terça-feira, 7 de novembro de 2006

ACRE NO BREU

O espectro ao lado sou eu, às 18h45 de ontem, enquanto desligava o notebook, após esperar por mais de uma hora o restabelecimento do fornecimento de energia, que começou a faltar pela primeira vez no dia ainda pela manhã. Jamais imaginei que a velha lamparina, adquirida em maio como peça de decoração, se tornaria realmente útil para iluminar minha casa durante as noites dos últimos dois meses.

É inegável que a vida no Acre melhorou como nunca nos últimos oito anos, durante os dois mandatos do governador Jorge Viana. Até costumo dizer que saimos das trevas para a luz.

Porém, quando o assunto é energia elétrica, o serviço tem piorado a cada dia e não se vê movimentação política suficiente para mudar a situação caótica a que chegamos. O Acre tem vivido sob constantes apagões, embora seus consumidores paguem pela tarifa de energia mais cara do país.


Na semana passada, por exemplo, o meu bairro e outros tantos de Rio Branco chegaram a permanecer por mais de seis horas sem energia. O fato seria um escândalo em qualquer lugar do mundo, mas por aqui a maioria encara passivamente a situação.

O governo estadual fez insistentes campanhas nos últimos anos afirmando que temos energia de sobra, mas é paradoxal que a Eletroacre e a Eletronorte não prestem nenhum esclarecimento ao público sobre os apagões.

De olho na possibilidade de alguma vantagem financeira, por conta da publicação de balanços ou anúncios das duas empresas, os veículos de comunicação preferem ficar caladinhos.


Essa trolha ao lado, que parece um transformador enlatado, foi instalada na noite de ontem, ao lado de um poste na rua onde moro, para garantir o fornecimento de energia no meu bairro.

Há uma semana falta energia diariamente em vários pontos da cidade, sem contar os picos que já danificaram até meu mini-home theater.

A assistência técnica autorizada de uma multinacional do setor eletro-eletrônico informou que nos últimos dias assinou dezenas de laudos para clientes que pleiteiam ressarcimento do valor de aparelhos danificados pela instabilidade na rede elétrica. No Procon, a Eletroacre segue sendo a campeã das reclamações.

Antes, a cidade era castigada pelo apagões após alguma tempestade tropical. Agora, no período do inverno amazônico, basta as nuvens escurecerem que já começa a faltar energia.

Na noite de ontem, durante 15 minutos, um novo apagão deixou mais de 300 mil pessoas em completa escuridão, em Rio Branco, Porto Acre, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Acrelândia e Bujari. Foi o terceiro "grande apagão" em menos de um mês.

Quem quiser que encare a escuridão acreana à luz de vela. No breu, prefiro a velha lamparina.

Leia mais no Notícias da Hora.

9 comentários:

Anônimo disse...

Eu moro na rua atrás da Eletroacre, ou seja, ela fica praticamente no meu quintal, e mesmo assim não escapamos desses apagões. Sábado e domingo é sagrado apagar tudo. Ontem, ao chegar do debate da Rádio Livre: adivinhem! Hahahahah... Se eles conseguirem queimar meu PC, as coisas ficarão feias pra eles...

Anônimo disse...

É Altino, infelizmente a prestação de serviço de nossa Companhia local não tem sido das melhores, pagamos caro por um serviço mal prestado. Sem contar que o atendimento na empresa quando os usuários precisam de informações (e/ou quando necessitam resolver algum problema) também é de péssima qualidade, temos vistos funcionários mal treinados e nada capacitados para atendimento ao público... ainda fica parecendo que procuramos a empresa para pedir favor... infelizmente essa tem sido a realidade do consumidor acreano de energia elétrica.

Anônimo disse...

Acho interessante nossos governantes falarem tanto em desenvolvimento se não temos energia que é a base de qualquer desenvolvimento.

No Quinari, as coisas não são diferentes, um vento e toda energia vai de água a baixo.

Anônimo disse...

cara, essa lamparina é muito "acre"!

Anônimo disse...

Altino, o meu refrigerador de ar não funcionou mais depois de um apagão na rua onde moro. Tu achas que vale a pena eu cobrar o conserto dele à Eletroacre? Diz que a gente tem esse direito, né? Via Tribunal de Pequenas Causas, Procon, etc. Será que tem boca?

Anônimo disse...

Braga, vale a pena, sim. Demora alguns meses, mas você será indenizado, com certeza. No 0800 da Eletroacre o atendimento informa como o consumidor deve proceder. Ou então consulte o Proncon. Até lá, dias e noites calientes em sua house.

Anônimo disse...

êpa! Péra aí. Segundo os tucanos a privatização do setor resolveu tudo isso. Que estória é essa, então?

Anônimo disse...

Altino,
uma lamparina desta enfeita a estante de meu sogro aqui na Alemanha. Ele coleciona lanternas de todos os tipos e todas as épocas. Trouxe na mala para presenteá-lo. A lamparina resistiu a viagem toda. E o Acre está presente nesta rica coleção. Fico agora triste, por eu mesma não ter tao belo exemplar... Mas quem disse que esta foi minha última viagem a esta bela terra? E ainda tenho que trazer umas porongas!!!
Abraços,
Eliane

Anônimo disse...

Oi Altino, respondendo ao Braga: tem boca sim, amigo. Ontem mesmo, o Procon divulgou o cadastro estadual de reclamações feitas pelos consumidor. Os dados foram recolhidos nos 8 primeiros meses do ano, a partir dos atendimentos feitos pelo Procon. A Eletroacre passou de 1º lugar em número de reclamações no ano passado para 7º este ano. O serviço tinha até melhorado, mas agora está quase obsceno. No fim de semana, a Eletroacre resolveu antecipar o Natal e fazer de pisca-pisca a luz lá do meu bairro. Ia e voltava de dois em dois minutos. Palhaçada. O diretor da Eletroacre disse um dia desses pra repórter Taty Campos que não é Deus pra resolver tudo. Ainda bem q não é. Sugiro que em vez da gente reclamar pra Eletroacre, comece a ligar pra Aneel. Mesmo assim, procura o Procon e tenta resolver o problema. Todos deviam fazer isto.