sexta-feira, 20 de abril de 2007

LULA DIZ QUE FARÁ COBRANÇA DURA A MARINA

Presidente exige soluções para entraves ambientais e dá sinais de que quer mudanças no comando do Ibama

Luciana Nunes Leal

Em reunião ontem com o Conselho Político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu a sua irritação com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por causa da demora na concessão de licença ambiental para construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira. O presidente ressaltou a importância dos empreendimentos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e para a garantia de produção de energia elétrica a médio prazo, deixando a impressão de que gostaria de ver mudanças no comando do instituto, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente.

Lula comentou que teria uma reunião “muito dura” com a ministra Marina Silva e com a direção do Ibama. Ele cobra soluções para os entraves ambientais e não admite simplesmente a recusa na liberação das licenças.

“Agora não pode por causa do bagre, jogaram o bagre no colo do presidente. O que eu tenho com isso? Tem que ter uma solução”, reclamou Lula, segundo o relato de um dos presentes ao encontro. O presidente se referia a um dos argumentos usados pelo instituto para barrar o licenciamento das obras - a construção das usinas vai bloquear a migração desses peixes.

As usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Roraima [na verdade é Rondônia], prevêem a produção de 6.450 MW de energia elétrica. Nos planos do PAC, a meta é ter esses empreendimentos praticamente concluídos em anos. Juntas com outro projeto de usina para o Norte, a Belo Monte, as três obras são consideradas vitais pelo governo Lula para garantir crescimento econômico de 5% nos próximos anos.

De acordo com um parlamentar presente à reunião, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), mostrou-se preocupada com uma autoridade do Ibama que estaria demissionária. “Em vez de problema, talvez isso seja solução”, respondeu o presidente, reiterando a insatisfação com o trabalho do instituto.

As reclamações acontecem no momento em que a ministra Marina está de fato pensando em trocar os ocupantes de postos-chave de sua pasta, especialmente do Ibama.

De acordo com alguns petistas, o presidente do instituto, Marcos Barros, do PT do Amazonas, estaria pronto para deixar o cargo - só estaria aguardando a dança de cadeiras em estudo pela ministra.

Responsável pela implementação do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, a estatal Furnas Centrais Elétricas entregou o estudo de impacto ambiental do projeto ao Ibama em julho de 2005 , mas o instituto pediu uma série de informações complementares. Com isso, as licenças - primeiro passo para as obras - não foram concedidas e o projeto continua paralisado.

De olho em possíveis mudanças no Ibama, o PMDB não perdeu tempo e já indicou o nome do ex-deputado José Priante para substituir Barros. Ele é sobrinho do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).

Um dos argumentos dos peemedebistas nas negociações com o governo sobre os cargos do segundo escalão é que o PMDB adotaria um política de destravamento das pendências ambientais que atrasam obras prioritárias.

Será difícil, no entanto, a substituição de um petista por um peemedebista no Ibama, por causa da forte resistência dos ambientalistas ligados ao PT e da própria ministra.

Reforma ministerial

Governo passa a considerar a saída de Marina do cargo. O motivo é o mesmo e antigo: entraves ambientais ao crescimento citados por Lula, que chegaram até a causar atrito entre o Meio Ambiente e a Casa Civil.


Luciana Nunes Leal é repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Leia mais.

6 comentários:

Editor disse...

O que se vê no PAC são as migalhas de sempre para o desenvolvimento de fontes de energia renovável no país e muito estímulo para o capital que queira investir nos projetos de infra-estrutura energética, como as grandes usinas hidrelétricas, por exemplo. O risco ambiental aí contido é imenso, mas não é tratado pelo PAC. Quem vai ficar de olho nisso? O PAC sem a Marina, pode acabar se transformando numa armadilha ambiental para a Amazônia e para as áreas impactadas pelos grandes empreendimentos de infra-estrutura.

Anônimo disse...

Alguém desconfia de quem está dando uma forcinha ao amigo Lula para a demissão da Marina? Quem sabe desta vez o presidente usa sua cota pessoal, né?

Anônimo disse...

Mas... num tô dizendo!? Lá vem de novo a " questão do meio ambiente no meio do caminho do desenvolvimento lulista e imperialista." Pelo nosso lado temos o planalto no meio do caminho do pleno desenvolvimento da nossa biodiversidade.A Marina está sendo torturada nesse cargo de Ministra de um partido que há muito abandonou as causas mais nobres. Lula tá totalmente entregue ao americano.Marina até quando? Acho que o Lula decide essa parada logo,logo A cobra vai fumar, O bicho vai pegar,Deus nos acuda!

Editor disse...

E ainda aparecem alguns dizendo que não há um racha ideológico impulsinonado pela questão ambiental. Tá sendo velado, é verdade, mas existe sim. Agora quer saber, a Marina não precisa estar no governo para continuar mantendo a liderança do movimento ambiental. Se o Lula for esperto, o que não é, irá mantê-la, pois ela fora é bem pior para eles.

Anônimo disse...

Não, não acredito! Se o presidente usar sua cota "pessoal..." é muito! Não, vamos pensar noutra coisa. É a Dilma quem tá fritando a nossa Ministra. Minha gente, o diabo deve tá tocando rabeca...

Anônimo disse...

Oi Altino a matéria da Luciana já está vencida faz tempo. Marina, aquela santa, já compreendeu o recado do companheiro Lula e já providenciou as mudanças necessárias no Ibama. Também não enfrentou as críticas da Dilma e vai, é claro, demitir os assessores que precisar para destravar a pauta do "desenvolvimento" e principalmente para que o bagre não caia no colo do presidente. Mas pode ser que agora, o outro chefe do seu estado consiga o tão sonhado e esperado "carguinho" pra vir pra Brasília. Os seus ídolos de pés de barro estão descendo a balsa da credibilidade.Um vexame. Abraço. Rubra.