sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

ÍNDIOS INVADEM IBAMA

Lindomar Padilha

Caro Altino,

Durante duas semanas os índios apolima-arara tentaram, sem êxito, uma solução para o conflito existente na Terra Indígena do Arara do Amônia, em Marechal Thaumaturgo, por conta de autorizações emitidas palo Ibama para retirada de madeira e construção de casas para os não-índios, ocupantes da terra indígena. Sou testemunha desse esforço dos índios.

A construção das casas é fruto de um convênio entre o Ibama e o Incra, que fizeram o convênio sabendo tratar-se de terra indígena, mas sem que tenham considerado o laudo de identificação da Funai. Este blog mesmo pôde cobrir parte da angústia nossa e, principalmente, dos índios.

Com as declarações do superintendente do Ibama ontem à tarde, de que não impediria a retirada de madeira e que chegou a pedir para os índios esperarem por apenas mais um mês acampados na sede da Opirj, a situação chegou ao limite e, hoje pela manhã, os índios ocuparam a sede do Ibama em Cruzeiro do Sul.

Os índios dizem que vão esperar lá na sede do Ibama até que tenham uma solução definitiva para o impasse. Afirmam que o que vier a acontecer será de total responsabilidade do Ibama e do Incra.

Lamentamos profundamente que a situação tenha chegado a esse ponto e já não temos mais o que fazer, infelizmente. A omissão e o não cumprimento de acordos, por parte das autoridades, não nos permite mais acreditar que resolverão o problema.

Só podemos rezar e torcer para que o conflito não piore ainda mais.

Bom trabalho.

Lindomar Padilha é coordenador do Conselho Indigenista Missionário em Cruzeiro do Sul (AC).

3 comentários:

Anônimo disse...

Faltou dizer que a área em questão é a Reserva Extrativista Alto Juruá, onde alguns se arvoram em se chamar de índios....mais uma vez a Industria das Etnias Índigenas entra em ação!!!! Comprometimento com a causa índigena sempre foi uma tônica do Superintendente do IBAMA...aliás, ele veio da causa indigenista.
Entre índios e não índios, eu fico com Paulo Freire quando disse que temos que "defender o verdade, sabendo que sem homens e mulheres (indigenas ou não) o verde nao tem cor."

Anônimo disse...

Caro Felipe,

A reserva extrativista, com quase um milhão de hectares foi uma ótima tentativa de proporcinar um melhor bem viver para aquelas pessoas simples e trabalhadoras, oriundas de um sistema seringalista injusto. Hoje, porém, aquelas mesmas pessoas estão abandonadas e a reserva é, de fato e exclusivamente, extrativista.
Todos os estudos de etnogênesis daqueles indígenas comprovam e comprovarão sua identidade étnica. Afora que já há um laudo, aprovado oficialmente, que inclusive delimita aquela terra indígena. Portanto, a acusação de que não são indigenas e que fazem parte, como resultado, de uma suposta "indústria das etnias", é preconceituosa e racista e, manifestação de ignorância ou covardia. O decreto 1775/96, que regulamenta o processo de demarcação de uma terra indígena, permite o contraditório. É só entrar na justiça para provar que não são índios e que há a tal da "indústria das etnias".

Um bom trabalho a você Altino.

Lindomar Padilha

Anônimo disse...

Preconceito e racismo fica até bonito na boca de um indigenista..... mas virou ficam tão vazias quand são usadas na defesa de atitudes pouco nobres.
Pessoas lutam pra fazer uma Reserva Extrativista, ai quando um grupo não se sente presitgiado (muitos dos quais lutaram pela Reserva), falam que são índios e agora querem uma terra índigena! Assim caminha a humanidade....
Viva os ÍNDIOS! Viva os EXTRATIVISTAS! Viva os POVOS DA FLORESTA..... mas porque diabos eles não podem viver bem numa área tão grande????? Até que ponto os conflitos entre os Povos da Floresta são instalados pelos os mesmos "defensores" dos Povos da Floresta?

Quantas perguntas.... nada é óbvio!
Muitas lutas legitimas, são estragadas por interesses pouco nobres.