terça-feira, 28 de agosto de 2007

FRIAGEM NO ACRE

O Acre enfrentou nas últimas semanas temperatura média de 37°C, sendo que a sensação térmica era de pelo menos 40°C. Ela começou a virar na tarde de ontem, quando vento e chuva a fizeram despencar dos 36°C para os atuais 14°C. A umidade relativa relativa do ar, que era de 45%, nesta manhã é de 100%.

- Áreas de instabilidade formadas pelo deslocamento de uma frente fria pelo país espalham muitas nuvens carregadas. O tempo fica chuvoso e a temperatura cai - diz a previsão dos serviços de meteorologia.

Para os acreanos mais antigos é sinal dos tempos que haja no final de agosto uma friagem - queda repentina de temperatura causada pela frente fria provinda da região ártica.

Existe gente que não acredita quando contamos que no Acre, geralmente entre maio e junho, às vezes chegamos a atravessar madrugadas sob 9°C.

Em maio de 1992 o então governador do Acre, Edmundo Pinto, foi assassinado em São Paulo e acabei sendo transferido por segurança para a sucursal do Estadão em Brasília.

O repórter Antônio Marcello foi escalado para vir ao Acre para a cobertura dos dias de comoção. Ele perguntou-me o tipo de roupa que deveria usar aqui durante a viagem. Disse-lhe com uma dose de exagero que trouxesse até sobretudo, pois era tempo de friagem.

Marcello, claro, não acreditou e foi se aconselhar com outro repórter, o João Domingos, que já havia viajado várias vezes para a região. Domingos também deu o mesmo conselho e Marcello decidiu viajar sem roupa de frio porque imaginou que estivéssemos apenas querendo pregar uma peça.

- Fui bobo por não acreditar em vocês. Estou enfrentando o maior frio da minha vida e voltei agora da loja onde fui comprar roupa - avisou ao telefone Marcello na manhã seguinte.

Continuamos sem aquele fumaceiro que alguns tentam nos fazer acreditar que seja resultante de queimadas na Bolívia, Rondônia e Mato Grosso. Embora o vento sul continue a soprar com velocidade de 9km/h, a fumaça não aparece por aqui porque deixamos de queimar descontroladamente neste ano.

Após a forte chuva de ontem, está praticamente descartada a possibilidade de incêndios de pastagens e florestas nas proporções trágicas registradas há dois anos.

Imperdível a leitura do artigo "Respirando, às vezes", do Toinho Alves, logo abaixo, que bem sintetiza o que tem sido os governos do PT e seus aliados no Acre.

2 comentários:

Anônimo disse...

Chegou ao Acre em algum dia de agosto de 1945, com 27 anos no lombo, vividos praticamente na linha do Equador.
Ele e seus colegas de viagem foram colocados em um casarão de madeira, na esquina da Rua Rio Grande do Sul com Av. Getúlio Vargas, na frente do viria a ser, décadas depois, a Universidade Federal.
Deu uma friagem daquelas, com vento forte entrando pelas frestras das tábuas de madeira maltratando os ocupantes das redes armadas uma ao lado da outra. Nunca vira o frio, não sabia como reagir....
Alguem, de lá, gritou: "Se cubram com o mosqueteiro!"...

Anônimo disse...

Bem observado, Altino. Serviço de utilidade pública é basicamente isso. E com memória histórica de fatos e “causos”, importante enquanto alerta e prevenção contra os sectários da Igreja dos Últimos Dias do Aquecimento Global, que de repente darão as caras atribuindo o que é rotineiro, ou melhor, cíclico, aos perversos humanos e suas atividades insustentáveis contra a natureza e blablablá. Ai, que preguiça! - diria o Macunaíma. Destruímos tanto e estamos vivendo mais.