terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

CACIQUE CARA DE PAU

Mensagem enviada por Lindomar Padilha, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em Cruzeiro do Sul (AC):

Caro Altino,

O mundo está mesmo em profunda transformação. E é para pior. Veja essa novidade que aconteceu no Rio Moa, precisamente na terra indígena Náwa.

Desde 1999 aquele povo busca a demarcação de sua terra. Três laudos já foram feitos. Um dos laudos era para "provar" a indianeidade do povo. Em 2004 porém, um grupo, basicamente não-índios, liderados por um índio chamado Ilson Carneiro, conhecido como Railson, resolveu iniciar uma luta no sentido contrário, tendo até recorrido ao uso de violência e diversas ameaças contra os que defendiam a demarcação.

Pois bem, o mais incrível aconteceu em dezembro último: O Railson fez publicar um documento onde se autodeclara cacique e, de cara, abdica de 30 mil hectares e se coloca aberto a novas "negociações". Fez mais: Pediu para que a Funai respeitasse a sua decisão e não se metesse no processo de demarcação.

Claro que nem a comunidade, nem o cacique do povo, um índio chamado Francione e, muito menos nós, indigenistas, entendemos nada. É como querer ser prefeito para questionar a autonomia política do município.

Ainda bem que pela legislação em vigor, especialmente de acordo com o decreto 1775/96, a Funai é responsável pela demarcação das terras indígenas.

Esperamos que o nobre "cacique-rei" não tenha abolido o decreto e nem destituído o administrador da Funai. As autoridades precisam dar uma olhada na região do Môa, pois a situação tende a ficar mais tensa e pode fugir ao controle.

Um abraço e bom trabalho.

2 comentários:

Anônimo disse...

A minisérie está surtindo efeito. Acho que esse índio está querendo emular o Galvez, ao se autoproclamar cacique. Só espero que o Governo Amazonense não esteja por trás dessas pretensões e obrigue o presidente Lula a intervir com uma flotilha no Moa a fim de restituir o poder a quem de direito.

Anônimo disse...

De fato, meu caro Walmir, não sei se o governo Amazonense está por trás, mas alguém deve estar. Pior, sempre pode haver loucos dispostos a seguir um outro louco. A loucura aqui, no caso, não fosse a sua gravidade, seria até cômica.
Prefiro a minisérie.
Grande abraço

Lindomar Padilha