quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

ADEUS, RIO ACRE


Realizarei um velho sonho, cultivado desde a infância: daqui a pouco viajarei para Cruzeiro do Sul (AC), a cidade onde nasci, no extremo-oeste do país, e ainda hoje serei navegante nas águas barrentas do Rio Juruá com destino a Manaus (AM).

O fascínio pela região do baixo Juruá herdei de meu pai, que era natural de Eirunepé (AM) e costumava contar muitas histórias dos anos da juventude dele como mão-de-obra barata em barcos nos rios Juruá, Negro e Solimões.

E o que é Juruá? Dizem que o vocábulo vem de iuruá, que significa, em guarani, “rio de boca larga”. Também significaria homem branco, barbado. Gosto mais da designação caracol, se referindo ao traçado do Rio Juruá.

Ele é o rio mais sinuoso da Amazônia. É afluente da margem direita do Solimões, com cerca de 3,3 mil quilômetros de extensão. Começa agora o período de águas altas e estarei na aventura de percorrê-lo entre duas cidades separadas por 1,4 Km de distância, em linha reta.

Sou um dos convidados das expedição organizada pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do Acre, presidida pelo deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), outro cruzeirense que há anos também sonhava em percorrer o caminho da ocupação de uma das regiões mais belas e de mais vida do planeta.

A viagem deve durar mais ou menos uns 10 dias e até lá espero ter boas histórias e imagens para compartir com os leitores. Dependerei apenas de encontrar ponto de internet nas cidades ribeirinhas que visitaremos durante a viagem.

Estaremos a bordo do Surára, que mede 24,80m, é movido por um motor de 480HP, tem cinco suites com banheiro, seis camarotes sem banheiro, dois banheiros (masculino e feminino) e pode acomodar
22 pessoas.

O comandante Edvaldo Magalhães também vai relatar no blog dele a aventura. Ele está empenhado em abrir um debate no Acre sobre hidrovias. Segundo Magalhães, em que pese o benefício do asfaltamento da BR-364, o Rio Juruá precisa de cuidados porque não perderá importância como rota de transporte de mercadorias e continuará sendo uma via fundamental de abastecimento.

- O Acre necessita apostar fortemente numa política hidrográfica que leve em conta a preservação das nascentes de seus rios, recuperação das matas ciliares, a desobstrução de canais em rios e igarapés, que são na maioria das vezes as únicas vias de acesso da população ribeirinha às cidades - afirma.

Leia mais no Blog do Edvaldo.

8 comentários:

morenocris disse...

Boa viagem, Altino. Bom trabalho. Agora, é ter paciência para esperar notícias suas. Com certeza será um belo trabalho e quem sabe um prêmio, mais tarde?

Beijos.
Boa sorte.

Unknown disse...

Eu tenho um sonho. Não sei se terei tempo de realizá-lo, mas, ainda está entre os sonhos que quero realizar. Pretendo, com meus filhos homens - são quatro - fazer o percurso entre Assis Brasil e Brasiléia. Em havendo tempo, estender o percurso até Rio Branco. Mas, não quero, caro Altino, nada de camarotes climatizados. A minha idéia é ir acampando nas praias, fazendo fogueiras e preparando nossas refeições ao longo da viagem. Se ainda for possível, tiar das águas os peixes das refeições. Espero que a sorte me sorria permitindo que realize essa viagem o mais breve possível. Entre as coisas que pree3ndo escrever sobre economia e história regional estará o relato dessa viagem. Meus filhos sentem-se estimulados a me acompanharem. Quem sabe tudo dará certo.

Boa viagem, altino. Que o ambiente da terra mãe revigore teus sonhos e tuas forças para continuares na frente. Boa viagem, boa sorte.

Unknown disse...

O que mais gostas, entre as possíveis significações do nome Juruá, caro altino, logicamente, seria a menos provável. A idéia de caracol exige uma visão desde de cima. então...

Saudades do Acre disse...

Altino, essa decisão da mesa Diretora, à frente o Deputado Edvaldo, é um passo importante, pois ajuda também a sedimentar os propósitos da Florestania, pois pensa nos pequenos produtores da Floresta, prevendo o escoamento da produção também através do sistema hidroviário. Isso sem contar a viabilidade de exploração do potencial de turismo ecológico acumulado nessas hidrovias e ainda por explorar. Altino, que você e os deputados capturem cores, muitas cores, e vida, muita vida, com as suas objetivas. Vamos mostrar ao mundo a diferença entre a policromia alegre e fértil da Floresta, e a monocromia tumular e estéril dos pastos e canaviais. Talvez assim os insensatos se convençam de vez.
Boa viagem aos expedicionários, com uma única sugestão: não tragam espécimes silvestres
como "souvenirs". Apenas imagens.

Anônimo disse...

Pelo que vi na foto do barco parece que tem até ar condicionado. Depois da expedição dos petas essa poderia ser chamada de expedição dos blogueiros.
Ainda acho que o Acre anda na contramão quando não intensifica o valor das hidrovias e também não pensa em ferrovias.

Saudades do Acre disse...

Altino, não fique triste com o que o Mário disse. Seu caracol ainda tem chances, sim. Naquela época não precisava olhar do alto. Bastava deslizar pelo rio tendo uma noção espacial apurada como esses caras aqui:(http://www.agrup-eb23-amarante.rcts.pt/linhas_nazca.htm)

Antonio Alves disse...

Mário, os Huni Kui (Kaxinawa) chamam o Juruá de Tinton Henê, que significa "rio de muitas curvas". E para ver a floresta lá de cima os pajés conhecem vários tipos de avião. Quanto à viagem entre Assis Brasil e Brasiléia (Três Bandeiras e Brasília, pois), talvez nos encontremos. Só que vou estar subindo o rio, no trecho inicial da minha viagem dos sonhos.

Unknown disse...

Caro Toinho gostei da denominação de Tinton Henê. Olha, podemos combinar uma grande expedição. Convidarei o Roberto e faremos nos acampamentos nas prais rodadas de conversas e algumas partidas de xadrez (eu farei as anotações). O trecho, segundo minhas lembranças, poderia seria Paraguassú e Brasília. Lembra? Paraguassú era o seringal sobre cuja área fundaram Assis Brasil. Se eu não estiver enganado, a firma do Raimundo Chaar foi a última naquele seringal. Seguindo rio acima, depois de Paraguassú, só o seringal São Pedro. A partir daí, Gleba do Abismo.