segunda-feira, 23 de outubro de 2006

DUCARALHO

A organização do Festival Varadouro se preocupou tanto com mais ou menos cem convidados (produtores, jornalistas e bandas) de diversas regiões do país, mas esqueceu de atrair a presença do distinto público acreano ao evento. Menos de mil pessoas, incluindo os convidados, participaram das duas noites do festival. A cena roqueira acreana se julga tão independente, mas tão independente, que não demonstra preocupação com a retumbante ausência de público em sua festinha.

- A música sempre vence - disse Diogo Soares, vocalista da banda Los Porongas, um dos principais articuladores do evento.

Quero me abster de fazer crítica musical. Algumas das 16 bandas do festival podem merecer a lata do lixo cultural, mas a maioria revela originalidade e maturidade.

O que soa absurdo é roqueiro tocar para roqueiro com dinheiro público. A Fundação Cultural do Acre investiu mais de R$ 100 mil como patrocinadora do evento.

Eventos do Circuito Fora do Eixo e da Associação Brasileira de Festivais Independentes chegam a reunir mais de cinco mil pessoas em outras cidades.

Não é possível que em Rio Branco, com suas 350 mil almas, não haja ao menos mil pessoas dispostas a prestigiar um pretenso festival de rock.

Alguma coisa está errada, a começar pela escolha do Mamão Café, sede do Chora Viola, isto é, o túmulo do nosso malgostoso cardápio musical, que faturou mais uma vez com a venda de ingressos e bebidas.

Os ingressos custavam R$ 15. Havia um "passaporte", com venda antecipada, que dava direito, por R$ 20, às duas noites.

De positivo, o intercâmbio entre músicos, produtores e jornalistas, que participaram de debates e oficinas.

As duas noites do Varadouro serviram para constatar que já fomos mais felizes com nossos arremedos de Woodstock - aqueles festivais na República Livre do Amapá, na beira do rio, no começo dos 80, que eram instigantes, produtivos e participativos.

Para ser de fato um festival e contar com o apoio dos cofres públicos, o evento necessita ser repensado e realmente organizado para atrair o povo.

A música é sempre derrotada quando não há audição ou audiência. Os roqueiros da cena independente de público não podem afirmar que o Varadouro neste ano foi "ducaralho".

Clique sobre a foto no alto para constatar o público reduzido no melhor momento do festival: a apresentação da banda mineira Porcas Borboletas, na madrugada de domingo.

23 comentários:

Anônimo disse...

Essa foi a primeira edição do Festival Varadouro que participei. É verdade que a produção e escolha das bandas merecem parabéns, até porque em um festival podemos ver de um tudo. Mas na escolha do ambiente, o Mamão Café, que a organização pecou. Pelo renome do evento, eu esperava ao menos que fosse ao ar livre, amazonicamente falando.

Anônimo disse...

Estive lá. Não acredito que o Estado tenha gastado mais de 100 mil naquilo. Com raríssimas exceções vi muita merda. A merda daqui melhor. Viva o festival do amapá.

Anônimo disse...

Altino, recebemos suas críticas da melhor maneira possível, mas o público não foi ínfimo como você coloca, havia muita gente lá, é melhor esperar os dados de fechamento de público para termos certeza de quantas pessoas havia no espaço. Um adendo: só uma parte da bilheteria era do Mamão Café, que também teve custos e é bom salientar que o festival não foi financiado exclusivamente com verba pública. Outra coisa: nenhuma das bandas que se apresentou merece a "lata do lixo cultural"; você pode até não ter gostado de algumas delas, mas aí você estará incorrendo em um subjetivismo nada saudável em se tratando de crônica musical. No mais, suas observações são sempre pertinentes, seus apontamentos serão levados em consideração para a organização do próximo ano. Grande abraço!

Anônimo disse...

