segunda-feira, 20 de agosto de 2007

FLORESTANIA CRÍTICA

Marilza de Mello Foucher

Acabo de receber de meu amigo José Bessa o link do teu Blog e agora, daqui da França, onde já vivo há quase 30 anos, vou poder acompanhar o jornalismo politicamente correto, coisa rara hoje no Brasil.

Quando eu digo politicamente correto é aquele jornalismo crítico, imparcial, que oferece ao leitor elementos para forjar sua própria opinião sobre qualquer assunto tratado.

Hoje, Altino, leio muito pouco os jornais brasileiros, preferindo os blogs, sobretudo dos conterrâneos que continuam fazendo jornalismo analítico, comparativo, um jornalismo criativo e imparcial.

Eu acho hoje, com raras exceções, que os jornais estão com um baixo nível no tratamento de matérias. Parece que hoje, com a internet, muitos jornalistas passam o tempo a fazer o "copiar/colar" sem criatividade, não ousam mais investigar o conteúdo das informações, todos sugam da mesma fonte.

As palavras perdem sentido e a liberdade de expressão cede à pressão do patrão do jornal, muito mais preocupado com o apoio publicitário, com financiamentos que com o jornalismo de qualidade e imparcial.

Já não existe mais aquele dono do jornal que peitava a ditadura, via seus jornais fecharem, suas matérias passadas pelo crivo dos censores e nem por isso deixava de lutar pela liberdade de expressão. Muitos foram exilados, outros resistiram com estratégias de sobrevivência clandestina. Hoje, com toda a democracia, preferem a submissão à ditadura dos patrões da grande imprensa e aceitam a censura interna.

Vim para a França no final dos anos 70, fiz mestrado em geografia e doutorado em economia na Sorbonne, hoje sou consultora nternacional. Trabalhei durante muitos anos na Agência de Cooperação Francesa, instituição com características não governamentais e governamentais. Uma parte ong estava ligada aos movimentos da igreja católica progressista francesa. Outra parte, governamental, financiada pela Comissão Européia, Ministério de Relações Estrangeira e Ministério da Cooperação Francesa.

Fui responsável por projetos de desenvolvimento integrado e solidário para o Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Financiei vários projetos de Norte ao sul Brasil. Aí no Acre, apoiamos o movimento de direitos humanos, a Comissão Pastoral da Terra e outros. O mais conhecido foi o RECA, que antes se situava no Acre. Quando Jorge Viana era prefeito também financiei um projeto.

Bem, o CCFD tem uma longa história com o Brasil de Paulo Freire, de Josué de Castro, de Celso Furtado, de Chico Wiltaker, de Dom Helder, Dom Moacir, Dom Balduino, de Leonardo, de Frei Betto entre outras personalidades da esquerda brasileira que participaram do movimento de educação popular e muito contribuíram no processo de democratização do Brasil.

Tive essa chance de ajudar meu Brasil daqui do outro lado do Atlântico, mas sou cabocla nascida na beira do rio Acre, precisamente em Boca do Acre (AM). Fui para Manaus com dois ou três anos, mas também vivi três anos em Rio Branco, em plena ditadura militar. Em seguida voltei para Manaus. E minha vida de estudante no Brasil termina com minha pós-graduaçao em Fortaleza. Voltei para Manaus e logo peguei o aviao da Air-France que acabava de inaugurar seu vôo direto para Paris.

Sinto-me mais acreana que amazonense. Aliás, não sei porque Boca do Acre pertence ao Estado do Amazonas, pois é lá que começa a história do Acre. O livrinho "Do Sertão Cearense às Barrancas do Acre" foi escrito por meu pai, Mario Diogo de Mello, hoje com 94 anos. Mas quem é poeta na familia é Thiago de Mello.

Parabéns pelo teu blog!

Parabéns pela florestania crítica e independente, que nasce do chão acreano germinando liberdade de ação.

Fraternura

2 comentários:

Anônimo disse...

Depois do caso Juvenal Antunes, o Juninho Barombinha deixou de fazer parte do clube do uísque, na Excalibur. Tem um montão de gente que via (e ainda vê) o TIBICUERA (outro apelido) chapadão, com a cara cheia de uísque e a avó em casa dormindo. Lá mesmo, na residência, ele rouba os vinhos italianos do velho Nilo e enche a cara desde os doze anos.

Anônimo disse...

Artigos escritos pela Marilza podem ser encontrados no endreço:

http://www.altermonde-levillage.com/spip.php?auteur77