sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O TICO ERA ESTRELA

Glória Perez

Claro que eu lembro da Leila! E ainda sou Dó para a família e para os amigos! O Tico não foi o primeiro periquito, mas era especial, não me largava. Eu achava mesmo que ele estava escondido na minha nuca. Imagine! Ah, os doze anos da gente!


O pobre Tico teve uma morte horrível: num dia de natal pulou na minha cama quando eu estava dormindo, me virei e... acordei com ele grudado nas costas. Foi um deus nos acuda!

Enterrei o Tico numa lata de biscoito embaixo da jaqueira, com direito a flores e tudo, para indignação da minha mãe, que considerou aquilo um sacrilégio!

Quando voltei a Rio Branco, procurei a jaqueira. Não está mais lá! Minha casa, essa em frente à Rádio Difusora Acreana - A Voz das Selvas, virou um curso de inglês. E a primeira casa, aquela onde vivi os primeiros anos, na rua 6 de Agosto, foi demolida!

Eu era assim mesmo como a Lena descreveu: moleca, gostava era de subir em árvores, mergulhar no rio, jogar baleado, e tinha horror ao laço de fita que era obrigada a usar durante o primário, no Grupo Escolar Presidente Dutra.

Quem ia sem o laço ou com o laço mal feito tinha de cantar o hino na sala da diretora! Cantei foi muito hino!


Bons tempos, aqueles!

Ah, e antes que me esqueça: o Tico era estrela!

Glória Perez é acreana e novelista.

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