Meu caro visconde dos buritizais, se Rio
Branco não estivesse tão perto do meu do
meu cora�ão,e tão distante do meu saldo banc�rio,juro que teria ido e levado meu filho Jan, para assisitir o varadouro
festRock. Aproveitaria para dar o meu
abra�o nos meninos PORONGUENTOS, e
depois sairiamos para nos embriagar de m�sica e de poesia em qualquer canto da
beira do rio... O putanic fica quase defronte da secular gameleira, onde tambem tem o bar do Gracil.
Visconde,tem coisa melhor que falar de musica,poesia,
ouvindo gracinhas,entre umas e outras, dizendo gracinhas,olhando as gracinhas que passam impunemente nas cal�adas...
Portanto visconde, não ultrapasse os limites da intoler�ncia, não seja cruel.
O Acre ainda não tem tradi�ão pro tipo de festa, pro tipo de rock. Uma semente foi plantada, e vale a pena esperar.
Não broche os meninos !
Aplique-lhes uma inje�ão de �nimo na jugular, que talento lhes sobra.

Um abra�o amaz�nico e ducaralho

Sergio Souto

Anônimo disse...

Caro Sérgio, tenho feito isso que você sugere, mas ninguém está imune à crítica e a minha haverá de ser considerada. Aliás, o Daniel Zen entendeu o espírito da coisa melhor do que você. Um abraço

Anônimo disse...

Eu Não ví o festival. Fiquei horas esperando público e bandas até que passei mal e voltei pra casa... achei melhor não me envolver na bebedeira que acompanha esses eventos... mas o que ví e sentí me deixou mais triste quando lí o blog do Altino. Inacreditável que se tenha gasto "tanto" dinheiro para o fiasco que parece ter acontecido. Enquanto tentamos muitas vezes fazer e até refazer alguns dos festivais do passados e dados como mortos, voltam a vida como novos moribundos... será que mudaram só o nome? sentí isso nos momentos erm que aguardei o início do Varadouro... Cena idependente é o Pia tentanto vender um CD e mendigando um "espacinho" junto a qualquer novidade. Ainda bem que minha intuição não me deixou passar pelo vexame de ver meus velhos amigos da 6 de agosto relembrar o nosso passado em novas bandas que os filhos, sobrinhos e amigos tocam... liguem não isto é insolito... como cada palavra das letras... a vida não se resume em festivais.

Anônimo disse...

Não esperei pra ver... minha intuição me dizia que algo não ia bem... e sentí isso em mim. fui mais cedo pra casa e não voltei pra ver o festival que tava demorando. Não é possível que tenha custado tanto... Nunca tão poucos deveram tanto a tão poucos.
Nem deu pra comprar um CD do`Pia que "mendigava" uma participaçã...zinha junto de qualquer outra novidade. No mais a alegria dos amigos da seis de agosto ao irem aplaudir os filhos, sobrinhos e amigos que agora fazem parte desta nova trilha na florsta que parece ir dar em nada. não é maledicência, é o o insólito como as letras... a vida não pode se resumir em festivais.

Anônimo disse...

Visconde, My sweet visconde.
Li e reli o comentário do Daniel Zen,de cima prá baixo, de baixo prá cima, pros
lados,e conclui que ele só foi gentil,
cauteloso e educado, apesar de muito PÊ
da vida. Por falar em "espirito da coisa
quando è que o Toinho volta ?

Sergio Souto

Anônimo disse...

Altino, me lembro da primeira edição do Festival Varadouro e para mim, já representou bastante que uma segunda edição tenha acontecido. Acredito na proposta do festival, mas está claro que o formato ainda não é o ideal. Gostaria de acrescentar crítica à escolha das bandas, intimamente relacionada ao que os organizadores gostariam de ver e ouvir, porém distante do público. Talvez pq público e organização se confundam, mas é necessário considerar a heterogeneidada da socidade acreana e invariavelmente na cena alternativa - que pode estar se afastando do significado dessa terminologia, no sentido da palavra.
A matéria da revista está muito boa e foi lamentável a ausência da entrevista com o governador. Concordo com repórter, Carol é a melhor intérprete e Caricatus a banda acreana mais empolgante.
um beijo

Anônimo disse...

A gente do teatro pra fazer festival tem que concorrer na lei de cultura. Os boizinhos do rock chapa branca nem se preocupam com isso, o seu tá garantido é esse o preço da chapa.

Anônimo disse...

