segunda-feira, 9 de abril de 2007

VIZINHOS REAGEM

Organizações se mobilizam contra acordos de exploração de petróleo na Amazônia equatoriana

Mariane Gusan

Movimentos sociais do Equador, liderados pela frente "Somos Poder Constituyente", declararam nessa segunda-feira que tentarão impedir a Petrobrás de expandir sua atuação no país por ser acusada de ter violado leis equatorianas e de ter causado graves prejuízos econômicos e ao meio ambiente durante a exploração do campo de Palo Azul, onde a empresa já atua desde 2002. Segundo comunicado da frente, a Petrobrás também estaria respondendo a uma comissão anticorrupção no país exatamente sobre a concessão desse campo.

O novo plano, assinado por Lula e Rafael Correa na semana passada, em Brasília, diz respeito ao desenvolvimento dos campos já existentes no bloco chamado ITT (de Ishpingo, Tambococha, Titutini), que foi declarado Reserva Mundial da Biosfera e tem aproximadamente 190 mil hectares na parte oriental da Amazônia equatoriana. O projeto de expansão no bloco inclui além da Petrobras e da estatal de petróleo equatoriana (Petroecuador), as estatais chilena e chinesa de exploração.

O campo ITT é próximo ao Bloco 31, região em que a Petrobrás já trabalha e também onde a empresa teve problemas na expansão de uma via pela reserva de Yasuní, em 2005, que lhe custou a perda de uma licença ambiental na época.

Ameaça ao Parque Yasuní
A principal preocupação da frente que reúne membros da sociedade civil, povos indígenas, organizações campesinas e representantes do poder local é a possibilidade de degradação ambiental do Parque Yasuní, nas cercanias do Bloco 31 e do ITT.

A reserva abriga uma das maiores biodiversidades vegetais e animais do planeta e os movimentos temem danos ambientais causados pela poluição e avanço das plantas fabris na região, além da contaminação da água com metais pesados e outros dejetos tóxicos que acompanham a extração do óleo.

Em declaração feita hoje, o presidente da Petroecuador, Carlos Pareja, afirmou que os acordos dos projetos de hidrocarbonetos não comprometem em nada o país, e que são somente uma forma de oferecer alternativas ao Equador para explorar seus 4,9 bilhões de barris de petróleo na região.

No acordo firmado entre os dois presidentes na semana passada, ficou decidido que a Petrobrás, junto com as demais empresas do consórcio para a exploração de petróleo no Equador, apresentará um plano de desenvolvimento do campo de petróleo de ITT. O plano prevê melhoria na exploração e extração, construção de uma planta de melhoramento e outra para a geração de energia a partir do reaproveitamento dos resíduos do processo.

A jornalista Mariane Gusan, da equipe de redação do Amazônia, escreveu com informações da Petrobrás, Frente "Somos Poder Constituyente" e dos jornais "Hoy" e "El Comercio", do Equador.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Altino,

Muito bom o texto da Mariane. Eu apenas acrescentaria que parte da sociedade brasileira já se manifestou em 2005 em solidariedade aos povos Huaorani,Quichuas, Tagaeri e Taronani e seus territórios, no Parque Nacional Yasuni. Naquela ocasião lideres do povo Huaorani e uma comissão mais representativa pediram a nossa solidariedade e denunciaram os graves problemas decorrentes da exploração do petróleo e o descaso da Petrobras que atuava no bloco "31". Pediram para que Lula retirasse a Petrobras do Parque Nacional Yasuni e do território Huaorani.
Fizeram uma carta denominada " Carta aberta do povo Huaorani ao governo de Alfredo Palacio, para os povos do Equador e do mundo, pela autodeterminação dos Huaorani e contra a Petrobras no bloco 31".
A resposta à carta Lula enviou agora pelo portador Rafael Correa.
Jornalistas que cobriram a comitiva a Urucu, fizeram publicar parte do que seria uma entrevista com um representante da Petrobras que afirma: "a Petrobras não atua em territórios indígenas e nem em área de preservação até porque a legislação não permite". Ainda bem. Só que nossa legislação muda ao gosto do freguês, ainda mais se o freguês for do tipo importante.
Em um texto de Patrícia Mariuzzo, publicado em 'comciencia' diz: "Na década de 70, técnicos da Petrobras procuravam reservas na bacia do rio Jandiatuba, região do Alto Amazonas, onde viviam grupos indígenas ainda não contactados. Houve confrontos com os índios que, empunhando arco e flrcha, sairam em defesa de sua terra. Os funcionários da Petrobras, por sua vez, responderam jogando dinamite, usada originalmente para fazer pesquisas. Esse é o exemplo de um dos impactos, talvez dos menos conhecidos, que a exploração do petroleo pode provocar".

Bom trabalho

Lindomar Padilha