sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

GOVERNO ESCLARECE ACIDENTE

O jornalista Itaan Arruda, asssessor de imprensa do governador do Acre, Binho Marques (PT), enviou nota de esclarecimento sobre o vazamento de látex e amônia ocorrido na Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri (NATEX).


"No último dia 22 de dezembro, a base metálica de um dos tanques de armazenamento de látex da Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri (NATEX) cedeu, por volta das 3 horas da madrugada, deixando vazar 12 mil litros de látex com amônia para evitar coagulação em uma proporção de 1,5%.

Segundo apuração do Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), o sistema de drenagem, que tem a função de direcionar efluentes para estação de tratamento da indústria, não funcionou adequadamente, o que será motivo de apuração.

Uma parte do látex (3,5 toneladas) coagulou rapidamente em função da evaporação da amônia, produto de alta volatilidade. Outra parte do látex (estimada em 1 tonelada) ficou retida na tubulação e nas medidas de contenção momentos após o acidente.

Estima-se que aproximadamente 7,5 mil litros de látex (equivalente a sete caixas d’água doméstica) tenham atingido um açude nas proximidades da fábrica. O açude em questão possui cerca de 5 mil m3 de água, o que resultou em uma concentração de látex inicial na água de 0,2%.

As fortes chuvas, nos dias 24 e 25, aumentaram a diluição, deixando quase imperceptível o impacto, o que é visível pela coloração da água e do pH (medida de acidez) monitorado.

A indústria está licenciada para operar. Durante a vistoria, foi lavrada uma notificação e as atividades serão retomadas somente após esclarecimentos e demonstração do funcionamento do sistema de drenagem e integração com o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida em Emergências Ambientais".

Um comentário:

Unknown disse...

A nota emitida pelo gabinete do governador indica falhas demais para um único dia.

a) Primeiro, a base metálica de um dos tanques cedeu.
b) Segundo, o sistema de drenagem não funcionou.

Um dos dois eventos, ou os dois, pode decorrer de erro de projeto – há erros de cálculo - ou houve erro de execução ou ambos.

A nota fala na possibilidade das chuvas terem promovido a “diluição” do látex nas águas do açude. Mas, podem, também, ter ampliado a “dispersão” do produto. De qualquer forma, as chuvas não minimizam o fato, podem ter ampliado sua área de influência.

A presença da amônia nos tanques também é minimizada pela nota. O problema não se reduz pelo fato do produto apresentar “elevada volatilidade”. Esta característica, ou seja, ser um gás indica a necessidade de maior prudência no seu uso e manuseio. Sabe-se que a amônia é tóxica e, na presença de umidade, corrosiva capaz de promover grande irritação. A inalação do gás é possível que a irritação pulmonar que causa edema pulmonar e mesmo a morte.

Existem outros aspectos, no mínimo intrigantes, na nota. Primeiro, esta afirma que “A indústria está licenciada para operar”; depois, informa que “foi lavrada uma notificação e [que] as atividades [da fábrica] serão retomadas somente após esclarecimentos e demonstração do funcionamento do sistema de drenagem e integração ao Plano Nacional de Prevenção e Preparação e Resposta Rápida em Emergências Ambientais”.

Cabem, aqui, duas considerações:

a) E as bases metálicas dos tanques não foram consideradas pela notificação? Não demonstraram essas serem inadequadas para executar o trabalho no processo produtivo da fábrica? A existência evidente de um erro na construção da fábrica não pode ser indicativa da necessidade de um exame mais geral do seu projeto e de sua execução?

b) Se a fábrica possui uma autorização para funcionar, não lhes foram solicitadas as demonstrações que agora exige a notificação? Com base em quais termos lhe foi concedida a licença de funcionamento?