Leila Jalul
Para um 7 de Setembro quente, céu acinzentado de tanta fumaça, nem pensei em desfiles, significados de liberdade e independência, desfiles de Brasília e nas outras cidades brasileiras. A primeira notícia do dia foi a da morte de minha amiga Marlize Braga.
Fomos adolescentes juntas. Ela um pouco mais velha que eu. Sabíamos das nossas grandes paixões - Marlize tinha umas paixões daquelas que sangram. Era uma mulher muito bonita, cintura de pilão, como falávamos à época. Eu também já fui até engraçadinha. Mas envelhecemos, engordamos, e perdemos muito do nosso antigo charme. Eu perdi todo.
Muitos lembrarão da Marlize colunista social. E muito dirão. Então nem toco nesse assunto. Afinal das contas nunca soube quem é a “loura sinistra”, nem ela nunca me elegeu a “mais elegante”. Pelo contrário, me chamava de “traste” e vivia mandando eu me arrumar.
Falo da Marlize filha da Adma, da Pensão Sorriso lá em Sena Madureira, onde amigos como o Dressler e o José Centeles, exportadores de couro de animais silvestres (era legal), onde Expedito, Gerardo Farias, o Joel Araújo, o gerente do Basa e eu, evidentemente, nos reuníamos em torno da mesa de comida boa. As conversas rolavam até altas horas.
Marli e Mauro, irmãos mais velhos, já tinham seguido seus destinos. Restavam na casa grande de madeira, além da minha amiga, um monte de meninas de cabelos lisos, ainda pequenas, todas filhas da velha Adma. Marilene e mais umas gêmeas que agora não recordo mais. Acho que era tudo com nomes começando com "M".
Quero lembrar sempre da Marlize irônica, quando era necessário, brincalhona, quase sempre, e, acima de tudo, profissional respeitada e amiga dos que a amaram. Tive a felicidade de, embora não freqüentando mais sua casa, nem de nos vermos toda semana, conhecer uma pessoa espirituosa e boa, que não veio ao mundo à passeio.
Chic, perde!
Deus há de iluminar seu caminho.
5 comentários:
Querida Leila,
Fiquei sabendo ontem pela minha sobrinha Morgana da morte da Marlize. Certa vez estava em Rio Branco e ela me intrevistou para um programa de TV, fiquei de boca aberta com tanto profissionalismo, pois digamos, Marlize me conhecia desde menina. Fiquei plena de admiração por sua maneira muito imparcial de se envolver na frente das cameras mas claro, detrás (das câmeras) era um doce, brincalhona, sorridente e uma memória impecável, muito inteligente e aguçada no raciocinio. Marlize era amiga de muiiiiitos anos da minha familia que vc conhece tão bem. Mas me lembro sobretudo dela em Belém. Dela e da familia. Meninas corajosas, guerreiras, batalhadoras. A dona Adma me telefonou no dia em que eu passei no vestibular, nunca esqueci isso. A familia dela sempre foi ligada à minha, de uma maneira ou outra. São muitas as irmãs vc tem razão fica a lembrança do rosto mas 'foge' o nome...Queria dizer para voce e Altino que a homenagem é merecida. Que Marlize repouse em paz. Um abraço,
Silvana
Oi Leila.
Sinto muito por haver perdido uma amiga.
Quando um amigo se vai, ficamos diminuídos, ficamos mais indefesos.
Certamente Deus, com as recomendações de quem a ama, irá cuidar muito bem dela.
beijos Leila, Altino.
Boa semana para ambos.
Muito linda a minha querida "prima" Marlize. Nunca houve no Acre criatura mais hospitaleira, doce, bem humorada, sabedora de tudo, tim-tim por tim-tim das personas da terrinha, tanto do jirau como da cozinha, até à sala de estar. Como dizia o Zé Leite, sabia o que aconteceu numa lua de mel onde só haviam dois. Realmente, chic perde, só a fabulosa Marlize Braga mesmo, pra ser a acreana convidada por Deus pra assistir de camorote a estréia de Pavarotti no Céu!
Ficar surpreso quando se tem uma notícia que abala nosso alicerce de essência humana é natural, quando temos uma admiração a uma pessoa como foi a Querida Marlise Braga. Em uma de sua últimas vindas à Cidade Maravilhosa (RJ), estivemos juntos na casa da também xará, Ray Nakayma (Copacabana) donde sempre ficava hospedada e, claro atualizei as fofocas da "República de Galvez". Registro o pesar com profunda emoção e, claro, graças a Leila e Altino que parabenizo-os.
MARLISE BRAGA DIZIA CHIC PERDE E, NÓS DA CASA DO ACRE NO RIO DE JANEIRO PERDEMOS NOSSA MAIOR DIVULGADORA.
Pelo muito que no meu trabalho vão cabendo e fecundando pessoas e amigos ao longo desses anos residindo no Rio de Janeiro, encontrei pessoas carismáticas e fascinante, dentre outras, a Amiga MARLISE BRAGA, que sempre de sua estada no Rio de Janeiro, queria saber como estava a programação sócio-cultural da colônia de acreanos. Por diversas vezes participou dos eventos da Casa do Acre, com seu prestígio e elegância abrilhantava o evento sempre como um espelho social, onde as pessoas eram influenciadas pelas suas opiniões (honestas, autênticas e sinceras), suas idéias a respeito do social da entidade em epígrafe. Na sua opinião de pessoa independente, eu como todos os conterrâneos a sua volta tínhamos a noção de fazer parte deste espelho social. Assim, portanto, sou e, acho que somos conduzidos ao ápice do conhecimento do pensamento social, próprio do ser humano quando galga degraus na vida. Sobretudo, dedico, nesses (quase) trinta dias – 07/10, a dor da perda de uma pessoa amiga e grande colaboradora, como também, divulgadora em nossa terra (AC), dos trabalhos desenvolvidos pela entidade. Reencontro nos conterrâneos, que povoam minha vida nestes anos em que estamos presidente da Associação Cultura e Social “Casa do Acre”, que me fizeram crescer como ser humano social, com a sua amizade e com o seu saber diversificado e sua inquietação, ora através das indagações e dúvidas, ora das críticas e até dos silêncios, muxoxos e caras tristes (eu percebi algumas) quando soubemos da notícia da perda de nossa Querida Marlise, não é fácil chegar alguém “de fora” e ensinar algo que não sabemos como será aplicado no futuro. Mas, penso e, acho que aprendi e, aprendemos (os seus amigos íntimos, aqui no RJ., tais como: Ray Góes e Ray Nakayma, Enilza Gomes, Sansão Pereira, Carlos Meireles e, claro Altino Machado através de seu blog, tornou-se, também íntimos dos acreanos aqui residentes. A todos vocês, com saudosas e renovadas memórias, como nos ensina Carlos Drummond de Andrade De tudo ficou um pouco. (...) fica sempre um pouco de tudo. Nosso pesar pela ausência de nossa QUERIDA MARLISE será através de um culto ecumênico e depósito de uma coroa de flores no jardim da saudade. Finalmente, invoco novamente a fonte de minha inspiração para dizer que vivendo, se aprende e que dependerá de nós chegarmos dificultosamente a ser o que realmente somos. No mais, o amor prevalece, como também, a saudade... enquanto há coisas que melhor se dizem calando.
Affonso d’Anzicourt e Silva
Presidente da Casa do Acre
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