sábado, 5 de janeiro de 2008

MEMÓRIA NECESSÁRIA

Walmir Lopes

Sempre tive alguma dificuldade para assimilar com clareza o que leva o ser humano a atentar contra a vida de seus semelhantes, por mais justificáveis que possam apresentar-se os fins (à exceção, claro, da legítima defesa da vida), tais como: legítima defesa da honra, estar sob efeito de forte emoção etc., além de outros mais torpes ainda, como vingança pura e simples por motivos banais (ou não), com a eliminação física dos desafetos, e por aí afora.

Os crimes de morte, por si só inaceitáveis, revestem-se de uma inaceitabilidade ainda maior quando concorrem para seu desfecho a tortura e a mutilação das vítimas, atrocidades que desembocam em verdadeira comoção social se houver, entre essas vítimas, um menor de idade.

Mas logo vem o Tempo e, com sua borracha discreta e silenciosa, vai apagando lentamente da memória qualquer traço que relembre os fatos passados, por mais trágicos, chegando-se enfim à indiferença total, cúmplice da impunidade e do incentivo à reincidência criminosa.

Tenho acompanhado por este seu blog, e agora também através do blog do deputado Edvaldo, postagens sobre uma série de crimes praticados num passado recente da história acreana, e que em função do medo ou da mera indiferença, sequer atraem os comentários dos leitores.
A princípio eu não entendia a razão dessas postagens. Seriam puro sensacionalismo, focando dividendos jornalísticos ou políticos? Ou seriam resultado de uma perseguição infundada?

Descobri, lendo a obra de um judeu romeno, vítima dos nazistas e Nobel da Paz, que não é uma coisa nem outra. É apenas uma forma de manter viva a memória e provocar incessantemente a Justiça, pois como disse Elie Wiesel, o mais famoso sobrevivente de Auschwitz, “a indiferença sempre ajuda os agressores, mas nunca ajuda as vítimas. E o que é a memória senão uma nobre e necessária resposta contra a indiferença?”.

Um comentário:

Saramar disse...

Altino, Walmir está corretíssimo. Não podemos deixar morrer novamente as vítimas das injustiças, dos bárbaros crimes, da violência, apagando den ossa memória o que sofreram.
Hão que ser lembrados sempre para impedir (ou pelomenos tentar) que se repitam e se banalizem.
A realidade brasileira (e não só do Acre) mostra que já estamos nos tornando insensíveis demais em relação à essas vítimas, inclusive por nossa falta de indignação diante da impunidade.

beijos, boa semana para você.