quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

MARINA SILVA FALA ALTO

"Perco o pescoço, mas não perco o juízo"



A semana vai findar com um cenário bem mais estável para Marina Silva. Existe tanto ministro medíocre cujo desempenho deveria ser questionado, mas alguns aloprados do Palácio do Planalto insistem em alimentar a imprensa com intrigas contra a ex-seringueira.

O petardo mais pesado da semana veio da jornalista Tereza Cruvinel, colunista do Globo, que errou ao se referir aos "obstáculos que têm impedido o andamento de 120 obras" no país.

A respeito disso, melhor consultar o diagnóstico do setor de licenciamentos ambientais, no site do MMA. Apenas quatro processos de licenciamento de hidrelétricas dependem unicamente da avaliação do Ibama, atualmente.

O fato é que Marina Silva não pára de receber manifestações em defesa da permanência dela no Ministério do Meio Ambiente. Hoje a ministra Dilma Roussef disse à jornalista Miriam Leitão, do Globo, que se depender dela a ministra Marina Silva não cai.

- Ela disse que não tem esse poder, mas avalia que a ministra do Meio Ambiente tem feito um bom trabalho e a prova é a queda do desmatamento - assinala em seu blog a jornalista.


Mas o melhor mesmo foi a entrevista de Marina Silva ao Gerson Camarotti, do Globo, publicada na edição de hoje. A ministra diz que "perde o pescoço, mas não perde o juízo", ao falar sobre as pressões para apressar as liberações ambientais:

A senhora compartilha da idéia do presidente Lula de que é preciso fazer o Brasil crescer a 5% nos próximos anos?

Marina: Como o Lula teve sabedoria para fazer o país crescer com o compromisso social, ele vai ter sabedoria para fazer o país crescer com a questão ambiental. Em 2002, havia 500 mil hectares de florestas derrubadas por ano contra 320 mil hectares de florestas plantadas. Em 2006, estamos atingindo 600 mil hectares de florestas plantadas. É a minha lealdade ao Lula que se levanta aqui para mostrar o que ele fez na área ambiental.

Mas insisto: a avaliação é de que a senhora precisa flexiblizar a gestão ambiental. Há uma obsessão do presidente Lula com o destravamento do país. A senhora aceitaria flexibilizar o Ibama?

Marina: Para mim, flexibilizar o Ibama não é o termo adequado. Você flebilizaria uma cirurgia de coração? Dar eficiência ao processo não significa passar em cima da lei. Quando você tem uma visão do que é correto, tem que fazê-lo. E para isso é preciso cumprir as regras republicanas e ter rigor, mesmo com as demandas.

A senhora está chateada com as especulações de entrar na reforma ministerial?

Marina: Eu ficaria chateada se ao final desses 4 anos se falasse em desenolvimento no país, sem falar na questão do meio ambiente. Eu me preocupo com o desenvolvimento econômico, mas não concordo que seja preciso derrubar a floresta para produzir grãos.

Se a senhora tiver que flexibilizar a gestão ambiental, qual seria a sua posição?

Marina: Uma coisa é certa: eu perco o pescoço, mas não perco o juízo.

7 comentários:

Anônimo disse...

O processo de fritura continua. Ao manter os rumos e ritmos das flexibilizações iniciados por Collor de Mello e aprofundadas pelos tucanos, Lula chegou aos limites das liberalizações com uma nova fornada de aliados, tipo Maggi e a turma do desmatamento - eles se dizem operadores do agrobusiness. Logo, logo teremos a proposta de uma nova agência: a do Meio Ambiente.

Marina, vista por Lula como um símbolo, não como uma gestora, operadora da burocracia da União, cria esse dilema que só pode ser resolvido por ela. E ela sabe disso e já expressou de viva voz essa consciência. Espero que imponha ao governo a sua permanência pelos dois lados que formam seu personagem na história contemporânea. Espero que não aceite o papel pretendido para ela pelo governo e faça valer sua história de ativista das lutas populares.

Anônimo disse...

É preciso fazer muito, muito, muito mais coisas para o destravamento do Brasil (além das 120 obras) como por exemplo não aceitar o show de pizza que foi a absolvição da turma do mensalão.... o Brasil está travado e umas dessas travas chama-se CORRUPÇÃO. Quando finalmente damos mais atenção a causa ambiental vem um louco-mal assessorado querendo reverter a causa.
Sustentabilidade e responsabilidade ambiental hoje e sempre.

Anônimo disse...

Que este Natal não seja de tristeza para as pessoas que acreditam no desenvolvimento humano em harmonia com a natureza.Foi em dezembro que calaram Chico Mendes.Lula não quer resistir,quer abrir, é só lembrar a comparação dele sobre a questão do meio- ambiente com o exame de próstata.
Marina,é uma Senadora eleita pelo seu povo para defender a natureza.Com sua fé e confiança em Deus, não tem o que temer. A tribuna é dela,o ministério é do Lula.Marina para Senadora, é meu voto!Silene Farias.

Anônimo disse...

Marina, menina Marina, não desça das tamancas. Vc é forte ante essa oposição pequena. Com próstata ou sem próstata, vc é necessária para manter sob controle a ira dos Baggis e dos malfeitores. Creio em vc, menina Marina. Creio na sua têmpera e na sua valentia. Se não der, entregue o mundo às moscas e ao desvairio dos devastadores. Os filhos deles não terão, por certo, nem um pouco de paz, nem um abrigo que os alivie.
Meu carinho e admiração.
Leila

Anônimo disse...

Marina Silva é uma reserva moral desse
governo.Ela não precisa dele.Ele é que
precisa dela.Qualquer ser humano consciente sabe que o seu trabalho como
ministra do meio ambiente,tem a marca da
decência,da honra,da integração ser humano/natureza e de uma rica história
de vida e de superação de obstáculos.
Quem dera que houvesse outras Marinas
em outros ministérios; a face desse governo seria outra completamente diferente da que mostra hoje.
Abraços do Chico Souto

Anônimo disse...

Moro do outro lado do mundo, mas mesmo daqui avalio que a postura da ministra Marina Silva nao é sinônimo da burocracia inútil, nem da "miupia" que tanto trava o país. Muito pelo contrário, ela é um dos raros sinônimos do Brasil decente e lúcido, e nao da corrupcao generalizada. O trabalho dela é útil para a continuidade da nacao.
Paulo de Almeida

Anônimo disse...

Bravo, ministra!