por aí que o Jorge Viana que era ditador ... será mesmo que é só ele?

Unknown disse...

Quanta pitomba por pirombolas inócuas!

Orgulhos limitados, seres limitados, preocupações limitadas.

Ai ai, esse é o país do futebol, orgulho da bunda, delírio de bêbado...

Sem comentários!

Cruzeirense disse...

Por isso nós acreano, somos um dos povos mais "bestas*" do Brasil(zil, zil).

Era só ninguem ter ido pra essa porra montada e ter ficado todo mundo onde fosse mais agradavel. Será que a puliça iria tirar 5 mil pessoas de uma rua?

Nós somos mesmos uns babacas.


*Bestas = babacas, medrosos, otarios, etc. etc.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ALTINO MACHADO disse...

Guilherme, sei que não vai conseguir, mas siga o meu conselho: apenas não volte. Nem é necessário pensar.