Essa é apenas a segunda edição do festival, e já senti uma evolução em relação ao evento do ano passado. Acho que o festival só deve crescer nos próximos anos. Também acho que o público poderia ser maior, embora atrair gente pra eventos de rock numa cidade onde o brega/calypso e cia dominam seja sempre difícil. Mas creio que haviam mais de mil pessoas sim, levando-se em conta que ano passado o público estimado foi de 1.500*, e neste ano, visivelmente, haviam mais pessoas, pelo menos no segundo dia. E, mesmo que o público não tenha sido tão satisfatório, é preciso levar em conta a importância da iniciativa, tão rara por essa região, o incentivo à música autoral no Acre, que agora conta com um espaço para se projetar nacionalmente, e também a presença de uma parte da imprensa especializada do país, que certamente trará visibilidade lá fora, não só para o estado, mas também para o rock acreano e as bandas daqui. Também não gostei de algumas bandas, mas havia música para todos os gostos (dentro do rock), e seria egoísmo meu querer um festival só com bandas que me agradassem. E, por fim, algo que pode aumentar o público no ano que vem, é tentar trazer alguma banda mais conhecida, o que acontece em outros eventos do Circuito Fora do Eixo e da Associação Brasileira de Festivais Independentes. Embora bandas excelentes tenham se apresentado, quase todas eram desconhecidas pelo público local e, para se fazer uma divulgação realmente boa, seria preciso ter ao menos um nome "de peso" entre as atrações.

Anônimo disse...

"O rock errou!", já dizia Lobão. E se gastou tanto dinheiro público assim pra tanta pouca gente, cem mil reais, continua errando.Nem a Funai local gastou essa grana toda para assistir decentemente os índios no Acre e sul do Amazonas. Por falar nisso o presidente da Funai gastou mais do que o dobro disso, 250 mil reais, só em passagens aéreas e em suas diárias pra Europa, USA e o Rio de Janeiro, locais onde supostamente vivem muitos índios brasileiros... Abaixo o desperdício com o dinheiro da viúva alegre. Txai Terri.

Anônimo disse...

Enquanto os ditos boyzinhos do rock "chapa branca" se acharem os representantes do rock acreano vai dá nisso.Não adianta botar culpa em calypso,o fato é que elizar o rock ninca foi uma boa proposta.Eu por exemplo,cansei das babaquices de alguns e não frequento mais esses eventos.Se eu gostasse de admirar gente que se acha "tocada por Deus"seria evangelica.Com tudo eu fico com o bom e velho Pia Vila,que é a cara do rock acreano.

Anônimo disse...

Enquato o rock acreano for "comandado"pelos boyzinhos "tocados por Deus",vai ser esse fiasco com o dinheiro público.Eu que já fui apreciadora desses eventos tô fora,é "boyzisse"demais para o meu gosto.Não adianta botar a culpa no calypso...Humildade também pode ajudar,por enquanto eu fico com o bom e velho Pia Vila que é cara do rock acreano.

Anônimo disse...

Altino, de vez em quando passo por aqui pelo seu blog. E embora nem sempre (a maioria das vezes) eu não concorde com suas opiniões, costumo achá-las pertinente e saudáveis para uma discussão democrática. Mas dessa vez acho que você pegou pesado. Investi 20 reais para comprar o meu passaporte para as duas noites de festival e não me arrependi. Tive a oportunidade de escutar bandas maravilhosas (nem vou citar porque foi a maioria). Algumas, claro, também não curti. Mas aí eu aproveitei a deixa para andar e conversar com essa turma toda que veio de fora, trocar idéia, e-mail, contatos, conhecer suas produções. Acho que em relação ao público, esse é um processo lento. Lembro-me que nos primeiros shows do Los Porongas pouquíssimas pessoas assistiam e ninguém entendia a proposta da banda. Hoje, eles atraem fãs e recebem elogios não só daqui, mas de vários críticos da cena nacional (quem acompanha um pouco sabe disso). As música têm propósito. Quando escuto "Porque eu não quero ficar aqui, enquanto uns dormem", para mim representa muito. Além disso, acho que o público foi suficiente! Na minha opinião, o investimento é válido sim! Projetamos o Acre dentro de um circuito independente e isso não pode ser considerado pouca coisa. Enfim, gostaria de aproveitar para registrar meus parabéns à turma que organizou o festival. E Sílvio Margarido, insólito é o seu comentário. Essa trilha da floresta vai levar o Los Porongas e outras bandas ainda muito longe. É aguardar para ver!

