sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

BOM DIA, JORGE

Notas da coluna Bom Dia, do diário A Tribuna:

Esquisito
O assunto correu solto na blogosfera acreana. Trata-se da audiência do ex-governador Jorge Viana com o presidente Lula, quarta-feira à tarde, no Palácio do Planalto. A dúvida é o motivo da conversa. O assessor Aníbal Diniz afirma, sem especificar detalhes, que só pode ter sido para tratar assuntos de interesse do Acre, descartando qualquer convite para Jorge assumir cargo federal ou ministério. É aí que fica uma pulga atrás da orelha.

Ocasião
Jorge Viana é amigo de Lula, pode conversar com o presidente a qualquer hora, onde quiser, mas não sobre qualquer assunto em qualquer lugar. Se for verdade que a audiência foi para debater problemas do Acre, ajuda ao estado, a ocasião foi imprópria e o lugar, errado.

Conselho
Acontece que foi uma audiência formal, agendada previamente, entre o presidente da República e o presidente do Conselho de Administração da empresa Helibrás. Aconteceu no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. Portanto, não foi uma conversa de amigos, um bate-papo.

Conselho II
Se o assunto foi o Acre, é de se perguntar o que o presidente da Helibrás tem a ver com o estado. Se foi sobre o Acre, algum interlocutor do governo, um parlamentar do estado, o senador Tião Viana, um secretário de estado ou o governador Binho deveriam estar presentes. Por quê? Porque Jorge Viana, apesar do imenso amor pelo Acre, dos relevantes serviços prestados ao estado, hoje não tem representação oficial para debater os problemas locais com o presidente.

Cortesia
Isso quer dizer que Jorge não pode pedir pelo Acre? Claro que não. Pode e deve e sempre o faz. Mas Jorge sempre prezou a liturgia e as regras. Desde que saiu do governo nunca fez declarações que mostrassem intervenção no governo Binho. Por isso, conversar com o presidente em audiência oficial sobre o assunto seria, no mínimo, uma descortesia. Não é do feitio de Jorge.

Outro ponto
Outro ponto é que ele, como presidente do conselho de uma empresa não pode fazer política ostensivamente. E isso Jorge Viana também preza muito. Esse cuidado ele mantém. Por tudo isso, a falta de informações sobre os temas debatidos causa estranheza.

Outro lugar
Fosse no Palácio Alvorada, na Granja do Torto, no apartamento de Lula em São Bernardo, a conversa poderia girar por qualquer tema. No Palácio do Planalto, em audiência agendada, não. Ultrapassa barreiras difusas, mas que são necessárias na ética pública.

Declaração
Por tudo isso, a coluna acredita que o assessor Aníbal Diniz, amigo de Jorge e de Binho, competente e sério, tenha se equivocado em suas declarações, na ânsia de dar uma resposta rápida. É o que parece ter acontecido.

Marina
Outro ponto interessante da resposta de Aníbal ao blogueiro e jornalista Altino Machado é a questão da solidariedade a Marina. Pode-se não concordar, mas dá para entender a saia justa em que o governo e o PT focaram para soltar uma nota de apoio à ministra.

Marina II
Segundo o assessor, havia muito em jogo e a necessidade de preservar o presidente Lula e a própria Marina. E a preocupação de não criar arestas no partido e no governo. É um argumento.

Marina III
Mas há o fato inegável de que gente fora do governo, especialmente governadores, imprensa, desmatadores, produtores rurais, caíram de pau na ministra. E para esses, não há resposta? Será que não seria possível conciliar a nota com os interesses do governo e a proteção e desagravo à ministra? Difícil entender que não.

3 comentários:

Luiz Matos disse...

em vez de nos preocpar com os assuntos de jorge, deveriamos pensar no nosso papel nesta sociedade - ou seja, cobrar e acompanhar nossos politicos.

ps. na minha opiniao, JV foi pedir um limite maior para seu cartao vitalicio... ops... corporativo!

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro Altino,

A coluna bom dia mais uma vez exagera ao comentar a importância do ex-governador. Vamos defender o Acre mas, tenha paciência !! o Ex governador não é o embaixador do Acre. Aliás, a Marina, pobre Marina, está na frigideira há tempos e o PêTê do Acre em silêncio doloso.
O ex-governador presta assessoria à Aracruz, empresa invasora de terras indígenas e quilombolas. Isso por sí só já o desqualifica para sair pousando de defensor do meio ambiente. A ação da Aracruz é criminosa e, ao compactuar com isso, o ex-governador nega a história da Ministra Marina e toda a luta de Chico e de muitos que estão ainda, felizmente, entre nós.
O ex-governador apoia as ações da Aracruz, o irmão senador defende a prospecção de petróleo e gás e Marina, pobre Marina !!

Lindomar Padilha

Unknown disse...

Isso é um jornal??? Hum...pensei que fosse um panfleto do PT.