terça-feira, 2 de outubro de 2007

ÁLCOOL VERDE PERDERÁ LICENCIAMENTO

Promotoria de Defesa de Meio Ambiente age com rigor após alertas deste blog a respeito do maior empreendimento no Acre

O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) terá que suspender imediatamente, por determinação da promotora Meri Cristina do Amaral Gonçalves, da Defesa de Meio Ambiente, a Licença de Instalação da usina Álcool Verde, o maior empreendimento no Estado, destinado à produção de etanol, na BR-317, próximo ao município Capixaba. Por ser considerado "inservível" à finalidade expressa na legislação ambiental, a promotoria exige que seja reavaliado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Grupo Farias, que lidera um consórcio no empreendimento, integrado por empresários acreanos e o governo estadual.


O Ministério Público do Acre determina que outro documento seja elaborado, obedecendo as diretrizes gerais estabelecidas pelos artigos 5º e 6º da Resolução CONAMA n.º 001/86, o qual traga consigo um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), pois do atual não consta essa parte, e que seja orientado ao proponente que o próximo estudo apresentado seja elaborado por uma equipe verdadeiramente multidisciplinar. As mesmas exigências envolvem o processo de licenciamento do cultivo da cana, para o qual é necessário, também, Estudo de Impacto Ambiental.

"Formação de uma equipe interinstitucional para avaliação do futuro Estudo de Impacto Ambiental, a ser apresentado, desde já salientando-se a inafastável necessidade de participação do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), justificando-se tal medida pelo fato do Imac estar ligado à Administração Direta do Estado", exige a promotoria, assinalando que o governo estadual é também "parte interessada na consecução das licenças".

Segundo Meri Gonçalves, a participação do órgão federal daria maior legitimidade ao processo, bem como a indispensável participação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para a análise dos aspectos referentes ao patrimônio histórico e cultural da região, onde está situada parte do sítio arqueológico dos geoglifos do Acre.

A promotora de justiça quer que o processo de licenciamento da área agrícola, ou seja, do cultivo da cana, também seja objeto de Estudo de Impacto Ambiental, uma vez que se trata de projeto agrícola, acima de 1000 hectares, para o qual a Resolução 237 do CONAMA exige elaboração de EIA-RIMA. "Dispensá-lo ou substituí-lo por outro mais flexível, menos complexo, sujeitará o empreendimento à possibilidade de embargo judicial, através de ação civil pública".

O Imac terá que estabelecer aos empreendedores que nova Licença de Instalação somente será deferida após a apresentação de Estudo de Impacto Ambiental adequado à legislação ambiental. Obedecendo ao princípio da informação, inerente ao direito ambiental, o Imac terá que dar publicidade dos atos de licenciamento do empreendimento a toda sociedade, uma vez que o meio ambiente se caracteriza como bem de interesse público.

As instituições financiadoras do empreendimento serão informadas pelo Imac sobre a atual situação do processo de licenciamento, para que possam adotar as medidas que lhe forem cabíveis. O Imac terá que cientificar o MPE, através da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, de todos os seus atos subseqüentes ao recebimento do documento, no prazo de 10 dias, explicitando todas as providências e medidas efetivadas no sentido de cumprir as orientações.

O não atendimento das exigências resultará no ajuizamento de medidas judiciais civis e criminais ou até mesmo ação civil pública por improbidade administrativa em decorrência do ilícito de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, considerando que as licenças já foram expedidas em completo desacordo com a legislação ambiental.

Melhor que uma nota resumida é clicar aqui para ler o documento da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente. É uma peça que contém críticas consistentes aos empresários e ao "governo da floresta" por desrespeito à legislação ambiental. Sendo assim na terra de Chico Mendes, Marina Silva, Jorge Viana, Tião Viana, Binho Marques e de tantos outros supostos ambientalistas oficiais, dá para se imaginar como é nas demais regiões do país.

3 comentários:

Anônimo disse...

Senador Suplicy é flagrado ao furar a fila em check-in
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi flagrado ontem ao furar a fila do check-in da TAM no aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo. "Eu cheguei e o atendente [da companhia] me chamou", explicou Suplicy. O despachante de bagagem da TAM, Breno Pires, justificou: "Ele é senador. Autoridade tem preferência".
À Folha o senador petista admitiu ter furado a fila e pediu desculpas: "Não devo fazer isso. Peço desculpas. Aconteceu porque saí de casa atrasado".
Surpresos, os passageiros na fila reclamaram. "Fico muito irritada com isso. Ele passou na frente de todo mundo", disse a educadora Lucila Araújo, 36, que pediu explicações ao atendente da TAM. Ela estava com o marido e com o sogro, este em uma cadeira de rodas.
À noite, por meio de nota, o senador disse que, só após ser atendido, se deu conta "de que havia passageiros que estavam em uma fila". "Peço desculpas àqueles passageiros, e assumo o compromisso público de estar mais atento e respeitar todos os cidadãos."
No aeroporto, Suplicy afirmou que queria chegar a Brasília a tempo de discursar no Senado sobre a política fisiologista e o interesse público.
A TAM negou priorizar autoridades, como disse o funcionário da empresa.
(LUCAS FERRAZ)

. disse...

Ta doendo a alma em saber que mais uma vez o progresso vai ser jogado no canto... da mesma mandeira que aquele grande grupo frigorifico foi impedido de entrar no Acre, graças aquele rapaz de Xapuri.

Anônimo disse...

Fiscalizar contratos da mídia, licitações direcionadas de combustíveis e estradas isso o MP não quer fazer. Agora acionar um empreendimento que vai se instalar no estado gerando empregos para se fugir da cultura do contra-cheque, isso pode. Tudo bem há de se tomar cuidados com a preservação, recursos hídricos, etc.. mas cadê que a promotora teve coragem de levantar estas questões durante a audiência pública? Não seria este o fórum adequado? Provavelmente teria levado uma inesquecível vaia da população de Capixaba.