Anônimo disse...

Do jornalista Humberto Finatti, que falou comigo durante o Varadouro, pensando que eu fosse o dono do Mamão Café:

"Atual vice-governador do Acre e também Secretário Estadual de Cultura, o governador eleito foi artista plástico quando jovem (ele ainda é muito novo, tem 43 anos de idade) e sempre participou ativamente da cena cultural acreana. Fã de rock'n'roll desde adolescente, dá total apoio ao Varadouro, inclusive contribuindo com verba pessoal para a realização do festival - seria ótimo se em São Paulo tivéssemos um governador assim, mas o histórico do futuro ocupante do Palácio dos Bandeirantes é a de ter fechado várias casas noturnas quando estava na prefeitura da capital paulista, além de estar envelhecendo mal, muito mal, com um conservadorismo e reacionarismo em seu comportamento incompatíveis com o passado de alguém que foi de esquerda, perseguido pela ditadura militar e exilado político".

Anônimo disse...

- Altino, li com muito respeito todos os pontos citados, creio que serão de muita utilidade em nossas reuniões pós-festival. Estou te mandando um e-mail com algumas considerações, já que o Blog e a Aquiry foram parceiros na realização do evento;
- Silvio, cara! Lembro-me de uma vez, quando eu tinha seis anos, meu pai me apresentou a você como um grande músico, e eu fiquei maravilhado com isso, pois sempre me liguei nisso. Hoje, sonho com uma série de caminhos para boa música acreana, e queria ver esse Silvio Margarido ainda referência para a galera de hoje, o que é difícil de acontecer, por uma série de motivos. Espero que o futuro não me reserve o mesmo. Com relação ao Pia, vamos marcar uma conversa. Acho que você está muito mal-informado sobre nossas frequentes tentativas em ajudá-lo;
- Terri, é muito triste ouvir um comentário desses de quem eu e o Diogo sempre citamos como influência no que se refere a desbravar os Varadouros do Acre. Já li e reli a história da CPI centenas de vezes, sempre maravilhado. Já fizemos até música sobre você. Quero muito que conheça a nossa história mais a fundo, antes de classificar como desperdício. Mas ainda te admiro muito, muito mesmo.

Anônimo disse...

Não participo da "cena rock" nem do Acre nem de lugar nenhum. Poderia ter sido público do festival, preferi não ser. Não quero comentar sobre o festival, quero comentar sobre a pouca humildade dos rapazes aí no que se refere a receber as críticas, imprimir, fazer um quadro e aprender com elas. As pessoas que os têm criticado até agora são pessoas que fizeram a estrada que vocês trilharam até agora. Não foi de graça que vocês chegaram até onde estão. Talvez seja o mau hábito, por terem conseguido tanto espaço junto às fundações e emissoras do governo, em detrimento até de outras pessoas que não conseguem sequer chegar perto dos estúdios das rádios e tvs onde vocês constróem os seus nomes usando o que é público. Baixem a bola, melhor pra vocês.

Anônimo disse...

Discordo do Hermington. Acho que os "meninos" estão aceitando até bem as críticas. Se fosse comigo, no tempo em que eu era "menino", sairia logo na porrada. Foi assim que nossa tropa, (que inclui Altino, Sílvio, Terri e outros que deixaram saudade) abriu caminho: fazendo eventos para poucos, como os improvisados shows Boca da Noite, no teatro de arena do Sesc, e descendo a lenha em quem tivesse a ousadia de nos censurar. Quanto ao "dinheiro público", bem, não acho que 100 mil sejam uma grande coisa, especialmente quando comparados ao que o governo gasta patrocinando a festa do boi que é a Feira Agropecuária, mas deve haver uma avaliação e uma prestação de contas. Se é público, é público -mesmo com pouco público.

Anônimo disse...

Aviso à criatura que assinou um comentário como Talita Oliveira: cria um blog para publicar as suas asneiras. Como aqui eu mando, sinta-se censurada.

Anônimo disse...

facista eim..

Anônimo disse...

Vivian: fascista é assim que se escreve. Estuda?

Anônimo disse...

Altino é quase um discípulo de Hitler. Vocês deviam é agradecer por ele apenas censurar seus comentários. Ele podia jogar vocês na câmara de gás.