segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

A VELHA VIOLÊNCIA POLICIAL

Não existe juiz, promotor de justiça ou delegado de polícia em Manoel Urbano, a 216 quiolômetros de Rio Branco, a capital do Acre. Mas Manoel Urbano tem apelido de cidade ou município.

Dois soldados da PM, que na verdade é quem impõe a lei naquele fim de mundo, são acusados do espancamento que resultou na morte do estudante e músico Manoel Carlos da Costa, de 20 anos.

Na noite de sexta-feira, Costa tocava violão na praça da cidade. Os soldados Machadinho e Lourenço se aproximaram e apreenderam o instrumento. Mesmo sem o violão, o músico continuou cantando e por isso foi espancado.

O músico foi preso na delegacia, mas logo teve que ser transferido para o Pronto-Socorro de Rio Branco por causa da violência da qual foi vítima. Morreu ontem, em decorrência de perfurações no estômago, supostamente causada pela ponta dos cacetetes da polícia.

Conversei com o secretário de Justiça e Segurança, Antonio Monteiro. Ele disse que os policiais já foram afastados e que uma diligência da PM está na cidade para investigar o caso.

Monteiro deixou transparecer que desconfia do rumo que a investigação, conduzida pela própria PM, possa tomar.

- Vamos entrar no caso e chamar o Ministério Público se o resultado da investigação contrariar o que a sociedade espera - afirmou.

Enquanto isso, Margarete Gomes permanecia no IML esperando a liberação do corpo do filho. Na capital existe a Polícia da Família. É a mesma de Manoel Urbano?


Onde está o Ministério Público? Cadê as organizações de defesa dos direitos humanos do Acre, que apareceriam quando Hildebrando Pascoal estava na ativa?

4 comentários:

Anônimo disse...

Altino, tenho algo a comentar. Tenho.
Manoel Urbano, é município. Próspero, segundo testemunhas oculares e oficiais.
Nunca se esqueça que Manoel Urbano, tem sobrenome. Chama-se Manoel Urbano da Encarnação. Eu perdoo tudo. Perdoo a distância, a transformação de Vila em Município, perdôo a falta de juiz, de promotor. Perdôo até a falta de ar. O que não posso deixar por perdoados são os soldados que mataram os dois seresteiros. Cantar é crime? Vamos logo sugerir a mudança desse código penal obsoleto, caduco, incongruente e primário.
Cantar é vida!
Espero que o desencarnado se recupere, reencarne e dê uns bons sustos nos meganhas.
Você tá vendo o transmimento de pensação que acabo de ter? Mando o COMIGO NÃO, VIOLÃO!, revisto e atualizado e vc me vem com essa barbárie! Me deixe assimilar essa fantasia! Me deixe entender!
Um abraço

Anônimo disse...

Altino, companheiro;
É dolorido saber que alguém possa ser preso, torturado e morto só porque ousou cantar numa praça, seja em que hora for, principalmente quando vivemos o advento de mais um Governo da Floresta, esta idéia de cidadania na floresta, por mais distante que seja o lugar, ainda que em Manuel Urbano. Mais dorido saber que isso acontece no momento em que o governador do Estado é um cidadáo ligado às artes, à cultura, à música. Triste saber que a violência policial, tantas vezes combatida com o risco da vida de tantos, tantos anos depois ainda possa fazer vítima. Espero que os poetas, os músicos, as organizações, enfim, as pessoas que ainda creem num mundo menos bruto possam, uma vez mais, encampar a luta pela defesa dos direitos humanos e irem à luta em busca de punição dos assassinos e, mais que isso, de justiça em relaçãp ao - veja só o nome ! - Manoel Carlos!Uma justiça feita a um é uma ameaça a todos, dizia Voltaire. Pois bem. A injustiça feita em qualquer lugar, ainda que em Manuel Urbano, é uma ameaça a qualquer pessoal, mesmo em Paris. Então, o que estamos esperando? Só escrevendo, denunciando é que não vamos ver os machadinhos (machadinho mesmo) e Lourenços da vida na cadeia. Se precisar, disponha. Sabe como me achar. TM

Anônimo disse...

Segurança e Saúde sempre foi a esfinge de qualquer governo.Só mesmo um choque cultural pra mudar esse quadro social tenebroso.Manoel Urbano é aqui também,a brutalidade tem espaço de sobra e a ternura está cada vez mais rara.Tá feio o nosso quadro social, muito feio.Binho terá um grande desafio pela frente:Humanizar nossa sociedade.É difícil,mas é essa a missão.Silene Farias

Anônimo disse...

Essa é a policia militar que os oito anos do jorge não conseguiu humanizar.